A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
A revelação de um novo apocalipse
Era tarde da noite, o sono não vinha, na cabeça um turbilhão de pensamentos nebulosos, no coração a terrível impressão de uma grande responsabilidade por vir, não sei por que, mas eu tive medo. Estava exilado na solidão do meu próprio quarto, não queria mais ver os homens, pois eles não compreendiam que eu apenas queria mudar a grafia das letras e não o seu sentido.
Uma voz feminina, como se fosse falada carinhosamente por uma mãe, me despertou do sono acordado na qual eu estava completamente atordoado. Ela me disse: “vem e vê isto”, o chão sumiu , meu coração disparou, senti a sensação horrível de perder o conforto seguro de tudo que me induziram a crer ate aquele dia.
Ela disse: “olha aquela mulher” olhei e vi, ela era linda! Mas completamente artificial. Inteligência sem coração, criatividade sem vida, fora composta da união de três serviços prestados aos homens, ela se chamava a Rede! Mas lhe deram o apelido de Nuvem, pois cobria a extensão de toda a terra, e tudo estava armazenado Nela. Todos os homens se prostituiramn com Ela, todos entrarão a Ela, os seus dotes e favores satisfaziam todas as necessidades dos que tinha acesso ao seu interior. Ela era a besta de á muito tempo profetizado.
Era a visão do fim dos tempos. Um calor terrível assolou os habitantes da terra. A Rede proporá aos homens sarar a ferida da atmosfera através da completa libertação da fauna. Vi que a humanidade se rejubilou como nunca antes, pois nunca mais se faria nada com as arvores da terra. Então sob sua recomendação tudo que ate então fora escrito de papel, foi transferido para um lugar seguro na Nuvem. Uma grande crise assustou os homens naquela época, pois os artesãos da madeira e todo comércio que os abrangiam caíram sem quem ninguém pudesse impedir.
Os homens prostraram ante a Rede para que ela os salvasse, aos seus pés colocaram tudo o que tinha. Ordenou Ela que todo livro escrito e todo que pudesse ser reciclado fosse convertido em produtos novos para salvar a economia dos negociantes da terra. Os homens a adoravam por isso, a Ela se entregaram completamente, todo desejo e pensamento humanos estavam registrados e salvos sob o seu controle irrestrito. Quem quisesse ver agora os escritos humanos tinha que trafegar dentro das ondas da Nuvem. Tudo isso se decorrera no tempo de três olimpíadas e meia.
No céu embaixo do grande trono ouvi os gemidos mais agonizantes de toda a minha vida, era alma dos heróis que escreveram as escrituras para os santos, pois na terra, aproveitando que tudo que um dia foi escrito estava gravado agora, com um dedo só Ela deu o maior golpe na humanidade: deletou o Livro sagrado. Meu coração sentiu com os fieis uma agonia de morte que não morre, era uma dor insuperável. Desmaie ante aquela visão.
A voz me acordou e disse: “desperta! Ainda não acabou”, vi que o Ressuscitado reunira de dentre todos os recantos da Terra, homens de todas as tribos e línguas que guardaram no seu coração a Palavra do altíssimo. Eram todos virgens, pois não tinham se contaminado com a aquela mulher, e foi lhe dado a incumbência e o poder de entrarem nela sem se cadastrarem fazendo um código com ela, na qual nada se vendia e nem se comprava sem ter uma conta de acesso a seus serviços.
Senti naquele momento uma pontada muito dolorosa no coração, pois tinha aqueles remanescentes à missão delicada de reescrever todo conteúdo e essência do livro de Deus em outra linguagem não religiosa, pois a Rede não aceitava que se adorasse outro ídolo além dela, por isso seus programadores rastreavam e eliminava tudo o que se chamava Deus. Tudo da religião foi completamente abolida por ela, e assim criou se um sistema em que todos os homens pudessem falar por intermédio dela uma só língua, e uma só crença sem as divisões que a religião fazia.
Ao acordar da embriaguez de suas conquistas, ficou furiosa, pois descobriu que era impossível eliminar a Palavra, pois ela estava escrita como diamante no coração dos escolhidos. Deu-se naquele tempo uma grande perseguição aos fies da terra. Rapidamente os emissários escolhidos para escreverem sobre a essência do grande Livro, reunirão em discos o que aviam feitos e fugiram, ela os perseguiu no deserto, mas se não fosse o próprio Deus a impedir com tempestades o alcance dos olhos que ela tinha na órbita da atmosfera, os escolhidos não tinha escondido os discos em caverna dentro da terra.
Ouve se um grande estrondo no céu, o cálice da ira do Altíssimo tinha se enchido. Deus fez surgir das profundezas da terra um vírus que como ulcerações haveriam de paralisar a besta. Vi também que dos céus desciam anjos a qual navegavam sobre a Nuvem derramando do cálice da ira os germes que contaminavam a Rede, tinha aparência de homens, mas agiam como ratos, que entravam em todos os recantos do sistema e corroíam o que encontravam pela frente. Ouve se um desespero entre os homens, pois toda a sua vida estava entranhada naquela mulher, adoeceram com ela, sentiram a dor mortal de sua chaga.
A fera estava domada, ouve se um silêncio muito prolongado no céu. Por cerca de mil anos ela não mais foi acordada. Eram novos tempos, tudo voltara ao primitivo estado das coisas, sem a poluição e alimentos artificiais, os homens que morriam com menos de cem anos eram tidos como amaldiçoados. Os homens viviam num estado feliz de consciência adâmica, ate que foram achados os discos sagrados. A besta foi acorda, pois acharam necessário ler a escritura das paginas.
Ao ver aquilo, senti o desespero do pessimismo de coisas que não mudam, pois tudo começou novamente, como a remota profecia de milênios passados, de um eterno retorno, de um legendário mago da humanidade. Fez se reuniões para descobrir quais interpretações eram verdadeiras. Brigas e facções surgirão entre os homens. Concílios foram estabelecidos para canonizar as paginam consideradas mais ortodoxas.
Aos pouco a besta foi saindo do seu estado de sonolência e tomando o autocontrole, neste ponto eu não agüentei mais ver aquela visão e gritei: “isso não tem fim...”, “Não!!! Respondeu a voz, enquanto os homens não aprenderem que a Palavra de Deus como verdade penetrante é eterna e não se encerra na inflexibilidade da Letra das gravuras de pedras, pergaminhos antigos, folhas impressas e paginas imateriais, nem no modo de pensar e sentir de uma geração de homens de outra era, com as suas linguagens e culturas singulares. Mas sim escritas indelevelmente com letras ilegíveis nas tabuas do coração do homem, o Altíssimo não porá um fim a esta historia.”
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Símbolos do coração
Agora chegou a ocasião onde urge a necessidade de se escrever sobre Ele, sem que se às vezes se escreva o seu nome. Tendo em vista que simplesmente se referirmos a Ele desta forma, a mente terá que buscar nos recessos da consciência e da memória tudo a qual foi dito a seu respeito, com os conflitos do impacto que as suas palavras e ações produzem. Evitando que o simples ouvir do nome já desgastado pela religião lhe remeta a um simples ícone e símbolo de fé.
É necessário que ao expor, o outro tenha em mente que se fala Dele como Ele era no tempo em que se deu. Pois a sua designação hoje, mundialmente constituída carrega em si todo o acúmulo e acréscimo de perspectivas e esperanças que se fazem arbitrariamente a seu respeito. De forma que ao anunciá-lo pela linguagem e estruturas religiosas da humanidade, o entendimento há de se esbarrar não na pessoa em si, mas no conceito generalizado das pessoas que não sabem das implicações de vê-lo e senti-lo no seu contexto decisivo e real.
O homem no trajeto e desespero de suas vivências a de se agarrar em propostas de salvação que trazem em si, símbolos de esperança e misericórdia. De forma que qualquer outra coisa que represente isso, alivie o coração e suavize a dor nesta existência, será aceito como uma divindade para o coração, não se importado pela realidade e verdade histórica e factual deste ídolo. Portanto se o nome e tudo que ele representa hoje para o homem, desviar do foco, e não implicar a realidade visceral da existência do sujeito do nome, ele não será visto como foi em seu Ser e Agir, mas somente como símbolo e desejo do coração.
Ao se escrever Dele agora, que seja eliminando a sugestão religiosa que o seu nome tomou, mas de tal forma a vê-lo como homem despido da majestade em que a historia e mitologia beatificadora da religião o envolveu para prestar respeito exterior, sem as devidas decorrências das implicações subjetivas de desconstrução religiosa que ele propôs. Portanto hoje em dia, muitas vezes será necessário, segundo a proposta de um cristianismo sem religião, que ao anunciar seu evento, apenas se refira a Ele apontando-o como Ele foi, de forma a sermos transportados no tempo, a poder vê-lo sentado diante de nos.
Esdras Gregorio
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Esdras Gregório
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Partenogêneses, o nascimento de um deus
Se o Filho é coexistente eternamente com o Pai, então tal designação é apenas um titulo arbitrário e não uma relação filial verdadeira. Se filho é apenas uma função na intimidade das pessoas da divindade, então não temos uma relação real de pai e filho, mas uma sociedade corporativa na soberania administrativa do universo.
Mas se o Filho é de fato filho, então não existe uma igualdade entre Eles, mas filiação verdadeiramente biológica e afetiva. Tem que haver um tempo, antes de todas as coisas serem criadas, em que o Filho não existiu como ser autoconsciente, mas somente nos genes e nas entranhas do Pai. Para que assim o Pai pudesse dizer: “tu és meu filho e hoje te gerei”
Tem que haver um momento na eternidade em que o Pai decidiu gerar o filho de si mesmo, da sua própria natureza e caráter. O Filho é um com o Pai, pois herdou do Pai a sua constituição e temperamento no momento em que foi gerado. Mas é menor do que o Pai porque veio depois como um ser procedente, e Dele recebeu a sua essência como continuação espontânea da propia existência do Pai.
Apesar de Ele ser “um pouco menor que Deus”, tal relação não é a mesma dos outros seres, porque eles não são da mesma natureza intrínseca e índole hereditária do que o Pai. O Filho é único, é unigênito, ou seja: o único originado da mesma espécie. Com certeza o filho não é Deus, mas é Divino, pois é genética e genuinamente o único Filho de Deus.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
domingo, 20 de dezembro de 2009
A des-sacramentalisação da Ceia
Há de se chegar um tempo, se já não é chegado, em que toda refeição feita entre amigos (cujo teor e sentimentos a mesa forem à lembrança e os sentimentos de implicações que vem de crer no homem que foi levantado no madeiro) serão consideradas não mais como um simples lanche ou café. Mas como a mais pura e natural maneira de se fazer memória Dele, nas circunstâncias de um mundo religioso cristão completamente perdido na complexidade de pensamentos e metodologia onde só a essência do culto será justificada como fruto de uma verdadeira e derradeira expressão de fé.
Não mais é tempo de se ater aos elementos, como se por ele pudéssemos ser salvos. O nosso pão já não é o pão de outrora, o alimento básico da nossa civilização não é mais feito com o fermento das terras bíblicas, a nossa bebida já não e o sangue que corria nas veias da terra prometida. O mundo come outro pão agora, e o seu “vinho” já não tem a pureza daqueles tempos benditos. Quem quiser importar o trigo dos solos consagrados, por causa de suas consciências, não devem deixar de fazer. Mas quem, pelas demandas da sociedade não tiver tempo de pisar o lagar, que coma o que for produzido em massa pela indústria, desde que seu coração seja naquele momento de comunhão entre amigos de fé, transportado para o tempo onde vinho era vinho e não suco de uva.
A beatificação e fixidez deste momento, já não serão razoáveis onde o amor não fingido e a fé sincera de dois ou três reunidos, nem que seja na mesa de um “bar”, supera todo um ajuntamento, que possibilita de as pessoas estarem apesar de juntas, alienadas entre si, e solitárias na multidão. Não que na reunião do templo não possa haver vida e comunhão, mas para muitos desterrados por outros ou por si mesmos deste lugar seguro, o mundo é o templo agora. Para tais os muros sagrados caíram, mas o lugar santo ainda esta intacto em seus corações.
A de se ter coragem para acolher tal entendimento, mas principalmente respeito aos muitos que com fé simples permanecerão refletindo com a mesma estrutura de pensamento dos autores sagrados que calculavam que foi o sol que parou e não a terra, nos tempos primórdios daquelas eras canonizadas. Que cada um em tal tempo viva conforme a consciência de sua fé, já que os elementos e cerimônias não podem mais substituir a grandeza de uma simples refeição santificada pelo ambiente de cumplicidade e transparência daqueles que literalmente sentados a uma mesa, olhando um no olho do outro, se rasgão entre si na sua verdadeira humanidade de pecado, desesperos e esperanças ante o crucificado.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Uma observação sobre o “caminho”
Como critico e observador nato do comportamento religioso a partir da própria autocrítica de como a natureza religiosa se da em mim mesmo e depois nas pessoas em que convivo no seio da mesma fé e conflitos, apesar das gritantes diferenças de abordagem, naturalmente não pude deixar de fazer uma leitura ainda que rasa do processo social do movimento religioso “caminho da graça” a qual sinto afeição e apontar sete posturas equivocadas possíveis e reais.
A primeira é acreditar ou passar a idéia de que ali o evangelho é puro e apostólico, pois de fato tal ambiente cristão é apenas um modo distinto e específico da multiforme graça do evangelho, e não o evangelho em si, visto que ele é naturalmente universal e o máximo que qualquer igreja ou movimento pode fazer é uma adequação histórica cultural do evangelho nas conjunturas sociais dos indivíduos sujeitos a mensagem.
A segunda é a exclusão daqueles que excluem os outros, tachando as igrejas tradicionais de obsoletas e decadentes, pois além de ser a arrogância das arrogâncias, seria cair no mesmo erro que tanto criticam. Visto que se de fato são mais “iluminados” pelo evangelho deveriam entender a “fraqueza” dos demais irmãos. Coisa que não acontece, pois a igreja evangélica é vista generalizadamente como corrompida, e que o que pregam não é o Evangelho.
A terceira é empobrecer as pessoas querendo que elas bebam principalmente desta “nova” fonte desprezado milhares de fontes que jorram da mesma água viva do evangelho. Promovendo não pessoas absolutamente adultas e de fé e visão independentes, mas um movimento de indivíduos que sentem e pensam sobe uma mesma base de raciocínio e idéias comuns ao grupo, e não como realmente deveria ser numa auto-estrutura de pensamentos que são fruto da individualidade de uma fé adulta.
A quarto é acreditar que o conhecimento “libertador” das amarras da religião que possuem, seja por si mesmo libertador, pois tal verdade deve estar no coração e não na cabeça. A graça não é conceito que se deve crer corretamente, mas é a verdade subjetiva do ser que irrompe no coração independente do conhecimento mental dela. Milhares de corações são cheios de graça apesar de suas mentes estarem ainda presas ao entendimento legalista do evangelho.
A quinta é se preocupar em que as igrejas comuns os entendam, esquecendo que são eles que devem se preocupar em entender as demais, para não se tornam ao julgar o que não compreendem os fariseus dos fariseus. Pois a negatividade da institucionalização e moralismo é processo natural de todo movimento religioso, não implicando necessariamente o estado espiritual da pessoa que vê a partir do lugar histórico em que sua religião se encontra.
A sexta é deixar se criar uma idéia de sua “pureza” primitiva por não se ter pastores “papas”, templos “doutrinas” e instituidores. Pois na verdade só se troca os nomes e modos: pois ancião, bispo, mentores, igrejas, sala de reuniões etc. são sinônimos e não antíteses. Característica esta de seitas que tem aversão a todo modo tradicional religioso, como se a libertação destes modos fossem em si a solução do problema.
E a sétima é pensar que o evangelho sobe os modelos de uma igreja emergente é uma novidade da espiritualidade contemporânea, pois tal modo de ser e pensar esteve sempre presente na historia da Igreja como processo natural religioso na vida das instituições. Ou seja, acima de tudo um movimento de renovação de igrejas emergentes não é necessariamente uma ação espiritual no mundo, mas apenas uma reação natural ao processo de fossilização das instituições religiosa.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
A ovelha vestida de lobo
From: A OVELHA VESTIDA DE LOBO!...
To: contato@caiofabio.com
Sent: Monday, June 29, 2009 8:05 PM
Subject: o mais sofisticado e charmoso falso profeta da historia?
A ovelha vestida de lobo
Tudo nele cheira a falso profeta. O seu chame faz lembrar os antigos líderes de seitas norte americanas que arrastavam em massa, para a vida e para a morte, os seus seguidores extasiados. A sua postura em relação às instituições estabelecida não difere em nada dos autodenominados profetas que diziam que as denominações do cristianismo estavam corrompidas.
Alguns daqueles que a ele se ajuntam dizem estar cansados da hipocrisia e do legalismo dos evangélicos. Entretanto a missão e a proposta de reviver a pureza da igreja primitiva sempre foi “prerrogativa” das seitas emergentes. Ele não tem a nobreza de Moises, que recusou que a partir dele fosse criado um novo povo de Deus, mas ele está hoje para os crentes assim como Lutero estava para os católicos no passado.
Nele mesmo e em quem o ouve existe a impressão tangível de uma iluminação sem precedentes na historia do protestantismo. A elegância fascinante do seu articular e arrazoamento, e o frescor do novo libertador que brota de suas palavras, nos levam a ponderar se estamos em presença do mais esclarecido emissário de Deus, ou diante do mais sofisticado e charmoso falso profeta da historia.
Para completar o quadro na sua cosmovisão, existe a percepção e sensação escatológica de fim dos tempos e uma sutil síndrome de perseguição aos cristãos nominais. Quem com ele caminha sente um pouco da tensão apocalíptica que permeava os grupos de homens que na loucura de sua heresia chegaram até a determinar os tempos e datas da volta de Jesus.
Apesar de nenhum homem fazer historia, pois é a historia que faz o homem, ele é um enviado dos céus, para o bem ou para o mal, para o juízo ou para libertação. Todo grande homem revolucionário surge pelo anseio e necessidade do povo, num momento de contingência e crise que serve para evolução de uma sociedade ou civilização; mesmo que humanamente a mensagem que esse homem traga seja apenas mais um produto, como novidade a ser consumida.
A igreja evangélica vacilou demais, criou pela sua intransigência uma critica poderosa contra si mesma. E cá estamos com este homem que apesar da sua contradição de não querer instituir se torna uma nova subdivisão no cristianismo. Apesar de a aparência dele sugestionar a idéia de ser um falso profeta ele é paradoxalmente uma ovelha disfarçada na capa de um lobo sedutor.
Como tudo que Deus usa para comunicar a sua Palavra é apenas um veiculo de transmissão, com todas as propriedades inerentes de insuficiência, contradição e equívocos humanos, quer sejam instituições, homens, escrituras ou sermões, sem duvida nenhuma ele, com toda a sua insígnia de apóstata, é uma Cidade de Refugio para os marginalizados pela exclusão sócio-espiritual que a igreja faz de gente boa, mas que nela não se encaixa. E, sobretudo, ele é uma voz profética aos evangélicos moralista desta nação de show gospel e pregação motivacional que gera o povo mais sem noção desta terra.
Nele, que não nos deixou sem o Caio,
Com carinho sincero ao Caio Fabio e aos Evangélicos
Esdras Gregório
(autor do livro “a arte dos sofistas na pregação pentecostal” editora Jeová Nissi, RJ 2008)
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Resposta:
Querido Esdras: Graça e Paz!
Conquanto a carta seja sobre mim e não a mim, tomei a liberdade de respondê-la a você, visto que senti o seu carinho.
Que eu não tenho a dignidade de Moisés e de nenhum deles, é fato mais que real, mas não é porque Moisés não tenha querido fazer nascer um povo, e eu supostamente sim, pois, de fato, não crio nenhum povo, e nem tampouco o organizo para nada, visto que o povo hoje é espalhado e supra-étnico, e quem o reúne não é um homem, e nem tampouco a “igreja”; pois o único poder que pode de fato reunir os filhos de Deus que andam dispersos é a Cruz de Jesus.
Assim, apenas tento me manter fixo na Cruz, com alegria; pois é da Cruz que grito aos que queiram ouvir, embora apenas diga: “Venham! Aqui é o Refúgio!”
Também peço a Deus que me livre de criar subdivisão de qualquer coisa. Especialmente do Cristianismo.
Não estou aqui para dividir, mas para reunir os que amam o Evangelho, clamando a todos que se ajuntem sob e à volta da Cruz.
O que me impressiona é o fato de que o fenômeno que apareceu 300 anos depois de Jesus, o Cristianismo, tenha se tornado na referencia das referencias; posto que eu, ignorando o Cristianismo, busco a simplicidade da fé conforme “os do Caminho” no livro de Atos e conforme o modo existencialmente “hebreu” da proposta de Jesus, mas, mesmo assim, para alguns, a minha viagem regressiva deveria no máximo ir até 300 anos antes de chegar ao seu berço histórico verdadeiro, Jesus. Assim, para alguns, até a minha vontade de voltar e deitar na manjedoura da Graça deve parar antes na viagem de volta, visto que Constantino se tornou a referencia... Sim, parece que se tem a permissão para ir até o Cristianismo de Constantino... Mas não se deve passar daí até a vereda simples do Evangelho sem poder humano...
Voltando ao que eu supostamente estaria criando...
Ora, é possível fazer subdivisão do Cristianismo, mas não é possível fazer subdivisão do verdadeiro povo de Deus.
Sim, o povo de Deus é indivisível, e ele não se restringe ao Cristianismo, embora exista também dentro do ambiente do Cristianismo. Entretanto, ainda assim não se está falando do ideal a ser buscado, o qual nada tem a ver com o Cristianismo. O lugar do povo de Deus é na Igreja e não no Cristianismo. Pode haver cristãos no Cristianismo, mas não deve haver uma gota de Cristianismo no verdadeiro cristão, visto que o cristão deve ser como Cristo, mas jamais como o Cristianismo, posto que o Cristianismo seja um filho de proveta do Imperador Constantino.
É por isto que eu jamais buscaria fazer e me tornar uma subdivisão do Cristianismo.
Portanto, minha viagem no tempo não pára no Cristianismo!...
Afinal, quero deitar no berço do amor, não na cama do Imperador!
Meu mundo apenas “roda” entre a manjedoura e a elevação do Rei ao Trono eterno após a Ressurreição.
Constantino, no entanto, é um constantino... É uma constância insistente..., um zumbi que não morre nunca...
Desse modo, mesmo querendo viajar para o lugar primitivo da simplicidade do Evangelho, tentam parar-me pela interpretação que julga que ... a)...estou criando um povo; b)...estou criando uma subdivisão do Cristianismo; o que é pior do que botar remendo de pano novo em vestes velhas, ou ainda vinho novo em odres velhos.
Na realidade não tenho a intenção de criar nada, pois, de fato, creio que tudo o que se busca criar em nome de Deus já nasce fracassado...
Quem cria é Deus. E cria pela Palavra do Seu poder.
Eu apenas prego. Mas não olho para frente e vejo um povo, um movimento, um grande poder humano, uma grande influencia na Terra...
Não! Não vejo nada além dos que vejo agora, bem diante de mim... Vejo hoje. Vejo agora. Hoje me basta.
Para o futuro, tudo o que vejo no mundo é a morte da fé e a luta indômita de todos os que desejarem se manter em Jesus e no amor de Deus.
No entanto, meu mano, não dá para dizer que sofro de Síndrome de Perseguição aos Cristãos nominais... Primeiro porque eu não “sofro”... De fato, sofro mesmo, mas não é de síndrome persecutória... E por que sofro? Ora, sofro porque amo. Amo a toda gente deste mundo. Por isto, pergunto: Como não amaria o povo humano em meio ao qual nasci e que é todo ele cristão?
Não é fácil amar tanta gente e viver em freqüente antagonismo contra muitas práticas dessas mesmas pessoas exatamente por amá-las.
O que eu ganho buscando tal enfrentamento?
Sim, se não creio que acontecerá nada além do que está acontecendo com pessoas hoje, mas sem grandes viradas históricas massivas!?...
Tudo o que não sou é paranóico. Se fosse teria ficado mesmo... Rsrsrs. Mas é porque não sou paranóico que não valorizo as agressões que recebo, as quais agora estão virando até “paranóia minha”... Sim, justamente apenas porque os que antes faziam ostensivamente a perseguição agora temem fazê-la, pois, antes, me julgavam morto e sozinho, e hoje me pensam vivo e muito bem acompanhado...
Então, agora, a coisa está assim:... virando “sutil paranóia” minha...
Acho tudo muito engraçado!...
Alguém pode negar que antes os evangélicos me “amavam”?...
Alguém pode negar que meu único agravo aos evangélicos tenha sido apenas o que decidi acerca de minha própria existência, não importando se estava certo ou errado?
Alguém pode negar que fui considerado morto e que como tal fui tratado, sem que ninguém perguntasse se eu ainda vivia?
Alguém pode negar o fato de que em tais circunstancias minha melhor ajuda aos evangélicos seja ser exatamente o que para eles eu me tornei?
A história é a seguinte:
Você está morrendo... Mas eles batem em você até a morte. Então, como você não morre e nem fica “caído” no chão..., mas levanta e parte para cima dos agressores... indagando acerca de tal loucura... , sendo eles frouxos, correm...; e, por isto, você se torne o agressivo aos olhos dos mesmos que viram você caído na estrada, ferido de morte, e nada fizeram...
Desse modo, em tal meio, você se torna culpado até de ter sobrevivido muito bem em Deus!
Sim, se você passa adiante... e segue seu caminho, mas não deseja mais a companhia deles... mais adiante escrevem a você e dizem que você sofre de uma “sutil síndrome de perseguição”... ou que você está amargurado... Amargurado eu estive, mas não hoje... Mas quando eu estava amargurado eles nem notavam, pois estavam ocupados demais tentando me matar de vez...
Ora, hoje, quando me acusam de qualquer coisa, sinto muita misericórdia do engano auto-imposto..., em razão do qual algumas pessoas têm a coragem de me acusar sei lá do quê.
Eu não persigo os evangélicos...
Afinal, que poder teria eu para efetivamente fazer isto mesmo que desejasse?... [e nunca foi e nem será o caso!]
Não! Não é nada disso!...
Afinal, apenas sigo pregando o Evangelho...
Todavia, pergunto: será que a tal perseguição minha aos evangélicos não seria apenas a entregação dos próprios evangélicos acerca do fato que o Evangelho se lhes tornou antagônico?
Quanto à ovelha vestida de lobo, creio que seja apenas o vício religioso de ver lobo nas aparências e de ver ovelhas nas aparências...
Eu não vejo nada assim...
Vejo como Jesus mandou que víssemos..., não importando a cara, o cabelo, a imagem, o lugar, o modo, o jeito, as palavras, os sinais de milagres, profecias, curas, prodígios ou a ausência deles!
“João Batista nunca fez nenhum sinal, mas tudo quanto disse acerca de Jesus era verdade!”
Portanto, vejo apenas o conteúdo, o fruto.
Jesus disse que era apenas pelo fruto da vida, do amor, da paz, da graça, da misericórdia, da sinceridade com Deus e com a Palavra, que se poderia ver, discernir e provar o fruto da existência de um homem.
A usar o critério das aparências como chamaríamos Elias e João Batista? De lobos vestidos de peles de cabras? Ou de ovelhas vestidas de cabras?
Mano, eu sei que você escreveu com todo amor deste mundo, mas precisava dizer a você que sou muito menos do que você imagina, e que minhas intenções nem existem como intenções, pois, minha confiança no Senhor é tanta que não planejo nada... Não uso nenhum sentido de posicionamento estratégico, não tenho nenhuma agenda oculta ou sonho grandioso.
Quanto ao sentido escatológico do tencionemento que você detecta em minha existência, peço ao Senhor que jamais o deixe morrer em mim, pois, no dia em que acontecer tudo morrerá em meu ser.
Andar com Jesus é um caminho de expectação escatológico/existencial todos os dias...
Quem não carrega esse surto de expectativa e de significação em sua existência histórica, existirá sem saber o que seja de fato andar com Jesus estando no mundo sem ser do mundo.
Agora pense:
Se você olha para essa porcariazinha aqui que sou eu, e vê essas coisas grandiosas que você viu, ou mesmo as “contraditórias” que você mencionou — como cara de lobo em natureza real de ovelha —, o que você acha que Jesus suscitou nos dias Dele?
“Este menino será objeto de contradição, a fim de que se manifestem os pensamentos ocultos de muitos corações” — decretou Simeão.
Se eu me tornar apenas um chaveirinho dessa contradição já me sentirei galardoado pelo simples fato de assim poder viver e significar as coisas aos sentidos do mundo.
O fato é que sinto que os cristãos ficaram tão pedrados pelo culto moral à imagem e pela estética da “santificação religiosa” [bem à moda dos fariseus], que, hoje, eu poderia dizer tudo o que digo, sem perseguições, se apenas algumas coisas fossem feitas por mim..., a saber:
1ª – me tornar membro de um conselho de pastores;
2ª aceitar pregar em eventos de “líderes”, dizendo sempre: “Nós”, “nosso povo”, “nosso lado”, “nosso crescimento”, “nossos interesses”...;
3ª cortar o cabelo, a barba, vestir gravata, falar de modo a carregar o sotaque do gueto, e, sobretudo, exaltar o fato de que “se está crescendo é porque está bem”...
Pronto! Basta fazer isto e tudo volta a ser como dantes no Quartel de Abrantes...
Entretanto..., digo que enquanto os evangélicos ficam buscando sinais de lobos em roupas, cabelos, barbas, ou formas pessoais de personalidade não clonada pela “igreja” — os verdadeiros lobos botam paletó e gravata, arrumam o cabelo com gel, botam um anel de bispo no dedo, evocam um título qualquer, contratam “seguranças”, levantam dinheiro, organizam eventos, representam a “igreja” junto às autoridades, e falam em nome de Deus sob os améns do povo abençoadamente cego...
Quanto a mim, creia: sou apenas uma ovelha com cara de homem!
Receba meu amor e meu carinho; e mais: meu desejo de poder conhecer você em breve.
Achei o título do seu livro muito sugestivo e gostaria de lê-lo. Como posso encontrá-lo?
Nele, em Quem somos apenas quem Ele nos designou para ser, isso se nosso coração não tiver medo de ser,
Caio
1 de julho de 2009
Manaus
AM
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Esdras Gregório
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
A literalidade do Éden
Fruto proibido, arvore da Vida, serpente que fala e que anda (ou voa, quem sabe?). Tudo isso soa meio fabuloso demais. Parece uma historia contada para a infância da humanidade. Pois atualmente a narração literal do Éden não tem nenhuma graça.
Ai o homem cresce e se pergunta: mito ou realidade, literal ou fictício, fato ou poesia. Porque não tudo isso? Porque não a possibilidade de o literal se tornar essencialmente literário. E porque não a literatura ser o retrato poético de uma realidade bruta, crua.
Toda essa sensação de absurdo patético que às vezes sentimos na vida, reincide na realidade de não estarmos no nosso estado natural de ser e existir em Deus e no mundo. A Queda é real, apenas Moises que era meio poético.
Ao se esbarrar no poema do enredo desta historia a mente cética a descarta por completa, como pessoas que ao jogar a frauda suja da criança joga fora o bebe também. Mas e ai! Porque para alguns não desse a trama do Éden com todo seu teor mitológico, Adão e Eva não existiram?
Isso é crucial trata-se de uma necessidade lógica, pois ate mesmo a ciência evolutiva precisa de um primeiro casal, um adão macaco, uma Eva chimpanzé. A questão não é se eles são personagens reais, mas sim que é absolutamente imperativo que eles tenham que ter existido em carne e osso. Pois estamos aqui, somos galhos e frutos de uma só raiz e semente.
De uma coisa eu estou certo, o Paraíso foi perdido com todos os seus detalhes palpáveis, mas literalmente existiu com toda a sua profundidade de significados e riquezas de interpretações, quer existencial metafísica ou alegórica religiosas. Agora só não venham me contar que a serpente falou, pois isso com certeza é invenção da mente fértil de Eva para ludibriar o pobre coitado do Adão.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
O dia em que Deus chorou
Enquanto do monte, olhava a cidade, lagrimas corriam de seu rosto. Enquanto a observava no apogeu do seu presente, na mente toda a historia passada e futura daquele lugar se descortinava diante dos seus olhos.
Não podia deixar de sentir todo o drama vivido ali, posto que eles estivessem inseparavelmente ligados a si mesmo e ao seu evento inevitável. Não dava para não ver que uma oportunidade única haveria de passar, e repassar sem que eles percebessem.
O que mais doía não era o fato de que os murros seriam derrubados, mas que de novo, seriam levantados em seus corações. A maior dor vinha da recusa estalada e solidificada no ser e nas entranhas daquela geração e não somente nos singulares momentos daqueles dias.
Dentro de si, havia um desejo impotente de trazê-los para perto, por isso suas lagrimas corriam abundantemente. Por isso seu coração colocava para fora toda aquela dor eterna de rejeição representada naquela gente.
Deus estava ali, mas preferiram adorar e idolatrar o Templo, a Lei, o Sábado e as Escrituras.
Gresder Sil
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