quarta-feira, 2 de março de 2011

A inferioridade da moralidade cristã.


Pelo contexto de cada uma a moral sexual dos judeus é muito superior aos do cristão primeiro por não ser construída com retalhos de influencias de uma sociedade complexa e pronta como a que os cristãos estavam inseridos. A moral dos judeus é legislativa, e foi construída como lei social de uma sociedade basilar e federativa, e não como filosofia de vida de uma crença privada de um povo situado no meio de uma sociedade homogenia.

Os legisladores judeus ao formarem as leis morais de sua nação emergente, não receberam influências ideológicas de grupos de filósofos ou de crenças religiosas de seitas partidárias, mas fundaram sua moral com profundas bases legais como faziam as grandes nações poderosas e prosperas de sua época. Toda a sua influencia vem do modo federativo de governar

Não existe em nem uma passagem dos escritos judaicos referencias aos instintos sexuais como sendo algo impuro, pervertido, mau ou inferior como se encontra nos escritos cristãos e filosóficos dos tempos do helenismo. Eles não receberam tal influência, mas formaram suas leis com solidez legislativas e praticas com o intento de promover uma sociedade saudável.

Religião e governo se fundem num só estado, e o que era pecado para o judeu também era um crime. E crime sempre se pune com o fito de curar a sociedade. E todas as leis sociais existem e existiram até hoje para promover o bem geral. O que era pecado ou crime era por obstruir o andamento normal da sociedade, e não tinha nada a ver com questões espirituais de natureza pecaminosa.

Os legisladores judeus entenderam pecado como algo que pertubava a paz, como ação egoísta de cidadãos que prejudicavam o próximo e não a satisfação de desejos impuros. Não ha referencia alguma a sexualidade como algo inferior ou pecaminoso em si, mas somente como possíveis atos que lesavam o próximo e pervertia a sociedade. Por isso tais pecados eram punidos como crimes e impostos a força de sanção divina.

Esdras Gregório

Escrito em 02/03/11 como parte basilar dos textos coordenados que visam desnudar a moralidade cristã e evangélica em sua fragilidade.

14 comentários:

Levi B. Santos disse...

Os legisladores judeus ao formarem as leis morais de sua nação emergente, não receberam influências ideológicas...

No fundo, no fundo, na história de todos os povos está embutida a tal da influência

Em tudo que se diz e em tudo que se lê, lá está o veredicto de que somos conseqüência do que alguém antes de nós falou ou preconizou.

Somos feitos de restos de pensamentos pensados.

Esdras Gregório disse...

Quis dizer Levi, influências ideológicas helênicas e filosóficas, pois receberam sim influências legislativas, federativas e cientificas das nações anteriores.

Levi B. Santos disse...

Gresder

A história conta que os judeus da diáspora (quase !00 mil) viviam em Alexandria — o maior centro de disseminação da cultura helênica. Já li, que essa comunidade judaica falava o grego e seguia a forma de educação e hábitos culturais do mundo helênico. Mas essa constatação é do século primeiro A.C.

Retroagindo a Moisés, é que temos o registro de que na sua época existia no Egito um deus imposto pelo faraó Akhenaton, como o único e verdadeiro a ser adorado.

Fica a pergunta:

Será que a religião Monoteísta nasceu em solo Egípcio?
Mas aí, a influência egípcia sobre os Hebreus seria de fundo religioso e não filosófico como você se referiu.

Aguardemos o Rodrigo chegar por aqui para dar o seu parecer. (rsrs)

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

"O que era pecado ou crime era por obstruir o andamento normal da sociedade, e não tinha nada a ver com questões espirituais de natureza pecaminosa."


O que posso dizer a respeito é que os judeus, assim como vários outros povos orientais, tinham arraigada a ideia de pecado coletivo. E isto se verifica na Torah, mais precisamente em Bamidbar 25, no episódio de Baal-Peor, onde o ato de um israelita ter trazido para sua tenda uma mulher midianita aos olhos de Moisés e da congregação incitou o zelo de Finéias, filho do sacerdote Eleazar.

Sendo assim, concordo com a primeira parte do que colocou na citação que destaquei acima, mas não me parece que a noção de pecado no Israel antigo estivesse divorciada das "questões espirituais de natureza pecaminosa". Mas, de qualquer modo, até um ato individual podia ser considerado como de alcance coletivo a exemplo do que foi o pecado cometido às escondidas por Acã, ao se apropriar indevidamente de uma parte dos despojos da batalha contra Jericó.

Enfim, o que vejo em relação ao judaísmo primitivo seria a compreensão da dimensão coletiva do pecado.

Já no cristianismo, acabei de lembrar de 1Co 6.18, quando Paulo diz:

"Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade [sexual] peca contra o próprio corpo." (ARA)

Tal entendimento relaciona-se com a dimensão de que o crente é membro do corpo de Cristo e santuário do Espírito Santo

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

"Será que a religião Monoteísta nasceu em solo Egípcio?
Mas aí, a influência egípcia sobre os Hebreus seria de fundo religioso e não filosófico como você se referiu."


Levi,

Eu creio que Israel foi mesmo gerado no Egito, onde não seria possível haver assimilação cultural porque os egípcios não se misturavam com os hebreus e, provavelmente com vãrios outros povos. Por exemplo, a Torah mostra que era considerado abominável aos egípcios comer com um hebreu. E a prática de culto pelos hebreus na presença dos egípcios poderia resultar num apedrejamento, daí a justificativa dada em Shemot 5 ao faraó para que o povo pudesse ir ao deserto adorar ao Eterno.

Já o suposto monoteísmo egípcio pode nem ter relações com os hebreus. Porém, se houve alguma, esta pode ter sido então em termos de cosmovisão, nao necessariamente de religião porque um povo seria bem diferente do outro em termos de cultura.

Uma possibilidade é que talvez houvesse uma disputa política em relação aos sacerdotes de Amon em Tebas. Daí o faraó Amenófis IV (Akhenaton) ter incentivado a adoração a Rá (o Sol) que era uma divindade muito popular entre os egípcios e que lhe daria maiores poderes: a religião junto com a política.

Entretanto, havia no Egito um número variado de divindades cujos sacerdotes estavam associados à antiga nobreza. Logo, as reformas religiosas desafiavam poderes constituídos e resultaram na queda do faraó.

A meu ver, acontecimentos assim deveriam ser comuns nas sociedades politeístas onde havia imperadores com interesses totalitários, de modoq ue articulavam com um ou alguns grupos de sacerdotes de uma determinda divindade contra outros que não lhe interessassem. Em Roma, porém, buscou-se controlar a religião através da figura de um pontífice ao qual os sacerdotes dos outros deuses deviam submeter-se.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Concluindo...

"Em tudo que se diz e em tudo que se lê, lá está o veredicto de que somos conseqüência do que alguém antes de nós falou ou preconizou."


Considerando a existência de um Moisés histórico que tenha vivido nas cortes egípcias, é possível que ele tenha conhecido a astúcia da manipulação monoteísta do Akhenaton. Ou então, que os sacerdotes levitas, na época da composição da Torah (supões-se que no século IX a.E.C.), já soubessem do que tinha se passado na história da maior super potência da época.

Todavia, na história dos hebreus, nem sempre os sacerdotes e monarcas caminharam juntos. O politeísmo no final da vida de Salomão pode muito bem ter sido uma estratégia de enfraquecimento dos levitas e dos nobres descendentes do sacerdócio araônico. Logo, os desentendimentos que podem ter durado toda a dinastia davídica seriam a causa política para o conflito enquanto que a cosmovisão politeísta do povo judeu, com forte vulnerabildiade em termos de assimilação cultural pelos povos vizinhos de Judá, sobretudo na Fenícia e em Israel, compõe o cenário sociológico. Já o Israel separado de Judá busca criar uma religião substituta ao culto em Jerusalém, como foi a adoração ao bezerro de Samaria, afim de que o povo não se voltasse para o monarca davídico.

Dentro desta visão política da religião, penso que talvez possamos buscar compreender a moral imposta aos israelitas nos tempos pré-exílicos que teria sido aplicada a outros comportamentos além da traição a Iahweh.

Levi B. Santos disse...

Caro Rodrigo

Muito interessantes foram suas observações.

Acredito que há um forte ingrediente para se pensar que lá no inconsciente de Moisés devia estar registrada a “imago” desse deus único egípcio, pelo menos, nesse ponto, muito parecido com o que Moisés preconizava para seus seguidores.
É sabido que Akenaton “não permitiu que se fizesse qualquer ídolo de Aton, pois segundo ele o verdadeiro Deus não possuia forma”.

Há a menção de luz ofuscante, na visão de Moisés atribuída a seu Deus. No que tange a Akenaton, ele deu um passo além, pois não adorou o SOL como um objeto material, mas como símbolo de um ser divino, cuja energia se manifestava em seus raios.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Olá, Levi,

Embora já estejamos saindo um pouco do tema proposto pelo Gresder em seu tópico, acho que ele não vai se importar com o nosso debate paralelo.

Eu já havia lido sobre esta versão de que Akenaton não estivesse promovendo a adoração do Sol, mas teria sido o Deus único e verdadeiro que não tem forma capaz de ser vista pelos nossos olhos humanos. Porém, os fatos históricos não deixam de ser obscuros.

Entretanto, pela narrativa da Torah, quem teve a revelação do Eterno foi o patriarca Abrahão. E, considerando este ponto de vista, creio que, apesar da cultura egípcia não se misturar com a cultura hebraica, houve uma convivência entre ambas no período em que os filhos de Israel habitaram o Egito e daí algum intercâmbio.

No início, os hebreus era politeístas, mas creio que foi entre eles que se preservou a adoração a Iahweh, muito embora as figuras de Melquisedeque, Jetro e Balaão sejam capazes de instigar minha imaginação afim de supor que, no segundo milênio a.E.C., existissem outros adoradores/sacerdotes/profetas de Iahweh além dos hebreus.

Sendo assim, é provável que, bem antes do pai Abrahão, o culto a Iahweh já existisse há milênios e foi comum a vários povos em sua origem, mas acabou caindo num esquecimento por causa da idolatria a adoração de outras divindades, criadas com as piores motivações políticas em busca da divisão do poder entre os grupos aristocratas.

Edson Moura disse...

Bom texto!

Abraços Gresder!

Esdras Gregório disse...

Fiquem a vontade Rodrigo, estou com uma preguiça mortal para comentar em blog, mas estou lendo e pode ter certeza que escrevo conforme a contribuição de vocês, mas meus textos vão ser o máximo generalizado possível, (por questão de sistematização de Idea) diferente de seus comentários bem específicos e históricos.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Olá, Gresder.

Considerando que está preparando seu novo texto com base nos comentários recebidos nas postagens anteriores, gostaria de ponderar mais uma vez sobre o que escrevi a respeito da noção de pecado coletivo, coisa que, provavelmente os cristãos primitivos tinham, mas que, nos tmepos atuais (ou de uns tempos para cá), a Igreja no Ocidente perdeu. Felizmente, os orientais e africanos que se convertem a Cristo, bem como os judeus, através da cosmovisão que têm, estão ajudando a Igreja a recuperar a compreensão das consequências coletivas do pecado além da esfera individual.

Abraços.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Em tempo!

Lembre-se também do episódio ocorrido em Corinto onde Paulo exorta a Igreja para que excomungue o homem que havia transado com a mulher do pai, possivelmente a madrasta e não a mãe.

Observe que ali existe uma noção da dimensão coletiva do pecado:

"O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado. Por isso, celebremos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem fermento, os pães da sinceridade e da verdade." (1Co 5.6-8; NVI)

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Levi,

Dentro do que comentamos, eis que, na minha leitura bíblica de ontem, encontrei umas notas de rodapé da BJ que falam a respeito do sogro de José que era sacerdote de Om e se chamava Potifera (ou Putifar), cujo significado é "Dom de Râ" (o deus solar).

"O sogro de José é saderdote de On = Heliópolis, centro de culto solar, cujos sacerdotes tinham um papel político importante. José aliou-se à mais alta nobreza do Egito. Mas esses tipos de nomes não são documentados antes das dinastias XX-XXI. Eles são o produto da erudição do autor." (Comentários da Bíblia de Jerusalém a Gênesis 41.45, letra "c")

Como se vê, há uma relação entre a Torah e o relato a respeito de Akenaton. Logo, pode-se supor, por exemplo, que o monoteísmo de José teria influenciado parte da nobreza egípcia já que o faraó e muitos confiavam nele. Por sua vez, Gênesis 47.13-31 mostra como José aumentou o poder da casa do Faraó, adquerindo todos os terrenos dos egípcios, exceto o terreno dos sacerdotes que viviam às custas do Estado.

Se analisarmos este relato de Gênesis politicamente, veremos que a Torah faz menção de um momento histórico onde houve uma manifesta tendência totalitária do monarca e um enfraquecimento da nobreza em face da casa real. Logo, deve ter se iniciado um processo político que chegou ao nível de um conflito.

Assim, dizer historicamente se foram os egípcios ou ou hebreus quem iniciaram o monoteísmo, não há como provar por meios de outras fontes não bíblicas visto que os elementos são escassos. Mas, como sou um crente, entendo que se a história de Akenaton for verídica, na certa houve uma influência de José.

Talvez os judeus devam ter estudos mais aprofundados sobe o assunto do que os teólogos cristãos.

Abraços.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Em tempo!

O culto ao Deus único, bendito seja Ele, deve ser bem antigo e coexistido com o politeísmo. Porém, quando falamos no estabelecimento do monoteísmo, aí nos referimos mesmo à proibição de outros cultos como houve em Israel e, supostamente, no Egito, como se vê na história do rei Akenaton.

Neste caso é possível que a imposição do monoteísmo possa ter ocorrido anteriormente a Moisés e servido de inspiração para ele ou para os sacerdotes da tribo de Levi. Porém, de acordo com a Torah, teria sido Jacob quem teria enterrado os deuses de sua família debaixo de um carvalho perto de Siquém (confere com Gênesis 35.2-4).

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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