A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
domingo, 22 de agosto de 2010
“Verdade é subjetividade”
Mas o que é verdade mesmo? A verdade que acreditamos hoje ou a que vamos acreditar amanha. Visto ter sido o “engano” do nosso passado tão fundamental para nós chegarmos hoje a nossa verdade que não será mais verdade depois de amanha.
Qual é a verdade, Verdade? A verdade dos homens modernos ou dos nossos ancestrais primitivo e nações antigas que não mais existem? O que é verdade, a nossa a qual chegamos hoje na idade contemporânea ou a que chegaremos amanha em uma nova Era e milênio aonde todo conhecimento atual será apenas provisório e infantil para uma nova visão de realidade criada por um novo tempo e por novas realidades.
Qual verdade é mais Verdade, a verdade de quem esta dentro da caverna aprisionado ao seu modo de ver as coisas pelas sombras e nada sabe dos que estão no mundo de fora, ou a dos que contemplam a imensidão indecifrável e incógnita do universo ainda infimamente mal explorando?
Que sabe mais? Aqueles que não sabem nada ou aqueles que sabem que nada sabem sobre a origem inatingível da vida, explicada por mitos religiosos ou científicos?
Qual é a verdade mais Verdadeira, a verdade daquele que é feliz por não saber da infinitude inexorável daqueles que presumem estarem libertos das cavernas profundas da ignorância humana. Ou a verdade daqueles que sabem que estando livres para ver, somente enxergam às paredes limitantes de um universo contraditoriamente místico metafísico e cientificamente milagroso.
A verdade esta em movimento, como um circulo que abrange toda a extensão da vida, e apenas estamos nela em algum ponto de sua rotação, e por isso sempre acreditaremos nela de um ponto de vista, visto não podermos ter todos os ângulos possíveis, mas apenas de forma gradativa enxergar a cada dia melhor.
A verdade é subjetividade, cada um tem a sua, no seu tempo, na sua capacidade de entender, suportar e digerir. A verdade é a verdade nossa de cada dia, uma verdade por dia, uma desilusão por noite, uma redescoberta estonteante no esplendor do meio do dia, um retrocesso melancólico ao entardecer e um desdém filosófico agnóstico na contemplação da Verdade absoluta do amanhecer.
Verdade é como umbigo, cada um tem o seu, conforme quer crer, conforme quer ver, conforme se recusa em saber, conforme deseja, ou não desejar saber, que não quer querer saber. A verdade num mundo infinito aonde ninguém nunca a esgotara, não importa para um ser finito, cuja vida é um sopro que se esvai antes de ele tomar conhecimento de um milímetro de todo oceano de conhecimento que é a vida e a eternidade do ser e da matéria existente.
Mas qual é mesmo a verdade mais importante, a do homem ou da criança, a do ser humano ou do animal? O que importa se uma cidade é construída encima de um ninho de formiga, se elas estão felizes na sua mais absoluta ignorância da verdade dos homens que despreocupados e impiedosamente as pisa.
O que importa para uma criança o quanto é duro a realidade dos adultos sendo que elas nem ainda aprenderam a falar e escrever para ainda um dia ingressaram no mundo que ainda não se tornou a sua realidade, cujas verdades, só serão Verdades quando elas estiverem prontas para saber.
O que importa a porcaria da realidade de um ser humano comum para um altista, ou para um deficiente físico ou mental. Cada um tem o seu mundo, cada mundo tem a sua verdade, cada verdade tem sua lei, cada lei visa ou único bem absoluto de todos os entes sensíveis do universo que é a FELICIDADE.
Só a felicidade é absoluta, pois somente ela se atinge em todos os níveis de conhecimento, em todos os mundos individuais, em todas as realidades que atinge o ente no mundo, no seu mundo, no seu universo, criado pelo seu deus, e perturbado por seus demônios.
Cada um tem o seu absoluto e o seu conceber sobre a vida, pecado e morte, portanto que cada um siga a sua consciência não impondo sobre os outros seus próprios absolutos. Para cada mundo: uma lei; para cada consciência: uma moral; para cada caso: uma decisão; para cada individuo: uma vontade.
O que importa a verdade de que lá não sei aonde tal sujeito descobriu isso ou aquilo, o que importa a verdade da qual as matérias do universo são formadas por micro partículas, o que importa isso ou aquilo se tais verdades não me atingem, não me acrescentam ou me diminuir.
O que me importa a sua verdade se ela não me é útil, se ela não me eleva, se ela não me transforma, se ela não me faz um indivíduo feliz. Só a felicidade de cada ser neste mundo importa, conforme as suas estruturas, interpretações, sonhos, mentiras e verdades que só são verdades para ele.
A verdade é subjetividade, e a subjetividade é a busca solitária de cada um no seu universo interior em busca de sua felicidade. A felicidade é o bem máximo, o bem mais desejado, o bem mais buscado, a felicidade é o alvo supremo da vida. Cada um chama por um nome: Deus, amor, saúde, fé, amizade, dinheiro, prazer.
Mesmo assim a felicidade não é absoluta em seus meios, pois cada a um busca por um caminho. Que cada um acredite no que quiser, que cada um busque o que quiser. O direito de se crer em duendes por mais irreais que eles sejam para mim, é direito supremo de cada alma, cuja possibilidade de imaginações e sensações compõe a beleza diversa do mundo.
Qual triste seria o mundo se crescermos em uma só verdade, qual incolor, qual sem sabor, quão tirano seria seguir apenas a verdade dos libertos da caverna, sendo que cada caverna tem a sua profundidade com a sua multiplicidade de seres microscópios, cada um com a sua verdade, cada um com a sua necessidade para sobreviver.
Qual triste seria para um nativo que se deslumbra com o mistério sobrenatural da natureza, ter que acreditar que no mundo só existem: matéria e movimento, e não uma rica variedade de espíritos que dão sentido a sua interpretação transitória do mundo, do seu mundo, do seu deus, e conseqüentemente: do fim deste seu mundo por este seu deus.
Gresder Sil
Escrito originalmente em 05/06/10
Postado por
Esdras Gregório
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15 comentários:
GRESDER
Mesmo que tenha outroramente lido o seu comentário-texto, eu fiz questão de lê-lho novamente, pois realmente está “show de bola”.
Sem duvida alguma a “verdade” que mais nos afeta é aquela que eu denomino de “verdade afetiva”, o qual tem haver com o campo da subjetivação afetiva e emocional do sujeito pensante.
Já reparou que todos nós somos tendenciosos e pré-conceituosos em nossas leituras?
Ou seja, buscamos aquilo que tem haver conosco, com nossa identidade, com nosso mundo, com nossa realidade, com nosso chão “existencial existente”, com nossa percepção de verdade.
Inclusive, colo aqui, um trecho do comentário que fiz para o DUZINHO em seu blog, que tem haver muito, com sua postagem:
“......Acho que nem mesmo a pessoa em si, conseguirá um dia desvendar a si mesma, quanto mais o outro por ele mesmo.
Acho que a ciência partiu da própria universalidade caótica da psique humana para tentar explicar o cosmo.
Ou seja, cada pessoa cada mundo em si mesmo, cada mundo em si é um universo caótico de idéias, pensamentos, vontades, desejos e percepções.
Como explicar um ser por outro ser confuso em si???
O problema sempre esteve, não no individuo e em sua subjetividade, mas antes nos universais.
O problema de muitos filósofos - e Kant, era um deles - é que eles sempre acharam que o problema estava no individuo, que diga-se de passagem que é singular, por não conseguir seguir uma universalidade estática e padronizada”.
Abraços
GRESDER
Magnífico texto sobre a verdade e sua subjetividade.
Quando se pergunta sobre o que é verdade, a melhor resposta é o silêncio. Quando Pilatos perguntou a Cristo o que era a VERDADE, Ele respondeu com o silêncio.
Na verdade, Cristo já tinha lhe respondido antes com um “Tu o dizes!”
Na linguagem da confraria, essa emblemática frase poderia ser substituída por: “Porra! Tu é quem deve saber, pois a verdade vale para ti, não para mim!”
MÁRCIO
Magnífico! Que raio de pensamento deixaste aqui! Vou guardá-lo no meu caderno de aforismos.
Merece uma reprodução:
“Acho que a ciência partiu da própria universalidade caótica da psique humana para tentar explicar o cosmo”.
Descartes escreveu que "o que duvida de muitas coisas não é mais sábio do que o que nunca pensou nelas e, ao contrário, parece-me mais ignorante que este, se de algumas delas chegou a conceber opinião falsa". Diz alguma coisa sobre quem é o mais sábio: o que nada sabe ou o que sabe que nada sabe?
E vocês não vão falar nada do layout novo do Gresder?! Homens, aff!...
Abraço.
LEVI
Produzi esta perola de aforismo “Marciano”, mas nem me dei conta da dimensão e profundidade da mesma.
Que bom que você gostou, mas, melhor ainda foi o fato de você ter dito isto, se não, passaria “batido” por mim, e talvez por outros.....(ainda mais por ter sido dito por você que é um dos grandes mestres da blogosfera.....minha vaidade foi lá em cima. Rsrsrsrsr) vou colocar agora mesmo esta minha frase no link “frases de Marcio” lá no blog “outro evangelho”.....se quiser dá uma conferida e pegar mais algumas fique a vontade. Rsrsrsrsrsrs
Abraços
Marcio eu já tinha lido seu comentário para o Edu, mas como eu estou mias concentrado no MSN e no fecebook eu não li toda discussão de vocês.
Falar nisso você tem um perfil no fecebook?
Se não tem vamos todos para lá, é infinitamente melhor do que o Orkut no nosso caso dá para colocar o link das postagens da para colocar frases grandes para todos lerem.
Em fim da para divulgar nossos escritos, esta esperando o que?
Que é isso Levi!! Falando palavrão na minha sala do pensamento!! a ainda sugerindo que ...não vou nem falar é muita blasfêmia, tu aprendeste isso com o Edson no seu texto sobre o jogo de futebol onde Jesus era um técnico boca suja rsrs
Isaias a questão é exatamente esta neste mundo incomensurável de conhecimentos infinitamente mal explorando ninguém detém a verdade, nem os ignorantes e nem os “sábios” pois na dimensão do tamanho da verdade total todos estão em um ponto, e ninguém o detém ou percebe totalmente, sendo que se não existe uma verdade necessária para se crer, cada um tem a sua para se viver.
Um sábio africano dizia que existem pelo menos, três verdades: A minha, a sua, e A VERDADE!!
Li uma vez um apologeta que dizia que a verdade é simples de definir. Ele disse que se uma pessoa disser que o que é, e, e o que não é, não é, ela diz a verdade...
parece tão simples...
Puta que la mierda, esse é um post histórico, já que nunca dantes em mares blogais navegados pelo que me consta, o nosso mestre maior jamais houvera "falado" um palavrão. E blasfêmias das blasfêmias, (prefiro nem dizeer mas você disse Greser). Isso só pode ser mal influência do Noreda mesmo.
facebook é legal mesmo?
Ah, sim, Isa, perdoe essas nossas cabeças de machos. Gresder, que fofo, que lindo, que clean ficou seu blog.
Entao Edu foi o Isa que me ajudou, ou melhor ele tomou conta e fez tudo mesmo! eu queria dar uma nova cara e quem sabe dizer novas coisas, mas sei que vai ser dificil, pois eu escrevo sempre pensando no pessoal de campinas que ainda lê o que escrevo, mas prometo que vou me esforçar.
Edu
De qual cabeça tu estás falando? Dependendo da que for a gente dá um jeito de perdoar... kkkk
Pois eu acho que você deve mesmo diversificar os temas por aqui, coisa que eu já faço no olhar o tempo e também vou fazer na sala. As discussões teológicas da galera emperrou entre os que dizem que deus não existe mais (mas que não vivem sem falar dele...) e os que querem defender a validade da religião e da fé. O diálogo está ficando difícil, já que a galera que renegou o passado espiritual estão se tornando tão intolerantes quanto àqueles religiosos que eles denunciam a toda hora. Eu fico tentando equilibrar as coisas, mas tá difícil. Todo desequilíbrio é perigoso. O universo desde o início, buscou o equilíbrio, e eu procuro ser equilibrado. Não é fácil, pois a nossa tendência e defender com a faca nos dentes aquilo que nós achamos que é verdade.
Isa, fica calma, minha filha, a única cabeça que pensa você sabe que é a de cima. kkkkkkkk
"Só a felicidade de cada ser neste mundo importa, conforme as suas estruturas, interpretações, sonhos, mentiras e verdades que só são verdades para ele."
Seria interessante, se pudéssemos fazer a conta, quantos seres humanos viveram até hoje no planeta. Destes, quantos morreram de fome, de sede, de guerra, de outras violências... Quantos morreram infeizes, frustrados, justamente por não terem esta liberdade de decidirem por elas mesmas se querem ficar na sua caverna e não vender a sua alma por qualquer migalha. Se não se venderem a caverna fica sem luz, sem água... Que miséria!
A questão é: Como organizar o mundo para escapar desta pirâmide milenar, onde cada vez mais somos vítimas da infelicidade? Quando chegaremos à compreensão de que a felicidade/infelicidade/dor/fome/leveza não são produtos do acaso. Assim como de animais unicelulares evoluímos até o pensamento, parece-me que este pensamento tende a evoluir também, chegando em algum dia a um ponto onde tenhamos algumas coisas bem definidas e das quais ninguém mais discorda. Acho já temos algumas diretrizes: Fazer revoluções usando a força bruta é inútil; querer construir justiça dentro de uma pirâmide é ficar no mesmo lugar; todos têm o mesmo direito à felicidade (água, pão, conhecimento...), isto implica em criar um mundo sem posses, sem hierarquias, onde o que existe não é negociável (compra, vende). O sentimento de felicidade é diretamente proporcional ao mundo ideal. Acho que temos algumas dessas ideias no mundo de Cristo: Elevar o ser humano para mais próximo de seu ideal. Se ele quer ficar na caverna, ele é livre, se quer ser gay, que seja feliz, se acredita em ets, maravilhoso... O que é certo é que qualquer um é dono do mundo. Não de um mundo poluído, violento... mas de águas puras, de natureza farta. E que não precise apresentar a ninguém um papel que me defina.
Alceu muito boa sua contribuição, pena que eu estou de saída e não tenho muito tempo para dialogar, depois eu passo lá no seu blog, já coloquei ele na minha lista de blog que eu leu para ler suas postagens fresquinhas. Ate uma outra hora que eu tiver tempo e cabeça para fazer um comentário a altura do que você escreve.
A Verdade é Jesus, que é encarnação da Palavra de Deus. No entanto, a Verdade nos é revelada em âmbito subjetivo, dentro de nós e numa esfera que não é alcançada pela razão. É quando o homem aceita o que Deus diz a seu respeito e abre o seu interior para a iluminação divina. Então, ao curvar-se intimamente diante de seu Eterno Criador, convertendo-se, o homem passa a conhecer a Verdade e esta o liberta. E este conhecer não vem da mente ou do contrário ficaremos a indagar cegamente como Pilatos sobre o que é a verdade (João 18.38). Conhecer a Verdade é uma experiência vivificante, um re-encontro com a Vida, um retorno ao Criador.
Como a Verdade revela-se no íntimo de cada um, somos incapazes de converter ao outro, pois jamais podemos fazer com que o outro tenha a nossa mesma experiência individual de revelação. E foi por isso que apenas Paulo foi o único que sentiu o impacto da revelação de Jesus em sua vida quando cavalgava no caminho de Damasco para perseguir a Igreja, tendo apenas ele compreendido o sentido da voz que lhe falava (conf. Atos 22.9).
É certo que para os incrédulos isto parece loucura, mas é poder de Deus para quem crê e se rende a Jesus Cristo. E estes sim descobrem a verdadeira felicidade pois se trata de um estado que só pode ser experimentado quando ocorre uma reconciliação com o nosso Criador, o Autor da Vida. Uma felicidade que as coisas deste mundo não podem proporcionar porque todas as conquistas humanas são vaidade e incapazes de dar algum sentido à vida. Porém, os que são batizados na morte de Cristo e com Ele ressuscitam, podem sentir a alegria até diante de perdas, privações e da morte física.
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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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