A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
sábado, 12 de março de 2011
Sexo visto na antiguidade como puro prazer.
O grande erro de interpretação dos antigos foi em ver o sexo como prazer momentâneo de auto-satisfação imediata. Foi daí que surgiu toda a questão dos estóicos contra os epicuristas da luta da nobre razão contra os desejos baixos do corpo, readaptada ao cristianismo na luta da carne pecaminosa contra o Espírito Santo. Foi com uma visão tão limitada dos prazeres sexuais que se formou a moralidade secular e filosófica antiga e a doutrina crista sobre tal influencia.
Muito alem do prazer imediato e da função de reprodução sexual, o sexo tratasse se algo essencial ao equilíbrio total do endivido humano, tratasse do seu bem estar geral e não de um simples momento de prazer. Sexo é vital como todo instinto que visa o funcionamento sadio do homem. Que promove o seu bem estar emocional e psicológico. Cujo prazer do ato é o mínimo do resultado positivo que ele proporciona ao ser dotado de sexualidade funcional e inerente.
Foi vendo erroneamente o sexo de um ângulo pejorativo de puro prazer momentâneo que se criou todo este tabu sobre o sexo como algo impuro que deveria ser rigorosamente racionado e policiado. Pois ao tratar de algo tão nocivo por si, de prazeres efêmeros, o homem deveria evitar o máximo possível a sua satisfação sexual que era apenas um mal necessário. E assim o cristão deveria buscar deleites duradores do céu e não prazeres passageiros da carne.
Mas sexo é apenas a ponta de uma estrutura complexo de instinto de funcionamento e reprodução humana. Seu prazer imediato é apenas uma forma inconsciente do mecanismo do instinto de garantir a sua continuidade necessária. O corpo humano funciona para necessitar de sexo como de água, de sono e de alimento. Pois tais instintos alem de vitais para a vida saudável do indivíduo, também garante a perpetuação contínua da espécie humana na terra.
Portanto se sexo por si mesmo fosse visto como garantia de bem estar humano geral e não simples prazer de momento, nossa moralidade ia partir de um outro ponto e não de uma interpretação equivocada de filosofias antigas. Cada época teve sua moralidade, e a moral de um tempo remoto, mesmo que em nome de Deus, não pode ser absoluta para todos os tempos e povos humanos. A não ser como instinto funcional que visa o bem do homem. Só o bem é absoluto.
Esdras Gregório
Escrito em 12/03/11
como texto da serie sistemática sobre sexualidade a-religiosa.
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Esdras Gregório
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9 comentários:
"Foi daí que surgiu toda a questão dos estóicos contra os epicuristas da luta da nobre razão contra os desejos baixos do corpo, readaptada ao cristianismo na luta da carne pecaminosa contra o Espírito Santo"
Gresder, permita-me uma observação.
Os epicuristas eram hedonistas que empregavam a razão na administração do prazer. Por exemplo, para que você obtivesse um prazer maior, eles entendiam ser necessária a privação de um prazer menor.
Os epicuristas foram utópicos na busca de alcançarem a ataraxia (gr. 'ataraktos': "imperturbado"), visto que o prazer não se eterniza e a sua experimentação acaba por causar um sofrimento mais quando ocorre a dor e a privação. E, com isto, tem-se o enfraquecimento do indivíduo no enfrentamento de diversas situações angustiosas. Veja, pois, que o celibato tem origens mais antiga do que o catolicismo romano ou o cristianismo.
Diferente dos povos do Médio Oriente, os gregos eram monógamos sendo provável que o celibato fosse praticado entre eles, o que aconteceu também em Roma com as vestais, as sacerdotisas virgens que deviam manter o fogo "sagrado" sempre aceso.
Para poder entender as razões disso, creio que é preciso não somente conhecer informações históricas como também utilizar conhecimentos de Psicologia.
No caso da 1ª Epístola de Paulo aos Coríntios, o apóstolo parece ter como seu principal argumento em favor do celibato a disponibilidade para que a pessoa dedicar-se melhor a Deus estando livre de preocupações seculares (7.25-35)
Vejo no texto bíblico em questão uma outra preocupação implícita que seria poupar as pessoas da Igreja das aflições da época. Pois, se levarmos em conta as perseguições sofridas pelos cristãos, seria mais fácil enfrentar aquelas situações angustiosas sem ter compromissos com esposas e filhos.
É possível que o catolicismo romano tenha recebido influência também das ideias romanas sobre o celibato, o qual chegou a ser combatido por Augusto. Sabe-se que muitos romanos pensavam que Roma se manteria enquanto fosse capaz de suscitar homens e mulheres virgens. Porém, consideravam que Roma iria perecer quando não tivesse mais força de gerar virgens. Talvez isto se explique porque um soldado ainda virgem poderia enfrentar melhor as dores de uma batalhas, permanecendo anos em combate e morrendo pela pátria, se necessário fosse. E, no caso da virgindade, considerando que as mulheres não iam pra guerra, creio que se tratava da garantia da unidade da estirpe das famílias romanas. Claro que a virgindade de uma vestal era radicalmente diferente da castidade de uma futura matrona.
Outrossim, talvez os romanos temessem que um tempo prolongado de vida celibatária dos jovens pudesse trazer consequências negativas quanto ao crescimento da população, o que talvez explique a importância de se ter valorizado a instituição matrimonial. As vestais, por exemplo, deveriam ser celibatárias até a idade madura dos 30 anos, quando então poderiam escolher entre ser virgens para sempre ou se casarem.
Além disso, é bem provável que também, no meio dos celibatários (entre os soldados ou entre as sacerdotizas), fosse comum o homossexualismo, o que, de alguma maneira poderia dificultar a geração de filhos, indispensáveis para se manter o futuro de uma nação fortemente militarizada. Daí talvez se explique o fato de Augusto ter combatido o celibato assim como se opôs à de cadência dos costumes ao tentar controlar a moral pública mediante a aprovação da lei suntuária e do casamento.
Levi,
Muito bem colocada a sua observação!
Para os judeus sempre prevaleceu o ideal matrimonial em que a geração de filhos é vista como uma benção divina, o que também era comum nas religiões da Antiguidade.
Entendo que o amor eros faz parte da relação do casal. Inclusive, no 'Shir Hashirim' (o Cântico dos Cânticos da nossa Bíblia cristã), contém versos eróticos que podemos considerar até como "picantes", de mostrando que o sexo entre o casal não pode destinar-se apenas à procriação de filhos, mas para a diversão.
Na própria Torá citada por você, certamente encontraremos uma passagem em que Abimeleque, rei dos filisteus, viu através de uma janela Isaque acariciando Rebeca, sua mulher (Gênesis 26.8).
Acontece que o verbo hebraico correspondente à palavra "acariciava", escolhida pelos tradutores da Bíblia para o português, significa brincar e vem da mesma raiz do nome de Isaque (Riso), dando a entender que Isaque e Rebeca estavam fazendo uma brincadeira de conteúdo sexual... coisa que gerou perplexidade para o moralismo equivocado dos primeiros tradutores da Bíblia para o português, como João Ferreira de Almeida e o Padre Figueiredo, sendo ainda um tabu para o público de leitores dos livros sagrados das Escrituras.
De qualquer modo, é bom ressaltar que a doutrina paulina critica as relações sexuais ilícitas e, um pouco diferente da primeira epóstola aos coríntios, Paulo dá conselhos sobre as viúvas na sua carta a Timóteo para que as mais novas se casassem:
"Portanto, aconselho que as viúvas mais jovens se casem, tenham filhos, administrem suas casas e não dêem ao inimigo nenhum motivo para maledicência." (1 Tm 4.14; NVI)
Contudo, gostaria de frizar que dentro da Bíblia há diversas teologias, ainda que o catolicismo romano tente unificar tudo através do dogmático posicionamento papal.
Em tempo!
Por volta do século I, já havia no próprio judaísmo uma concepção do sexo bem diferente da época em que foi escrita a Torá.
Após o cativeiro babilônico muita coisa mudou na religião judaica e mais ainda na época da dominação grega.
No livro Sabedoria de Salomão, de autoria anônima e, provavelmente, escrito na Alexandria do séc. I a.C., podemos notar como as coisas já tinham se modificado:
"Feliz a estéril imaculada
que desconhece a união pecaminosa:
obterá seu fruto na visita das almas.
Feliz também do eunuco
que não cometeu crimes com suas mãos,
não teve maus desejos contra o Senhor:
por sua fidelidade receberá graça especial
e um quinhão apetecível no Templo do Senhor."
(Sb 3.13-14; versão da Bíblia de Jerusalém - BJ)
Em Eclesiástico (não confundir com o Livro do Pregador que na Bíblia cristã aparece como Eclesiastes), pode-se perceber o pânico que os judeus da época da dominação grega tinham a respeito do pecado sexual:
"Não gires o teu olhar pelas ruas da cidade
e não vagueies por seus lugares desertos.
Desvia o teu olho de mulher formosa,
não fites beleza alheia.
Muitos se perderam por causa da beleza da mulher,
por sua causa o amor se inflama como o fogo.
Não te assentes nunca à mesa com mulher casada,
não banqueteies com ela tomando vinho,
a fim de que o desejo não te desvie para ela,
e, na tua paixão, escorregues para a perdição."
(Eclo 9.7-13; op. cit.)
Ambos os livros não integram as Escrituras Hebraicas, isto é, a Tanak, mas nos permitem compreender como pensavam os escritores do NT. Assim, nos três séculos que antecederam o cristianismo, o judaísmo viveu momentos marcantes de fundamentalismo religioso. Tratava-se de uma oposição à dominação cultural grega conforme é muito bem retratado em Macabeus I, sendo que, na época romana, a hostilidade entre gregos e judeus persistiu. Inclusive, na Palestina e também nas comunidades da diáspora (como em Alexandria), buscava-se reafirmar os valores judaicos, o que chegava a refletir sobre regras morais e casamentos com mulheres pagãs, comparado às vezes ao adultério.
Num ambiente desses, não fica difícil entender o porquê de se apedrejar a mulher adúltera (João 8.1-11) e da forte discriminação que existia contra a mulher samaritana que precisava tirar a água no poço ao meio dia (ver João 4).
Ora, quem escreveu os Evangelhos na certa já conhecia a literatura judaica de letras gregas das comunidades da diáspora. Mesmo que os autores das quatro biografias canônicas sobre Jesus tenham sido gregos, e não os discípulos da tradição católica (Mateus, Marcos, Lucas e João), fica ainda mais fácil de entender quais eram as concepções dos séculos I e II da era comum já que os tais escritores podiam ter acesso á Septuaginta e aos livros hoje chamados de deuterocanônicos.
No século II é a patrística que irá conduzir o pensamento cristão. E homens como Papias, Policarpo, Irineu e Clemente de Alexandria, considerados os pais da Igreja, eram gregos, o que aumentou mais ainda a distinção do pensamento cristão em relação ao pensamento judaico.
A conclusão que se tem é que nos séculos I e II, quando surgiu o cristianismo, havia uma concepção bem diferente do começo da Torá ou até mesmo dos tempos da monarquia davídica. Porém, aquele cristianismo primitivo, bem como na época seguinte dos pais da igreja, distinguia-se também da visão adotada em tempos posteriores pelo catolicismo romano ou pelos protestantes.
Que legal! Esta das virgens eu nem sabia. É muita bom a contribuição dos detalhes históricos, fiquem a vontade e eu mesmo só vou me ater e estou abordando de um modo generalizado alguns pontos chave para a construção de um pensamento demolidor.Aqui mesmo só falo da satisfação sexual no seu amplo sentido emocional, físico e psicológico do homem, coisas que o cristianismo nunca se quer abordou, mas antes só viu sexo para reprodução e prazer imediato.
Pois é, Gresder.
Não seriam as freiras católicas as vestais do cristianismo? E o papa uma substituição do pontífice do paganismo romano?
Sendo assim, vejo outra fonte de influência sobre a moral sexual cristã.
Infelizmente o protestantismo ainda não se libertou totalmente da moral católica, apesar dos pastores não estarem sujeitos ao celibato.
Alguém está assassinando a língua portuguesa:"endivido humano".
Seus textos até que são "atrativos", mas seus erros de português e preguiça de corrigi-los são irritantes e desestimulantes. Nota-se que mesmo com a ajuda do Word você tem preguiça de corrigir o que ele sublinha de vermelho...aff...erghh...rs.
E eu me pergunto que crédito intelectual podemos dar aos argumentos de um escritor que nem o básico de sua língua sabe?
Com certeza você pode melhorar isto se quiser.
Abraços!!!
VOCÊ É LOUCO ,POIS VERDADEIRAMENTE NÃO EXISTE PECADO SÓ A VONTADE DE PECAR QUE CONTINUA VIVA NOS SERES HUMANOS,EU TE PERGUNTO O DIABO EXISTE......ME FALA AI.....
Puta que pariu,povo não tem vergonha de jogar água fria no pensamento alheio. kkkkkkk
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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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