segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Fantasmas de santidade



Esses ícones sagrados da historia do protestantismo são os fantasmas dos nossos desejos canais. Sim! Estes tais homens de Deus de fibra moral do passado são nossos algozes!! Eles são símbolos de estabilidade espiritual, líderes proféticos que não tivemos na nossa era, que angustia com seu exemplo rigoroso de santidade inatingível, seus admiradores; que frustrados tentam imitar seu chamado divinamente extravagante. Mas isso não se trata necessariamente de virtude moral ou escolhas feitas por eles, pois além de um encontro dos “astros” (propósito de Deus) eles são uma raça de gente, um tipo de homem.

São homens rijos moralmente, pioneiros e desbravadores de uma terra selvagem e agressiva. Eles são homens de dores na alma, experimentados no trabalho precursor de uma civilização. Seres sem as contradições e paradoxos de uma sociedade plenamente desenvolvida. O excesso de informação e conhecimento e a modernidade fizeram de nos hoje, homens dissolvidos, sem fibra moral. Não nos falta obediência! Falta nos ferro e fogo que nos de oportunidade de formar um caráter austero e obstinado.

Homens como Jeremias, Paulo, Tiago e estes gigantes de fibra moral do protestantismo, são apenas “lendas” que nos assustam nas nossas estruturas religiosas franzinas. Foram o tempo que os tornou heróis inimitáveis. Foi à tradição que fizeram de seu legado uma fabula que serviu para nossa fase de infância e aprendizado. É possível repetir a historia, mas antes devemos matar nossos heróis da fé. Devemos enterrar completamente o pensamento de que eles foram mais fies a Deus do que nos.

Não somos homens com a mesma formação e cultura deles, somos produto do nosso tempo. Hoje, a despeito da diluição em nos, da resistência e resignação do homem antigo, estamos com a bola da vez, não há o que temer; somos os heróis agora! Não quero ser um Jonatas Edwards de virtude ou um Wesley de santidade, estou certo de que não preciso e nem da pra ser. Quero ser eu mesmo, contraditório e pecador no presente, mas Santo e Lenda para as gerações futuras. Que a história se repita, que o “mito” sagrado envolva minha inconsistente piedade diante de Deus. Mas que assim eu possa sais desta vida, para entrar na historia da saga sagrada dos homens de Deus desta geração.

Gresder Sil

7 comentários:

Web Evangelista disse...

Infelismente,
A realidade de nossas igrejas / lideres

Anônimo disse...

Olá, prezado. Bela reflexão, com a qual concordo até o antepenúltimo parágrafo, algo que você pode imaginar o porquê, me conhecendo do blog. De fato, falta-nos a fibra, a rigidez moral de alguns gigantes do passado. Mas, de maneira nenhuma considero uma utopia almejarmos alcançar tal estatura moral e espiritual. Também discordo de que sejamos "produtos do meio". Sou bastante diferente do "meio" para pensar assim. Todo modo, você tem um bom estilo, escreve bem, e é uma pessoa equilibrada, com quem tenho o prazer de exercitar a arte de ter uma relação amistosa apesar de discordar em muitas coisas. Abraço.

Esdras Gregório disse...

Ou a gente cria a nossa própria espiritualidade diante de Deus, ou senão a gente além de viver frustrado, buscando o que não existe para nos, vamos perder a autenticidade do nosso ser e adoecer a nossa alma por uma imagem de santidade e espiritualidade irreal.

Se fosse há cem anos atrás a gente não estaria discutindo filosofia e teologia por um veiculo de comunicação virtual, mas estaríamos desbravando esse solo em e por amor ao Reino. Se opor a mentalidade generalizada do meio, já é ser produto do meio, pois em outro contexto pioneiro, não seriamos críticos do meio, mas construtores de um modo de ser e sentir religioso e secular.

Ou a gente se liberta dos fantasmas mitológicos e místicos do passado, para construir um novo modo de ser diante de Deus conforme a nossa realidade, ou senão a gente vai passar a vida inteira mediocremente combatendo os pastores doentes que degeneraram o seu ser na tentativa de serem iguais os santos do passado.

Deixei um comentário na matéria do Bultmann ontem à noite lá no seu blog, da uma olhada.

Esdras Gregório disse...

Isaias Medeiros me desculpe te confundi com o Eduardo Medeiros hoje de manha, pois eu disse que tinha deixado um comentário no blog, (sala do pensamento) é que eu não imaginava que você ia aparecer por aqui, obrigado pela visita.

Eduardo Medeiros disse...

Está desfeito o mal-entendido rs

Eu sou a-moralista, mas não a-moral ou i-moral. Está estabelecido pela sociologia e filosofia que cada época tem a sua moral. Na igreja mesmo isso aconteceu.

Sou nascido, criado, crescido, batizado, envolvido, consagrado a diácono (aliás, Gresder, você é mesmo assembleiano? oquê!!), preparado para ser pastor, tudo isso na Assembléia de Deus.

E o que eu vi de "morais" que foram sendo deixadas pra trás não está no gibi.

Já não sou membro da Assembléia a uns 13 anos e o que eu vejo hoje por lá em matéria de usos, costumes e moral fariam qualquer vovozinha daquele tempo ter um enfarte na hora! Faria qualquer pastor de chapéu e livro-da-capa-preta debaixo do suvaco te excomungar e de mandar para o inferno sem nenhum remorso.

Então, querer ter o porte moral de algum herói bíblico é a coisa mais furada que alguém pode almejar por duas razões principais: nenhum herói bíblico foi moralmente impecável, muito pelo contrário;(excluo daqui os grandes profetas, mas estes não foram herois...) segundo, a moral bíblica veterotestamentária não nos serve mais. Alguém sugere apedrejarmos prostitutas? isso só para ficar num exemplo simples, pois citar os moralismos da Lei não caberia num comentário.

É claro que Jesus fez todo aquele rebuliço nos costumes e na moral do seu povo, e isso sustenta o que estou dizendo.

Mas o que dizer do moralismo paulino que até hoje a igreja segue? ou seguia? já não sei bem se segue ou seguia...rss...ainda nos serve hoje? Paulo tem umas posturas morais complicadas para o cristão de hoje.

Novamente só para ficar num exemplo simples, que pastor ou diácono vocês conhecem que possuem todos os atributos morais e espirituais daquela listinha de Timóteo 3.1-13? Que eu me lembre nesses quase 35 anos de igreja...quando eu lembrar eu falo..

E que mulher evangélica hoje segue a "moda" paulina descrita no mesmo Timóteo 2.9: "Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou péroloas, ou vestuário dispendioso..."? talvez só mesmo aquelas irmãs que sempre usam um roupão cor de abóbora de mangas até o pulso que de vez em quando vejo na rua, mas não sei de que igreja são.

É claro que não estou dizendo que as irmãs deveriam seguir a "moda" paulina, estou dizendo que moral é algo construído em cada época.

Uma divorciada já foi uma imoral na igreja de uns 25 anos atrás. Hoje, tem até pastoras divorciadas e que são aceitas numa boa. Pastor nem se fala...(não que eu ache normal pastores se divorciarem a cada 3 anos).

Você está perfeito em seu pensamento Gresder, assim eu também entendo. Somos filhos do nosso tempo, e sendo deste tempo, temos que de novo anunciar Jesus para este tempo.

Abraços calorosos...

ah, sim, realmente o meu pastor na época queria me fazer um igual a ele, que eu pertencesse ao "ministério", mas quando percebi que eu teria que pregar nos cultos de doutrina que irmã que cortava o cabelo estava em desobediência a Deus, chutei o balde e virei herege....ehhhh

Esdras Gregório disse...

Bom! Pelo visto você já enterrou todos seus heróis da fé rsrs, agora é só viver de tal forma (conforme suas possibilidades) que você possa se tornar lenda para a próxima geração.

Ou você acha que Wesley e Whitefield do “clube santo” imaginavam que eles seriam super-homens da fé de varias gerações de crentes em todo o mundo. Ou seja: temos uma vantagem sobre eles, o conhecimento do processo da “mitologização” dos heróis do passado.

Anônimo disse...

Bom texto, lembro-me de quando queria ser igual a João Wesley.

Abraços!

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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