quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A falsa base moral da sexualidade cristã.



Toda moralidade, a priori surge na sociedade por uma questão de ordem e não de mérito. O merecimento ou censura, punição ou premio vem como garantia do cumprimento das leis morais e sociais que visam unicamente a paz e tranqüilidade de um grupo social. Nem uma lei deve ser obedecida por medo ou por recompensa, mas pelo valor do bem estar geral que a execução dela proporciona. Esse é o principio básico de uma moralidade saudável.

Mas tal principio, justo, racional e razoável não é, e não foi suficiente até agora para frear as paixões humanas, que são movidas por desejos cegos e não por reflexões de valores. Precisando assim de se impor medo ou recompensa para se poder promover o beneficio geral do grupo social das quais estas pessoas estão inseridas. Pois como o ser humano é movido, mais pela força do instinto do que por valores morais, estes meios se tornaram necessários.

Assim com medo da punição e visando o beneficio da obediência o cidadão de uma civilização ou seguidor de uma religião pautou até agora seu motivo maior de obediência e renuncia não por buscar necessariamente o bem geral do cumprimento da lei, que é o motivo da existência da moral e legislação, mas pelo benefício próprio de sua obediência. Criando assim uma moralidade com base em recompensa e punição e não de valores humanos e sociais.

Com base neste pressuposto falso de moralidade, foram fundadas religiões e filosofias, sendo a mais conhecida das antigas, o estoicismo filosófico que valoriza a obediência pelo valor próprio da obediência e não pelo benéfico do cumprimento geral que as leis visam promover. O estoicismo enaltece o direito pelo direito a honra pela honra e a dignidade pela dignidade e não a felicidade e valor do ser humano beneficiando que deveria ser o alvo principal do direito.

Como o animal homem não é regido por estes valores essenciais, por ser um ser egoísta irremediável por natureza, governos e religiões dominaram os homens com base na moral de benefícios e perdas que é o que o homem deseja e teme. Pois tentar fazê-lo obedecer com base na reflexão do valor da existência e do motivo da lei, não é e nunca foi sugestivo e instigador para a obediência dos indivíduos de um grupo social. Com esta base superficial e equivocada o cristianismo também criou sua moralidade e principalmente sua moral sexual.


Esdras Gregório 10/02/11

Passo agora a tratar neste ano e no meu blog de forma mais ou menos ordenada quase que somente de um tema só: sexualidade a-religiosa. Começando a desconstruir a moral sexual do cristianismo analisando suas fontes sagradas, para estabelecer uma moralidade secular com base no naturalismo filosófico e na tese do direito e responsabilidade sexual adulta.

3 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Penso que deve-se distinguir a moral do cristianismo da obediência bíblica. Nesta, o homem obedece por fé, crendo na Torá (instrução) e que Deus quer o melhor para a sua vida.

Refletindo sobre o "não adulterarás", posso compreender que, se um homem tem um relacionamento com mulher casada, ele contribui para a desestruturação de uma família e provoca uma separação com consequências nocivas sobre o psicológico dos filhos do casal. E sem falar no pecado contra o seu próximo que é o esposo traído.

Se os relacionamentos forem movidos só pelo desejo, a família se rompe. Além do lar se fragilizar, as pessoas acabam vivendo sem compromissos. Tudo passa a ser só paixão, mas esta um dia acaba e, nas primeiras dificuldades, aquela relação alicerçada em solo arenoso, tende a se desestruturar.

AInda assim, nem sempre o entendimento acerca da finalidade do mandamento é assimilado de imediato, pois há necessidade de que o homem experimente primeiro a sua prática para que, finalmente, possa conhecer a Torá.

Infelizmente, nem a moral cristã e muito menos a estóica, que é grega, conduziram o homem ao nível da Torá, diferentemente do Cristo que é a própria Torá encarnada e vivenciou o mandamento em sua essência, praticando o amor.

Aplicando o amor (ágape) ao comportamento sexual, pode-se concluir que este diferencia-se de paixão e de eros. Aliás, eu até relacionaria eros com paixão. Mas o ágape, que não descarta o eros, torna-se o verdadeiro alicerce sobre a rocha de um relacionamento capaz de sobreviver às tempestades. Isto porque, havendo amor entre os cônjuges, até o sentimento é submetido quando se torna contrário à união do casal.

Esdras Gregório disse...

Agora sim, também concordo que a moral do velho testamento e melhor do que a do cristianismo. Não necessariamente a moral da torá, mas a moral no sentido geral dos personagens, visto que a lei foi dada depois de muitos acontecimento e homens importantes viverem sua historia. Isto tudo vou analisar para triturar a moralidade doentia do cristianismo com base na moral pratica e natural inteira do velho tentamento e não somente na tese da torá.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Gresder, mas insisto em ponderar que o NT se diferencia da moral do cristianismo. E quando, falo em cristianismo, refiro-me à religião que foi construída a partir do século II da E.C., com os povos helenizados predominando sobre uma minoria judia, bem como trabalhando conceitos de uma filosofia grega. Logo, o estoicismo entrou para dentro do pensamento eclesiástico.

Em síntese, o Novo Testamento baseia-se na essência da Torá: o mandamento do amor.

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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