terça-feira, 9 de agosto de 2011

A desmitologização da divindade de Jesus.


O equivoco e a fragilidade da crença Cristã de que o jovem Judeu de trinta e poucos anos: Jésus o nazareno, tenha sido Deus e homem ao mesmo tempo, esta na completa estranheza da possibilidade de um menino Deus. Em como um menino pode ser e se sentir Deus e ser menino ao mesmo tempo. Para se entender quem ele foi e por que se fez dele tudo o que dele hoje se espera, é necessário fazer toda uma trajetória subjetiva e retrospectiva de um homens místicos religiosos desta idade ate a idade de menino.

Pois ate hoje mesmo que nem uma analise a seu respeito esteja isenta de imparcialidade, é necessário se pegar todo o material de informação a qual temos sobre ele e se fazer uma analise subjetiva do ponto de vista de homens religiosos que se encontraram numa situação existencial parecida com a dele. Para analisar as sensações comuns nos grandes que fizera de Jesus um deus, pois se ele foi homem também, então outros homens tiveram sensações iguais às dele, negar isso seria negar a sua própria humanidade de homem que viveu e sentiu como todo homem nesta terra.

Dentre todas as coisas que ele viveu e sentiu e que fizeram dele um deus esta a sua experiência religiosa de dilaceração e re-significação do seu próprio sonho demonstrado nitidamente na narrativa dos evangelhos em que por um momento de um despertar abrupto ele deixa de pregar o reino que viria em gloria para anunciar o reino dentro do coração dos homens.

Tanto como também a sua consciência de uma oportunidade única das combinações das conjunturas culturais e religiosas como fator favorável ao seu chamado, coisa que não só ele como homem sentiu, mas todo grande homem que tinha uma missão também experimentou como uma oportunidade da historia de se fazer historia por ter no coração a sensação de perseguição de um sentimento de destino e a certeza da conspiração dos acasos e incidentes ao seu favor.

Isso, essa sensação de predestinação e assistência divina que grandes homens da humanidade têm, foi muito mais forte, e mais viva nele. E como nos outros, no seu modo de falar e agir vemos também a sua crença de um direito a imunidade moral e a sua distância intelectual dos demais, que se utilizou da crença do povo como seu material bruto de inspiração. Vivendo sua própria fé diferente da do povo numa intuição mística e emocional de Deus, na sua poesia e crença nata do coração, na condescendência para com o povo revelando o Deus escondido no mais profundo da sua psique humana.

E tudo isso como sentiram os grandes reformadores também que assim como ele teve um sentimento de revolta contra a religião, pelo seu amor parcial aos seus, e o seu ódio direcionado a religiosidade que oprimia o homem de sua época. Fazendo deste amor e deste ódio no seu coração um sentido para viver e lutar, pois sua revolta contra a religião também lhe dava em troca uma sensação psicológica de perseguição que o fazia ter previsão da sua morte por esta sensação.

Sentimento este comum em homens na mesma circunstância que ele, que teve a intensificação da sua vida nos últimos momentos, impregnando nele o anseio comum dos grandes de imortalização pela morte, na escolha entre morrer ou matar para vencer, se entregando a morte trágica de mártir como espetáculo e incisão na memória, nos sonhos e na linguagem mítica dos discípulos, pela força humana e a presença indelével do seu espírito no meio de todos aqueles que sentiram a incapacidade das palavras de relatar os sentimentos causados por ele, relatados em forma mítica e no seu endeusando como desenhado nos evangelhos.


Esdras Gregório


Primeiro texto de uma serie de desmitologização da divindade de Jesus.


7 comentários:

Esdras Gregório disse...

A serie sexualidade a-religiosa ainda continua com mais uns quatro textos restantes, só que nos intervalos do texto desta nova serie de desmitologização da divindade de Jesus. A começar com o próximo texto intitulado: A estranheza de um menino deus.

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz disse...

Gresder,

Você já pensou na possibilidade de que o sacrifício de Jesus possa ter sido bem diferene do que se encontra escrito nos evangehos?

Teria o Sinédrio se reunido para julgar Jesus nas vésperas de um feriado Santo como o Pêssash?

Pilatos iria dispensar tempo para interrogar prisioneiros e dialogar como consta no Evangelho de João? Ou o julgamento e a execução de Jesus e de outros prisioneiros não teria sido algo bem sumário?

A causa principal da morte de Jesus não poderia ter sido o tumulto ocorrido no Templo quanto ao comércio dos vendedores de animais e de cambistas?

O que teria levado Jesus a um auto-sacrifício, considerando que tal ideia não se contrapõe ao desejo de viver expresso pela Torá judaica e do homem cumprir todas as etapas finais do seu ciclo existencial (reproduzir, envelhecer e morrer)?

Ao que me parece, há um excesso de mitologização criada por parte da igreja em relação à sua morte e isto teve um objetivo específico e lógico conforme a tenebrosa história do cristianismo.

Sabe-se que muita gente morreu por diversas razões e parece não ter havido consenso dentro do cristianismo sobre os sacrifícios humanos. Enquanto alguns irmãos adeptos do gnosticismo defendiam o relacionamento direto com Deus (sem a intermediação de autoridades), bem como a introspecção como um elemento-chave da experiência da fé, os intransigentes "Pais da Igreja", tais como Inácio de Antioquia, Justino de Nablus, Irineu de Lyon e Tertuliano, defendiam a necessidade do martírio como o perfeito modo de testemunho. E houve também aqueles que optaram por dissimular perante as autoridades romanas e retornando corruptamente ao ministério eclesiástico.

E deve ser considerado que o martírio de qualquer pessoa seria incapaz de se tornar uma garantia de remissão de pecads porque isto significaria não depender mais da graça divina e sim de si próprio, de seu auto-esforço em suportar a tortura até a morte.

Com o tempo, o auto-sacrifício foi virando não só uma moeda de troca por supostas recompensas celestiais como também virou um intrumento proselitista em que líderes da igreja alimentavam o entusiasmo das pessoas por novas conversões como sendo um paradigma de santidade. E assim, foi-se alimentando um tipo de narcisismo beatífico, um passaporte para a glória celestial capaz de gerar os mais absurdos fanatismos em prol da instituição.

Depois que o cristianismo tornou-se a religião oficial de Roma, os católicos continuaram propagando a idealização do fanatismo autossacrificatório através da vida monástica e celibatária. Dentre as penitências praticadas nos monastérios estavam a renúncia ao sexo, o jejum excessivo, os castigos auto-impostos, a privação de sono e até mesmo a auto-flegelação. Tanto é que, segundo Marcário, o Egípcio (século IV), o monge perfeito seria alguém disposto a se torturar de todas as formas possíveis...

Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz disse...

Em tempo!

Mesmo após a reforma protestante, poucos ainda são capazes de ver que, dentre os que se entregaram ao auto-sacrifício durante as perseguições romanas, também estavam pessoas orgulhosas na busca por uma santidade doentia, na expectativa de ganhar uma eternidade premiada e alimentando uma egolatria ou senão estavam baseados num sentimento doentio de auto-desprezo. E aí, como foi bem colocado em 1ª Coríntios, através destas palavras atribuídas a Paulo, "ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará" (1Co 13.3; ARA).

Esdras Gregório disse...

legal Rodrigo, você esta vendo o tema sobre um ponto de vista objetivo, e eu de um ponto subjetivo, tem informações sua que eu não sabia, não sabia mesmo.

Josa Medeiros disse...

Bem, atrevo-me a pensar sobre a ousadia de Paulo, segunde ele apóstolo de Cristo, em sua cavalgada rumo a Damasco...A esmeralda do deserto .. que loucura é essa? Ouvir vozes, cair do cavalo, uma luz incomum, escamas nos olhos, três dias inerte, sem comer nada, apesar do contexto significativo religioso... não parece que esse cara bebeu água de cactos do deserto? existia peyote em Damasco?

Jbosco disse...

Jesus foi um homem sensacional que viveu poucos anos e convenceu muita gente com seus exemplos de vida e ensinamentos. Porém uma coisa que sempre fui contra é o que a Igreja Católica prega, que Maria é mãe de Deus. Jesus mesmo se chamava filho de Deus. Muitas vezes se referiu ao Pai. Como então Maria que foi mãe de Jesus pode ser chamada de mãe de Deus? Quem puder me explique por favor.

Esdras Gregório disse...

Mae de Deus, por que dizem que jesus era Deus, logo ela é mae de Deus rsrs

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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