quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cosmologia antiga



Meu Deus! Não é possível que a nossa mentalidade judaica dos tempos da antiguidade clássica faça com que inconscientemente a gente acredite que essa imensidão de universo criado por Deus seja apenas um pano de fundo (fachada) para o drama da redenção humana onde unicamente nós, somos os protagonistas.

A visão do céu ainda é daqueles tempos em que não se tinha conhecimentos astronômicos como os de hoje. É claro que o céu não tem nada a ver com cidade de ouro e muros gigantescos conforme a narração simbológica e característica do apocalipse. Assim foi revelado pela incapacidade natural daqueles homens de Deus, vislumbrarem mais além.

A vida eterna tem algo haver com toda essa imensidão de galáxia criada por Deus e que conseqüentemente podem existir vidas, sistemas e reinos monumentais, sustentados pelo Criador e escondidos dos óculos humanos. Não que a visão cosmocentrica de uma era, cientifica atual ou mítica medieval, possa determinar a realidade além-túmulo, mas que é decisiva para apontar e sugerir segundo a nossa concepção cosmológica, como seria.

Definitivamente a revelação esbarra na capacidade de compreensão de uma época. Se não fosse assim, seria registrado que foi a terra (erradamente entendida como centro do universo naqueles tempos) que parou e não o sol. Além de termos uma palavra sobre os gigantescos animais que viveram neste planeta em épocas imemoriais, coisas que a “bíblia” ainda não sabia. (ou foi o diabo que fabricou e espalhou essa ossada toda? rsrsrs)

E mais ainda! A revelação esta “amoldada” aos anseios e símbolos afetivos do coração, visto que se os autores não fossem os judeus que amavam Sião sua terra natal, a cidade celestial não seria Jerusalém (que de santa nunca teve nada), mas talvez Roma, Alexandria ou Atenas, isso conforme o patriotismo dos eventuais eleitos e portadores da Revelação.

Esse entendimento “mitológico” sobre terceiros céus tão enraizados no pensamento dos cristãos fez com que muitos zombassem da vida no céu, desprezando a imortalidade da alma. Mas como tal desprezo vem das implicações morais de crer na vida eterna, eles irão realmente se decepcionar ao ver no grande Dia do Juízo que a eternidade é exatamente tudo o que eles queriam e nunca vão conseguir nesta vida: desbravar esse universo colossal e magnífico.

Particularmente para mim, que sempre fui modesto quanto aos bens e propriedades materiais, mão vou querer muito não, apenas um planetinha no interior de uma galáxia subdesenvolvida, para eu poder tranqüilo (longe dos salvos da linha teológica ortodoxa e doutrina legalista) paquerar sereias e caçar leviatãs.

Gresder Sil

14 comentários:

Eduardo William disse...

Ora essa! Eu também não espero e não concebo nada do tipo apocaliptico, sequer a questão do arrebatar ou viver mais tantos anos aqui neste planeta... Se os mortos dormem, ou passeiam com Deus ou o Diabo, se Elias e Móises erram por essa galáxia ou por outra não me importa!!

Minha mente concebe somente o que é possível: o Deus desconhecido pelos mortais cristãos e pagãos de todo mundo uma hora se "levantará" e julgará aqueles que estão em consonância ou não com o espírito / Espírito dEle! O futuro é algo que não me "perturba", já que estar ao "lado" ou mesmo de volta ao útero divino a mim não faz diferença!

O que importa é estar pleno, imerso, inserido(ou não) Nele, que dá sentido ao existir e o conviver com os outros, depois que o conhecemos e faz valer a pena esperar pelo que quer que for acontecer daqui a 20, 100 ou mais 1000 anos sob a face da Terra!

Agora, quanto aos ortodoxos, aos liberais, aos mais-ou-menos, os que estão mais-pra-lá-do-que-pra-cá, aos que descrucifixam o nazareno para cremá-lo e espalhar as cinzas no quintal, aos que só meditam e contemplam a "coisa" chamada Cristus, aos que oram a santos que deslizam em púlpitos, aos que fizeram um novo deus para si mesmo, se estarão comigo ou não estarão... Isso não me compete!!!

Abraço fraterno!

Marcio Alves disse...

Prezado Gresder Sil, obrigado pela sua ilustre participação em nosso blog.

Seja sempre bem vindo, para concordar ou discordar de minhas frágeis idéias.

Observo que temos alguns pontos em comum. (Não dá pra falar “todos”, pois estamos nos conhecendo ainda)

Também não faz sentido algum pra mim, um inferno de fogo preparado por Deus, para queimar os “ímpios” eternamente.

Como também não faz sentido a interpretação fundamentalista de um céu apocalíptico literal – como bem analisou você, nessa excelente postagem.
Acredito, que tanto céu como inferno são uma simbologia.

Jesus disse que o inferno paradoxalmente é de escuridão como de um fogo que nunca se apaga. Pergunto: Se tem fogo, como é que tem escuridão?

Outrossim, não sou nem pré-meso-pós-tribulacionista, nem acredito no juízo literal apocalíptico. Para mim, faz sentido a descrição do apocalipse, como uma destruição humana da terra. Somos nós – e não Deus – quem esta destruindo o planeta terra.

Até porque, a lógica é a seguinte: Se esse mundo esta irremediavelmente amaldiçoada por Deus, e logo, Ele nos virá arrebatar para levar aos céus, então não faz o menor sentido lutar por um mundo melhor. Digo mais, se tentarmos mudar o mundo, estaremos em rebeldia contra Deus, pois afinal de contas, foi Ele quem amaldiçoou.

Perceba que essa lógica dos fundamentalistas é sem lógica, ou pior, acaba por anestesiar os que assim crêem.

Mas enfim, acho mais fácil, certo e humilde – até por uma questão de dedução – dizer em que nós não acreditamos e aceitamos.

Até porque, umas – das muitas – questões mais complexas, para alguém bater o martelo, são as escatológicas.

Entre o que pode ser e o que realmente será, existe um abismo gigantesco.

Por hora toda e qualquer teologia, tem que reconhecer sua fragilidade e limitação, e admitir que o que nós temos, são apenas percepções.

Como disse Shakespeare: “A mais coisas entre Céu e terra, do que pressupõe nossa vã filosofia”

Parabéns pelo blog!
Um grande abraço.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Edson Moura disse...

A Paz do Senhor Gresder Sil, fico feliz em saber que conseguiu captar a cerne do artigo, é justamente este o meu pensamento.
Assim como você também não posso provar esta teoria, pois faz parte da história da Igreja católica medieval e acabou ficando como herança para o protestantismo. Mas creio nessa lógica "até os ossos".

Quanto ao seu artigo, acho que o Márcio conseguiu expressar tudo, então eu fico com a parte mais fácil que é "assinar em baixo"

Um abraço amigo!

Ps. Gostei muito dos seus artigos, e vou ler a todos.

Anônimo disse...

Prezado Gresder

Sobre alguns comentários e o texto, digo que há coisas que estão completamente fora da nossa capacidade de compreensão. Não é nem um pouco difícil de concordar que o nosso cérebro é limitado, ou, se queiram, que somos capazes de usar apenas cerca de 10% dele. Entretanto, querer condenar à inexistência o que não sabemos "ler" ou "interpretar" é de uma estupidez monumental. Muitos juizos de valor acerca da Bíblia e do próprio Deus são baseados apenas na lógica humana. Mas o que não compreendemos; o que nossa mente julga ser impossível, de fato existe para Deus. A esta crença em outras lógicas, em coisas que não podemos ver ou explicar em termos humanos é que denominamos "fé".

Se tentarmos explicar Deus somente com a nossa lógica, perderemos a fé. "Sem fé é impossível agradar a Deus" (Hebreus 11:6), justamente porque ele não pode ser capturado pela nossa lógica. Aceitemos o que o Espírito Santo inspirou os homens de Deus a escrever, mesmo que muito daquilo se baseie numa lógica "irracional" para nós. Deus não pensa racionalmente, Ele pensa divinamente.

Abraço deste seu amigo.

Esdras Gregório disse...

Marcio e Edison, pode ter certeza que sempre vou ler e comentar os post de vocês, pois eu só sigo os blogs que realmente me entereçam comentar e ler.

E aproveitando a ocasião recomendo a vocês e ao Isaias, Eduardo Medeiro, Levi e outros a comentarem em blogs espíritas esotéricos e tantos outros,(Magus faber, Sem religião etc.) pois existe um campo missionário imenso diante de nos, e por mais que sejamos “liberais” ou “ortodoxos” sabemos que a vida eterna com Deus (no terceiro céu ou nas galáxias) só vem através do evento que aconteceu naquela cruz.

Esdras Gregório disse...

Isaias fiquei muito feliz por você não ter se ofendido com a brincadeira no final do post em relação aos ortodoxos.

Mas o último parágrafo reflete a minha convicção de que milhareis de “legalista” e fundamentalistas estarão comigo na eternidade.

Saiba que eu acredito também na inspiração dos livros da bíblia, apenas interpreto o apocalipse alegoricamente, e não creio que o cânon sagrado esta fechado, ou seja: a Palavra esta sendo escrita ainda por todos aqueles que fazem parte da continuação do livro de atos.

Estava relendo os seus comentários (pois foi lá que me interessei por seu blog) no texto polemico do púlpito cristão e apesar de na opinião eu pensar igual ao Leonardo, a sua postura lá foi melhor do que a da maioria. Coisa que eu senti dês de que leio seus textos ininterruptamente, ate mesmo os que eu não comento.

Pois pra mim mais importante que a linha teológica de uma pessoa é a fé sincera, coração honesto e amor não fingido, que são coisas que você deixa transparecer nos seus textos.

Anônimo disse...

Lisonjeado, Gresder. Abraço.

Eduardo Medeiros disse...

Gresder, meu amigo, nessa tu viajou legal...rsss

Evidente que a apocalíptica está cheio de símbolos, mitos, códigos. De que forma se poderia falar do drama cósmico se assim não fosse?

Da minha parte, não sei absolutamente o que virá do lado de lá. Só acredito que estarei no lado de lá. Como não creio em juizo final, arrebatamento, e outras coisitas apocalípticas, não sei mesmo.

Mas gosto muito da ideia hinduísta de ser um com Brahama...ops, com Yahvé. Ou chegar ao nirvana budista onde todo desejo não mais será impecilho para o ser. Ou mesmo o céu cristão, onde vou cantar num lindo coral regido pelo arcanjo miguel, morarei numa mansão majestosa, andarei pelas ruas de ouro, pularei os muros de cristal.

Aliás, pensando bem, a turma da teologia da prosperidade está em plena sintonia com o céu cristão, visto que ele é feito de coisas materias bem valiosas rss

Mas adorei o teu desejo de ter um planetinha onde paquerarás alegremente as sereiaszinha e caçarás, impávido, leviatãs. Fantástico!!!

abraços calorosos

Esdras Gregório disse...

Cumé? “ser um com o Brama?” to fora!!!

Meu negocio não é com uma Coisa cósmica, mas com um Ser, que se pra nos é difícil definir, Ele particularmente não tem este problema, pois é “muito bem resolvido, obrigado!”

Quanto ao juízo final, este eu acredito, pois um dia de uma forma ou de outra Ele ira deletar (aniquilar) essa cambada toda que não é um com ele (to falando de comunhão não de miscigenação).

Se existisse inferno você já estaria nele, seu herege rsrsrs

Marcio Alves disse...

Prezado Isaias Medeiros, antes de construir minha linha de raciocínio, quero esclarecer que:

1-Respeito muito você, tanto que, peço-lhe desculpas pelo meu precipitante juízo de valores, contra a sua pessoa.
Faço minhas as palavras do Gresder que: “......a minha convicção de que milhares de “legalista” e fundamentalistas estarão comigo na eternidade.” E continua dizendo: “Pois pra mim mais importante que a linha teológica de uma pessoa é a fé sincera, coração honesto e amor não fingido, que são coisas que você deixa transparecer nos seus textos.”

2-Respeito sua opinião (teologia), pois considero todas – inclusive a minha – como frágeis percepções, condenadas à eterna reformulações.

3-Admito o valor e contribuição intrínsecos da teologia fundamentalista – o qual, em minha opinião, está engessada, e, portanto, não consegue responder as novas perguntas que tem surgido (pelo menos, não de formar satisfatória) – que em tempos passados, foi muito útil para dialogar com a cultura helenista.

Realizado as possíveis considerações, vamos ao combate no campo das idéias (Nunca contra as pessoas):

Eis a sua tese contra a lógica:

“Muitos juizos de valor acerca da Bíblia e do próprio Deus são baseados apenas na lógica humana”.

“Se tentarmos explicar Deus somente com a nossa lógica, perderemos a fé”.

“justamente porque ele não pode ser capturado pela nossa lógica”.

“Deus não pensa racionalmente, Ele pensa divinamente”.


Eis a minha antítese a favor da lógica:

Os seus argumentos representam o senso comum evangélico.

Quando as pessoas não conseguem ter argumentos suficientes para contrapor uma possível “heresia”, então partem para o desdenho. Daí dizer que não é possível entender Deus, através da lógica. Ou quando não consegue explicar algo, já remetem para o mistério. Isto é muito broxante para quem pensa. Mas dizer isto é uma verdadeira castração de uma mente ávida pensante, que procura organizar as idéias de dentro de uma lógica.

Mas o que é lógica?

O dicionário define assim o termo “lógica”: “A lógica (do grego clássico λογική logos, que significa palavra, pensamento, idéia, argumento, relato, razão lógica ou princípio lógico), é uma ciência de índole matemática e fortemente ligada à Filosofia. Já que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida. Assim, a lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar, ou do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar.”

O teólogo e filosofo Elienai, define assim o termo “lógica”: “A lógica é qualquer construção lingüística que busca organizar nossa compreensão de mundo. Ninguém pensa sem palavras. Ninguém fala sem uma lógica. Uma palavra só é linguagem, e não ruído, porque significa algo. E só significa porque está conectada a outras palavras e sentidos que compõem um esquema conceitual, ou um paradigma, ou uma lógica, ou ainda, uma visão de mundo. Sequer dizemos ‘Deus’ sem uma lógica”.

A partir do momento que você fala, escreve, pensa, isto já é uma lógica. (inclusive o seu argumento contra a lógica, já é uma lógica)

Claro que nossa mente é limitada, e logo toda lógica é limitada. Não tendo por objetivo dissecar Deus. Mas antes, organizar as idéias a partir do que Deus nos permitiu conhecer. Nenhuma lógica, por mais lógica que seja, consegue definir totalmente Deus. Dentro dessa lógica, há lógica com mais lógica, e lógica com menos lógica.

Se Deus - como você disse - não pode ser capturado por nossa lógica, então deixemos de buscar, estudar, refletir e até falar sobre Deus.

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Anônimo disse...

Prezado Márcio

Sem ressentimentos. Todos erramos. Admirável é quando nos arrependemos e nos corrigimos. Amo ao irmão em Cristo.

Isto posto.

O que eu digo, no trecho citado, é mais ou menos o que eu chamaria de "a parábola da vitrola e do cd player".

Havia uma antiga vitrola que coexistia com um moderno aparelho de cd (um CD player) em uma casa. Ela não entendia porque só conseguia ler informações que estivessem armazenadas em discos de vinil, não conseguia decodificar as informações contidas naqueles pequenos objetos esféricos (CDs), muito menos uns arquivos de música num formato chamado "mp3".

Nossa lógica é a vitrola. Nós só conseguimos "ler", "interpretar" coisas muito abaixo da "tecnologia" existente. A lógica de Deus seria o leitor de cds e mp3. Os Cds são as coisas espirituais. Não podemos "ler" aquilo que não somos capazes, que está inteiramente fora da tecnologia com a qual o nosso cérebro foi construído.

Podemos tentar inserir um CD numa vitrola? Sim. Poderá ficar desajeitado, mas acomodá-lo lá é possível, mesmo que com alguns ajustes ergonômicos ou coisa que o valha. Entretanto: podemos fazer a vitrola ler o CD? Não.

Assim somos nós: queremos com nossa lógica "obsoleta", inferior, "ler", "interpretar" dados que estão à anos-luz de nossa capacidade.

Aprendi que a inteligência em si mesma não é uma virtude, mas depende do uso que se faz dela.

Sei que alguns argumentos que uso são muitas vezes usados por pessoas mais "simples", digamos assim. Entretanto, muitos deles são válidos. Talvez alguns os usem realmente para "despistar" o que não sabem responder, mas eu realmente creio neles, estando em pleno exercício de minhas faculdades mentais.

Da mesma forma que eu corro o risco de ser comparado a um "ignorante" (não digo que você tenha feito isso), os liberais também correm o risco (menos grave) de serem considerados "inteligentes", sendo beneficiados por respingos da respeitabilidade comumente atribuída aos chamados "intelectuais" (título ao qual desprezo).

Eu digo que não renuncio à minha inteligência o tempo todo, passando-me por um ignorante. Porém, admito que há questões para as quais todas as mentes "iluminadas" que já existiram no mundo são completamente incapazes de responder.

Eu me reduzo à minha insignificância humana naquilo que meu cérebro (literalmente falando) não é capaz de compreender, interpretar, ler, decodificar. E nisto, creiam, não há nada de "romântico"; há sim, uma enorme dose de "realismo". Abraços.

Eduardo Medeiros disse...

Oi Márcio, permita eu colocar o bedelho nessa questão?

Nossa mente sempre vai buscar a lógica, pois como você citou, a lógica quer organizar o mundo, nos tirar do caos.

As próprias narrativas míticas de criação visam a isso: dar ordem ao caos. Não é diferente no Gênesis, onde Deus começa pondo ordem no cosmo (sugiro a leitura de "Cosmos Caos e o Mundo que Virá" de Norman Cohn, CIA das Letras).

Mas eu também acredito que todas as nossas lógicas e conceitos para Deus são um tentativa "inútil" de definí-lo, de sistematizá-lo. Mas não é por isso que vamos deixar de pensá-lo. Mas que se tenha claro que teologias são só teologias: o que o homem diz de Deus e não o que Deus diz dos homens.

E para finalizar, diria para os fundamentalistas (meu primo Isaías, rs):

Se não podemos (e não podemos) explicar Deus só com a nossa lógica, como ainda temos a pretensão de dizer que a lógica da ortodoxia cristã é tudo o que se deve falar dele?

abraços calorosos para todos os pensantes, sejam ortodoxos, liberais, ou hereges como eu.
o Gresder não pode ser taxado de herege, ele até acredita em juízo final.......rsssssssssss

Marcio Alves disse...

Prezado Isaías Medeiros

Admiro sua humildade.

Como diz Goethe: “Só sabemos com exatidão quando sabemos pouco; à medida que vamos adquirindo conhecimentos, instala-se a dúvida.”
Ou como diria Marquês de Maricá: “Ninguém duvida tanto como aquele que mais sabe.”

Parabéns por reconhecer isto.

E é por isso que gosto de afirmar que: ”Todas as teologias – inclusive a minha – não passam de percepções, condenadas a eterna reformulações.”

Mas prosseguindo na questão da lógica.......gostei muito da sua exemplificação. Também utilizo bastante essa metodologia nos meus textos.

Admito que:

1-Toda e qualquer lógica, não consegue e nem conseguirá definir absolutamente Deus.

2-Que todo pressuposto por você utilizado, a favor da deslógica, parte da seguinte premissa teológica e filosófica:


“Se Deus é absoluto, e a nossa mente é limitada, logo, Deus não pode ser compreendido por uma lógica”.


Reconheço a veracidade de tal argumento.
Para a filosofia, isso seria um argumento irrefutável.

Menos para o Deus da bíblia.
A bíblia nos revela que Deus – ser absoluto – se relativiza.
Vou repetir: “Deus – ser absoluto – se relativiza”.


São três (3) as grandes provas disso:

1-A própria bíblia é um exemplo disso, pois Deus, para ser entendido por nós, seres finitos e limitados, “desce” ao mesmo nível de nossa compreensão, por isso que a bíblia é uma linguagem humana. Portanto, o era isto, ou Deus teria de nos transcender, nos tornando deuses, para dialogarmos e relacionarmos com Ele. Mas isto não pode ser feito, porque só há um Deus.


2-Os relatos da bíblia nos mostra Deus, se relativizando para relacionar conosco. Aquelas expressões de Deus, que a teologia clássica, vai nos explicar que; não passam de antropomorfismo, são na verdade, o jeito como Deus se relaciona conosco.


3-E finalmente, a maior de todas as revelações – a saber – Jesus Cristo, a chave hermenêutica da revelação de Deus. Em Jesus, Deus “desce” ao mais baixo nível, se esvazia do exercício de sua divindade – eu disse exercício, e não natureza – come e bebe com os pecadores, sente medo, fome, sede e frio e até morre.
Deus se auto limita, para podermos relacionar com Ele.

Imagine a cena, eu com o meu filho de apenas 2 anos. Tentar impor a minha força e o meu intelecto, ele não conseguiria me entender e seria esmagado por minha força. Assim é Deus, se fosse relaciona se conosco em termos de poder absoluto, seriamos esmagados, e não conseguiríamos entender Deus.

Pois só existe compreensão de coisas relativas. Só há conversa e comunhão entre os relativos.

Daí a minha critica a concepção tradicional de Deus, defendida e difundida pelos evangélicos, embasada na filosofia grega de Agostinho.

Na filosofia, Deus é um ser transcendental inacessível absoluto que controla a tudo e a todos.

Isto em parte é verdade – em parte, porque Deus é onipotente, mas a grande questão não é, se Deus é ou não é onipotente, mas sim, em como Deus utiliza o seu poder. Acredito e entendo pelas escrituras, que Deus esvaziou-se do exercício do seu todo-poder, limitando-se, para ter um relacionamento verdadeiro conosco.

Por isso é que Paulo vai nos dizer que: ”Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.”(1 Co 1 v 22-23)

Em todas as culturas – principalmente a helênica – nem um deus morreu por mãos humanas, como o nosso Deus.

Há historias de deuses que foram mortos, mas por outros deuses mais poderosos do que eles.

Daí a pregação do Cristo-homem-Deus ser morto por mãos humanas, ter sido uma loucura para os romanos e mentes da época – e ainda é.

Paradoxalmente, Deus é Deus para além de Deus, mas se fez conhecido por nós.

Um grande abraço

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Web Evangelista disse...

Parabéns pela postagem... Perfeita!!
E parabéns pela qualidade do blog.

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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