A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
A revelação de um novo apocalipse
Era tarde da noite, o sono não vinha, na cabeça um turbilhão de pensamentos nebulosos, no coração a terrível impressão de uma grande responsabilidade por vir, não sei por que, mas eu tive medo. Estava exilado na solidão do meu próprio quarto, não queria mais ver os homens, pois eles não compreendiam que eu apenas queria mudar a grafia das letras e não o seu sentido.
Uma voz feminina, como se fosse falada carinhosamente por uma mãe, me despertou do sono acordado na qual eu estava completamente atordoado. Ela me disse: “vem e vê isto”, o chão sumiu , meu coração disparou, senti a sensação horrível de perder o conforto seguro de tudo que me induziram a crer ate aquele dia.
Ela disse: “olha aquela mulher” olhei e vi, ela era linda! Mas completamente artificial. Inteligência sem coração, criatividade sem vida, fora composta da união de três serviços prestados aos homens, ela se chamava a Rede! Mas lhe deram o apelido de Nuvem, pois cobria a extensão de toda a terra, e tudo estava armazenado Nela. Todos os homens se prostituiramn com Ela, todos entrarão a Ela, os seus dotes e favores satisfaziam todas as necessidades dos que tinha acesso ao seu interior. Ela era a besta de á muito tempo profetizado.
Era a visão do fim dos tempos. Um calor terrível assolou os habitantes da terra. A Rede proporá aos homens sarar a ferida da atmosfera através da completa libertação da fauna. Vi que a humanidade se rejubilou como nunca antes, pois nunca mais se faria nada com as arvores da terra. Então sob sua recomendação tudo que ate então fora escrito de papel, foi transferido para um lugar seguro na Nuvem. Uma grande crise assustou os homens naquela época, pois os artesãos da madeira e todo comércio que os abrangiam caíram sem quem ninguém pudesse impedir.
Os homens prostraram ante a Rede para que ela os salvasse, aos seus pés colocaram tudo o que tinha. Ordenou Ela que todo livro escrito e todo que pudesse ser reciclado fosse convertido em produtos novos para salvar a economia dos negociantes da terra. Os homens a adoravam por isso, a Ela se entregaram completamente, todo desejo e pensamento humanos estavam registrados e salvos sob o seu controle irrestrito. Quem quisesse ver agora os escritos humanos tinha que trafegar dentro das ondas da Nuvem. Tudo isso se decorrera no tempo de três olimpíadas e meia.
No céu embaixo do grande trono ouvi os gemidos mais agonizantes de toda a minha vida, era alma dos heróis que escreveram as escrituras para os santos, pois na terra, aproveitando que tudo que um dia foi escrito estava gravado agora, com um dedo só Ela deu o maior golpe na humanidade: deletou o Livro sagrado. Meu coração sentiu com os fieis uma agonia de morte que não morre, era uma dor insuperável. Desmaie ante aquela visão.
A voz me acordou e disse: “desperta! Ainda não acabou”, vi que o Ressuscitado reunira de dentre todos os recantos da Terra, homens de todas as tribos e línguas que guardaram no seu coração a Palavra do altíssimo. Eram todos virgens, pois não tinham se contaminado com a aquela mulher, e foi lhe dado a incumbência e o poder de entrarem nela sem se cadastrarem fazendo um código com ela, na qual nada se vendia e nem se comprava sem ter uma conta de acesso a seus serviços.
Senti naquele momento uma pontada muito dolorosa no coração, pois tinha aqueles remanescentes à missão delicada de reescrever todo conteúdo e essência do livro de Deus em outra linguagem não religiosa, pois a Rede não aceitava que se adorasse outro ídolo além dela, por isso seus programadores rastreavam e eliminava tudo o que se chamava Deus. Tudo da religião foi completamente abolida por ela, e assim criou se um sistema em que todos os homens pudessem falar por intermédio dela uma só língua, e uma só crença sem as divisões que a religião fazia.
Ao acordar da embriaguez de suas conquistas, ficou furiosa, pois descobriu que era impossível eliminar a Palavra, pois ela estava escrita como diamante no coração dos escolhidos. Deu-se naquele tempo uma grande perseguição aos fies da terra. Rapidamente os emissários escolhidos para escreverem sobre a essência do grande Livro, reunirão em discos o que aviam feitos e fugiram, ela os perseguiu no deserto, mas se não fosse o próprio Deus a impedir com tempestades o alcance dos olhos que ela tinha na órbita da atmosfera, os escolhidos não tinha escondido os discos em caverna dentro da terra.
Ouve se um grande estrondo no céu, o cálice da ira do Altíssimo tinha se enchido. Deus fez surgir das profundezas da terra um vírus que como ulcerações haveriam de paralisar a besta. Vi também que dos céus desciam anjos a qual navegavam sobre a Nuvem derramando do cálice da ira os germes que contaminavam a Rede, tinha aparência de homens, mas agiam como ratos, que entravam em todos os recantos do sistema e corroíam o que encontravam pela frente. Ouve se um desespero entre os homens, pois toda a sua vida estava entranhada naquela mulher, adoeceram com ela, sentiram a dor mortal de sua chaga.
A fera estava domada, ouve se um silêncio muito prolongado no céu. Por cerca de mil anos ela não mais foi acordada. Eram novos tempos, tudo voltara ao primitivo estado das coisas, sem a poluição e alimentos artificiais, os homens que morriam com menos de cem anos eram tidos como amaldiçoados. Os homens viviam num estado feliz de consciência adâmica, ate que foram achados os discos sagrados. A besta foi acorda, pois acharam necessário ler a escritura das paginas.
Ao ver aquilo, senti o desespero do pessimismo de coisas que não mudam, pois tudo começou novamente, como a remota profecia de milênios passados, de um eterno retorno, de um legendário mago da humanidade. Fez se reuniões para descobrir quais interpretações eram verdadeiras. Brigas e facções surgirão entre os homens. Concílios foram estabelecidos para canonizar as paginam consideradas mais ortodoxas.
Aos pouco a besta foi saindo do seu estado de sonolência e tomando o autocontrole, neste ponto eu não agüentei mais ver aquela visão e gritei: “isso não tem fim...”, “Não!!! Respondeu a voz, enquanto os homens não aprenderem que a Palavra de Deus como verdade penetrante é eterna e não se encerra na inflexibilidade da Letra das gravuras de pedras, pergaminhos antigos, folhas impressas e paginas imateriais, nem no modo de pensar e sentir de uma geração de homens de outra era, com as suas linguagens e culturas singulares. Mas sim escritas indelevelmente com letras ilegíveis nas tabuas do coração do homem, o Altíssimo não porá um fim a esta historia.”
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Símbolos do coração
Agora chegou a ocasião onde urge a necessidade de se escrever sobre Ele, sem que se às vezes se escreva o seu nome. Tendo em vista que simplesmente se referirmos a Ele desta forma, a mente terá que buscar nos recessos da consciência e da memória tudo a qual foi dito a seu respeito, com os conflitos do impacto que as suas palavras e ações produzem. Evitando que o simples ouvir do nome já desgastado pela religião lhe remeta a um simples ícone e símbolo de fé.
É necessário que ao expor, o outro tenha em mente que se fala Dele como Ele era no tempo em que se deu. Pois a sua designação hoje, mundialmente constituída carrega em si todo o acúmulo e acréscimo de perspectivas e esperanças que se fazem arbitrariamente a seu respeito. De forma que ao anunciá-lo pela linguagem e estruturas religiosas da humanidade, o entendimento há de se esbarrar não na pessoa em si, mas no conceito generalizado das pessoas que não sabem das implicações de vê-lo e senti-lo no seu contexto decisivo e real.
O homem no trajeto e desespero de suas vivências a de se agarrar em propostas de salvação que trazem em si, símbolos de esperança e misericórdia. De forma que qualquer outra coisa que represente isso, alivie o coração e suavize a dor nesta existência, será aceito como uma divindade para o coração, não se importado pela realidade e verdade histórica e factual deste ídolo. Portanto se o nome e tudo que ele representa hoje para o homem, desviar do foco, e não implicar a realidade visceral da existência do sujeito do nome, ele não será visto como foi em seu Ser e Agir, mas somente como símbolo e desejo do coração.
Ao se escrever Dele agora, que seja eliminando a sugestão religiosa que o seu nome tomou, mas de tal forma a vê-lo como homem despido da majestade em que a historia e mitologia beatificadora da religião o envolveu para prestar respeito exterior, sem as devidas decorrências das implicações subjetivas de desconstrução religiosa que ele propôs. Portanto hoje em dia, muitas vezes será necessário, segundo a proposta de um cristianismo sem religião, que ao anunciar seu evento, apenas se refira a Ele apontando-o como Ele foi, de forma a sermos transportados no tempo, a poder vê-lo sentado diante de nos.
Esdras Gregorio
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Esdras Gregório
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Partenogêneses, o nascimento de um deus
Se o Filho é coexistente eternamente com o Pai, então tal designação é apenas um titulo arbitrário e não uma relação filial verdadeira. Se filho é apenas uma função na intimidade das pessoas da divindade, então não temos uma relação real de pai e filho, mas uma sociedade corporativa na soberania administrativa do universo.
Mas se o Filho é de fato filho, então não existe uma igualdade entre Eles, mas filiação verdadeiramente biológica e afetiva. Tem que haver um tempo, antes de todas as coisas serem criadas, em que o Filho não existiu como ser autoconsciente, mas somente nos genes e nas entranhas do Pai. Para que assim o Pai pudesse dizer: “tu és meu filho e hoje te gerei”
Tem que haver um momento na eternidade em que o Pai decidiu gerar o filho de si mesmo, da sua própria natureza e caráter. O Filho é um com o Pai, pois herdou do Pai a sua constituição e temperamento no momento em que foi gerado. Mas é menor do que o Pai porque veio depois como um ser procedente, e Dele recebeu a sua essência como continuação espontânea da propia existência do Pai.
Apesar de Ele ser “um pouco menor que Deus”, tal relação não é a mesma dos outros seres, porque eles não são da mesma natureza intrínseca e índole hereditária do que o Pai. O Filho é único, é unigênito, ou seja: o único originado da mesma espécie. Com certeza o filho não é Deus, mas é Divino, pois é genética e genuinamente o único Filho de Deus.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
domingo, 20 de dezembro de 2009
A des-sacramentalisação da Ceia
Há de se chegar um tempo, se já não é chegado, em que toda refeição feita entre amigos (cujo teor e sentimentos a mesa forem à lembrança e os sentimentos de implicações que vem de crer no homem que foi levantado no madeiro) serão consideradas não mais como um simples lanche ou café. Mas como a mais pura e natural maneira de se fazer memória Dele, nas circunstâncias de um mundo religioso cristão completamente perdido na complexidade de pensamentos e metodologia onde só a essência do culto será justificada como fruto de uma verdadeira e derradeira expressão de fé.
Não mais é tempo de se ater aos elementos, como se por ele pudéssemos ser salvos. O nosso pão já não é o pão de outrora, o alimento básico da nossa civilização não é mais feito com o fermento das terras bíblicas, a nossa bebida já não e o sangue que corria nas veias da terra prometida. O mundo come outro pão agora, e o seu “vinho” já não tem a pureza daqueles tempos benditos. Quem quiser importar o trigo dos solos consagrados, por causa de suas consciências, não devem deixar de fazer. Mas quem, pelas demandas da sociedade não tiver tempo de pisar o lagar, que coma o que for produzido em massa pela indústria, desde que seu coração seja naquele momento de comunhão entre amigos de fé, transportado para o tempo onde vinho era vinho e não suco de uva.
A beatificação e fixidez deste momento, já não serão razoáveis onde o amor não fingido e a fé sincera de dois ou três reunidos, nem que seja na mesa de um “bar”, supera todo um ajuntamento, que possibilita de as pessoas estarem apesar de juntas, alienadas entre si, e solitárias na multidão. Não que na reunião do templo não possa haver vida e comunhão, mas para muitos desterrados por outros ou por si mesmos deste lugar seguro, o mundo é o templo agora. Para tais os muros sagrados caíram, mas o lugar santo ainda esta intacto em seus corações.
A de se ter coragem para acolher tal entendimento, mas principalmente respeito aos muitos que com fé simples permanecerão refletindo com a mesma estrutura de pensamento dos autores sagrados que calculavam que foi o sol que parou e não a terra, nos tempos primórdios daquelas eras canonizadas. Que cada um em tal tempo viva conforme a consciência de sua fé, já que os elementos e cerimônias não podem mais substituir a grandeza de uma simples refeição santificada pelo ambiente de cumplicidade e transparência daqueles que literalmente sentados a uma mesa, olhando um no olho do outro, se rasgão entre si na sua verdadeira humanidade de pecado, desesperos e esperanças ante o crucificado.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Uma observação sobre o “caminho”
Como critico e observador nato do comportamento religioso a partir da própria autocrítica de como a natureza religiosa se da em mim mesmo e depois nas pessoas em que convivo no seio da mesma fé e conflitos, apesar das gritantes diferenças de abordagem, naturalmente não pude deixar de fazer uma leitura ainda que rasa do processo social do movimento religioso “caminho da graça” a qual sinto afeição e apontar sete posturas equivocadas possíveis e reais.
A primeira é acreditar ou passar a idéia de que ali o evangelho é puro e apostólico, pois de fato tal ambiente cristão é apenas um modo distinto e específico da multiforme graça do evangelho, e não o evangelho em si, visto que ele é naturalmente universal e o máximo que qualquer igreja ou movimento pode fazer é uma adequação histórica cultural do evangelho nas conjunturas sociais dos indivíduos sujeitos a mensagem.
A segunda é a exclusão daqueles que excluem os outros, tachando as igrejas tradicionais de obsoletas e decadentes, pois além de ser a arrogância das arrogâncias, seria cair no mesmo erro que tanto criticam. Visto que se de fato são mais “iluminados” pelo evangelho deveriam entender a “fraqueza” dos demais irmãos. Coisa que não acontece, pois a igreja evangélica é vista generalizadamente como corrompida, e que o que pregam não é o Evangelho.
A terceira é empobrecer as pessoas querendo que elas bebam principalmente desta “nova” fonte desprezado milhares de fontes que jorram da mesma água viva do evangelho. Promovendo não pessoas absolutamente adultas e de fé e visão independentes, mas um movimento de indivíduos que sentem e pensam sobe uma mesma base de raciocínio e idéias comuns ao grupo, e não como realmente deveria ser numa auto-estrutura de pensamentos que são fruto da individualidade de uma fé adulta.
A quarto é acreditar que o conhecimento “libertador” das amarras da religião que possuem, seja por si mesmo libertador, pois tal verdade deve estar no coração e não na cabeça. A graça não é conceito que se deve crer corretamente, mas é a verdade subjetiva do ser que irrompe no coração independente do conhecimento mental dela. Milhares de corações são cheios de graça apesar de suas mentes estarem ainda presas ao entendimento legalista do evangelho.
A quinta é se preocupar em que as igrejas comuns os entendam, esquecendo que são eles que devem se preocupar em entender as demais, para não se tornam ao julgar o que não compreendem os fariseus dos fariseus. Pois a negatividade da institucionalização e moralismo é processo natural de todo movimento religioso, não implicando necessariamente o estado espiritual da pessoa que vê a partir do lugar histórico em que sua religião se encontra.
A sexta é deixar se criar uma idéia de sua “pureza” primitiva por não se ter pastores “papas”, templos “doutrinas” e instituidores. Pois na verdade só se troca os nomes e modos: pois ancião, bispo, mentores, igrejas, sala de reuniões etc. são sinônimos e não antíteses. Característica esta de seitas que tem aversão a todo modo tradicional religioso, como se a libertação destes modos fossem em si a solução do problema.
E a sétima é pensar que o evangelho sobe os modelos de uma igreja emergente é uma novidade da espiritualidade contemporânea, pois tal modo de ser e pensar esteve sempre presente na historia da Igreja como processo natural religioso na vida das instituições. Ou seja, acima de tudo um movimento de renovação de igrejas emergentes não é necessariamente uma ação espiritual no mundo, mas apenas uma reação natural ao processo de fossilização das instituições religiosa.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
A ovelha vestida de lobo
From: A OVELHA VESTIDA DE LOBO!...
To: contato@caiofabio.com
Sent: Monday, June 29, 2009 8:05 PM
Subject: o mais sofisticado e charmoso falso profeta da historia?
A ovelha vestida de lobo
Tudo nele cheira a falso profeta. O seu chame faz lembrar os antigos líderes de seitas norte americanas que arrastavam em massa, para a vida e para a morte, os seus seguidores extasiados. A sua postura em relação às instituições estabelecida não difere em nada dos autodenominados profetas que diziam que as denominações do cristianismo estavam corrompidas.
Alguns daqueles que a ele se ajuntam dizem estar cansados da hipocrisia e do legalismo dos evangélicos. Entretanto a missão e a proposta de reviver a pureza da igreja primitiva sempre foi “prerrogativa” das seitas emergentes. Ele não tem a nobreza de Moises, que recusou que a partir dele fosse criado um novo povo de Deus, mas ele está hoje para os crentes assim como Lutero estava para os católicos no passado.
Nele mesmo e em quem o ouve existe a impressão tangível de uma iluminação sem precedentes na historia do protestantismo. A elegância fascinante do seu articular e arrazoamento, e o frescor do novo libertador que brota de suas palavras, nos levam a ponderar se estamos em presença do mais esclarecido emissário de Deus, ou diante do mais sofisticado e charmoso falso profeta da historia.
Para completar o quadro na sua cosmovisão, existe a percepção e sensação escatológica de fim dos tempos e uma sutil síndrome de perseguição aos cristãos nominais. Quem com ele caminha sente um pouco da tensão apocalíptica que permeava os grupos de homens que na loucura de sua heresia chegaram até a determinar os tempos e datas da volta de Jesus.
Apesar de nenhum homem fazer historia, pois é a historia que faz o homem, ele é um enviado dos céus, para o bem ou para o mal, para o juízo ou para libertação. Todo grande homem revolucionário surge pelo anseio e necessidade do povo, num momento de contingência e crise que serve para evolução de uma sociedade ou civilização; mesmo que humanamente a mensagem que esse homem traga seja apenas mais um produto, como novidade a ser consumida.
A igreja evangélica vacilou demais, criou pela sua intransigência uma critica poderosa contra si mesma. E cá estamos com este homem que apesar da sua contradição de não querer instituir se torna uma nova subdivisão no cristianismo. Apesar de a aparência dele sugestionar a idéia de ser um falso profeta ele é paradoxalmente uma ovelha disfarçada na capa de um lobo sedutor.
Como tudo que Deus usa para comunicar a sua Palavra é apenas um veiculo de transmissão, com todas as propriedades inerentes de insuficiência, contradição e equívocos humanos, quer sejam instituições, homens, escrituras ou sermões, sem duvida nenhuma ele, com toda a sua insígnia de apóstata, é uma Cidade de Refugio para os marginalizados pela exclusão sócio-espiritual que a igreja faz de gente boa, mas que nela não se encaixa. E, sobretudo, ele é uma voz profética aos evangélicos moralista desta nação de show gospel e pregação motivacional que gera o povo mais sem noção desta terra.
Nele, que não nos deixou sem o Caio,
Com carinho sincero ao Caio Fabio e aos Evangélicos
Esdras Gregório
(autor do livro “a arte dos sofistas na pregação pentecostal” editora Jeová Nissi, RJ 2008)
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Resposta:
Querido Esdras: Graça e Paz!
Conquanto a carta seja sobre mim e não a mim, tomei a liberdade de respondê-la a você, visto que senti o seu carinho.
Que eu não tenho a dignidade de Moisés e de nenhum deles, é fato mais que real, mas não é porque Moisés não tenha querido fazer nascer um povo, e eu supostamente sim, pois, de fato, não crio nenhum povo, e nem tampouco o organizo para nada, visto que o povo hoje é espalhado e supra-étnico, e quem o reúne não é um homem, e nem tampouco a “igreja”; pois o único poder que pode de fato reunir os filhos de Deus que andam dispersos é a Cruz de Jesus.
Assim, apenas tento me manter fixo na Cruz, com alegria; pois é da Cruz que grito aos que queiram ouvir, embora apenas diga: “Venham! Aqui é o Refúgio!”
Também peço a Deus que me livre de criar subdivisão de qualquer coisa. Especialmente do Cristianismo.
Não estou aqui para dividir, mas para reunir os que amam o Evangelho, clamando a todos que se ajuntem sob e à volta da Cruz.
O que me impressiona é o fato de que o fenômeno que apareceu 300 anos depois de Jesus, o Cristianismo, tenha se tornado na referencia das referencias; posto que eu, ignorando o Cristianismo, busco a simplicidade da fé conforme “os do Caminho” no livro de Atos e conforme o modo existencialmente “hebreu” da proposta de Jesus, mas, mesmo assim, para alguns, a minha viagem regressiva deveria no máximo ir até 300 anos antes de chegar ao seu berço histórico verdadeiro, Jesus. Assim, para alguns, até a minha vontade de voltar e deitar na manjedoura da Graça deve parar antes na viagem de volta, visto que Constantino se tornou a referencia... Sim, parece que se tem a permissão para ir até o Cristianismo de Constantino... Mas não se deve passar daí até a vereda simples do Evangelho sem poder humano...
Voltando ao que eu supostamente estaria criando...
Ora, é possível fazer subdivisão do Cristianismo, mas não é possível fazer subdivisão do verdadeiro povo de Deus.
Sim, o povo de Deus é indivisível, e ele não se restringe ao Cristianismo, embora exista também dentro do ambiente do Cristianismo. Entretanto, ainda assim não se está falando do ideal a ser buscado, o qual nada tem a ver com o Cristianismo. O lugar do povo de Deus é na Igreja e não no Cristianismo. Pode haver cristãos no Cristianismo, mas não deve haver uma gota de Cristianismo no verdadeiro cristão, visto que o cristão deve ser como Cristo, mas jamais como o Cristianismo, posto que o Cristianismo seja um filho de proveta do Imperador Constantino.
É por isto que eu jamais buscaria fazer e me tornar uma subdivisão do Cristianismo.
Portanto, minha viagem no tempo não pára no Cristianismo!...
Afinal, quero deitar no berço do amor, não na cama do Imperador!
Meu mundo apenas “roda” entre a manjedoura e a elevação do Rei ao Trono eterno após a Ressurreição.
Constantino, no entanto, é um constantino... É uma constância insistente..., um zumbi que não morre nunca...
Desse modo, mesmo querendo viajar para o lugar primitivo da simplicidade do Evangelho, tentam parar-me pela interpretação que julga que ... a)...estou criando um povo; b)...estou criando uma subdivisão do Cristianismo; o que é pior do que botar remendo de pano novo em vestes velhas, ou ainda vinho novo em odres velhos.
Na realidade não tenho a intenção de criar nada, pois, de fato, creio que tudo o que se busca criar em nome de Deus já nasce fracassado...
Quem cria é Deus. E cria pela Palavra do Seu poder.
Eu apenas prego. Mas não olho para frente e vejo um povo, um movimento, um grande poder humano, uma grande influencia na Terra...
Não! Não vejo nada além dos que vejo agora, bem diante de mim... Vejo hoje. Vejo agora. Hoje me basta.
Para o futuro, tudo o que vejo no mundo é a morte da fé e a luta indômita de todos os que desejarem se manter em Jesus e no amor de Deus.
No entanto, meu mano, não dá para dizer que sofro de Síndrome de Perseguição aos Cristãos nominais... Primeiro porque eu não “sofro”... De fato, sofro mesmo, mas não é de síndrome persecutória... E por que sofro? Ora, sofro porque amo. Amo a toda gente deste mundo. Por isto, pergunto: Como não amaria o povo humano em meio ao qual nasci e que é todo ele cristão?
Não é fácil amar tanta gente e viver em freqüente antagonismo contra muitas práticas dessas mesmas pessoas exatamente por amá-las.
O que eu ganho buscando tal enfrentamento?
Sim, se não creio que acontecerá nada além do que está acontecendo com pessoas hoje, mas sem grandes viradas históricas massivas!?...
Tudo o que não sou é paranóico. Se fosse teria ficado mesmo... Rsrsrs. Mas é porque não sou paranóico que não valorizo as agressões que recebo, as quais agora estão virando até “paranóia minha”... Sim, justamente apenas porque os que antes faziam ostensivamente a perseguição agora temem fazê-la, pois, antes, me julgavam morto e sozinho, e hoje me pensam vivo e muito bem acompanhado...
Então, agora, a coisa está assim:... virando “sutil paranóia” minha...
Acho tudo muito engraçado!...
Alguém pode negar que antes os evangélicos me “amavam”?...
Alguém pode negar que meu único agravo aos evangélicos tenha sido apenas o que decidi acerca de minha própria existência, não importando se estava certo ou errado?
Alguém pode negar que fui considerado morto e que como tal fui tratado, sem que ninguém perguntasse se eu ainda vivia?
Alguém pode negar o fato de que em tais circunstancias minha melhor ajuda aos evangélicos seja ser exatamente o que para eles eu me tornei?
A história é a seguinte:
Você está morrendo... Mas eles batem em você até a morte. Então, como você não morre e nem fica “caído” no chão..., mas levanta e parte para cima dos agressores... indagando acerca de tal loucura... , sendo eles frouxos, correm...; e, por isto, você se torne o agressivo aos olhos dos mesmos que viram você caído na estrada, ferido de morte, e nada fizeram...
Desse modo, em tal meio, você se torna culpado até de ter sobrevivido muito bem em Deus!
Sim, se você passa adiante... e segue seu caminho, mas não deseja mais a companhia deles... mais adiante escrevem a você e dizem que você sofre de uma “sutil síndrome de perseguição”... ou que você está amargurado... Amargurado eu estive, mas não hoje... Mas quando eu estava amargurado eles nem notavam, pois estavam ocupados demais tentando me matar de vez...
Ora, hoje, quando me acusam de qualquer coisa, sinto muita misericórdia do engano auto-imposto..., em razão do qual algumas pessoas têm a coragem de me acusar sei lá do quê.
Eu não persigo os evangélicos...
Afinal, que poder teria eu para efetivamente fazer isto mesmo que desejasse?... [e nunca foi e nem será o caso!]
Não! Não é nada disso!...
Afinal, apenas sigo pregando o Evangelho...
Todavia, pergunto: será que a tal perseguição minha aos evangélicos não seria apenas a entregação dos próprios evangélicos acerca do fato que o Evangelho se lhes tornou antagônico?
Quanto à ovelha vestida de lobo, creio que seja apenas o vício religioso de ver lobo nas aparências e de ver ovelhas nas aparências...
Eu não vejo nada assim...
Vejo como Jesus mandou que víssemos..., não importando a cara, o cabelo, a imagem, o lugar, o modo, o jeito, as palavras, os sinais de milagres, profecias, curas, prodígios ou a ausência deles!
“João Batista nunca fez nenhum sinal, mas tudo quanto disse acerca de Jesus era verdade!”
Portanto, vejo apenas o conteúdo, o fruto.
Jesus disse que era apenas pelo fruto da vida, do amor, da paz, da graça, da misericórdia, da sinceridade com Deus e com a Palavra, que se poderia ver, discernir e provar o fruto da existência de um homem.
A usar o critério das aparências como chamaríamos Elias e João Batista? De lobos vestidos de peles de cabras? Ou de ovelhas vestidas de cabras?
Mano, eu sei que você escreveu com todo amor deste mundo, mas precisava dizer a você que sou muito menos do que você imagina, e que minhas intenções nem existem como intenções, pois, minha confiança no Senhor é tanta que não planejo nada... Não uso nenhum sentido de posicionamento estratégico, não tenho nenhuma agenda oculta ou sonho grandioso.
Quanto ao sentido escatológico do tencionemento que você detecta em minha existência, peço ao Senhor que jamais o deixe morrer em mim, pois, no dia em que acontecer tudo morrerá em meu ser.
Andar com Jesus é um caminho de expectação escatológico/existencial todos os dias...
Quem não carrega esse surto de expectativa e de significação em sua existência histórica, existirá sem saber o que seja de fato andar com Jesus estando no mundo sem ser do mundo.
Agora pense:
Se você olha para essa porcariazinha aqui que sou eu, e vê essas coisas grandiosas que você viu, ou mesmo as “contraditórias” que você mencionou — como cara de lobo em natureza real de ovelha —, o que você acha que Jesus suscitou nos dias Dele?
“Este menino será objeto de contradição, a fim de que se manifestem os pensamentos ocultos de muitos corações” — decretou Simeão.
Se eu me tornar apenas um chaveirinho dessa contradição já me sentirei galardoado pelo simples fato de assim poder viver e significar as coisas aos sentidos do mundo.
O fato é que sinto que os cristãos ficaram tão pedrados pelo culto moral à imagem e pela estética da “santificação religiosa” [bem à moda dos fariseus], que, hoje, eu poderia dizer tudo o que digo, sem perseguições, se apenas algumas coisas fossem feitas por mim..., a saber:
1ª – me tornar membro de um conselho de pastores;
2ª aceitar pregar em eventos de “líderes”, dizendo sempre: “Nós”, “nosso povo”, “nosso lado”, “nosso crescimento”, “nossos interesses”...;
3ª cortar o cabelo, a barba, vestir gravata, falar de modo a carregar o sotaque do gueto, e, sobretudo, exaltar o fato de que “se está crescendo é porque está bem”...
Pronto! Basta fazer isto e tudo volta a ser como dantes no Quartel de Abrantes...
Entretanto..., digo que enquanto os evangélicos ficam buscando sinais de lobos em roupas, cabelos, barbas, ou formas pessoais de personalidade não clonada pela “igreja” — os verdadeiros lobos botam paletó e gravata, arrumam o cabelo com gel, botam um anel de bispo no dedo, evocam um título qualquer, contratam “seguranças”, levantam dinheiro, organizam eventos, representam a “igreja” junto às autoridades, e falam em nome de Deus sob os améns do povo abençoadamente cego...
Quanto a mim, creia: sou apenas uma ovelha com cara de homem!
Receba meu amor e meu carinho; e mais: meu desejo de poder conhecer você em breve.
Achei o título do seu livro muito sugestivo e gostaria de lê-lo. Como posso encontrá-lo?
Nele, em Quem somos apenas quem Ele nos designou para ser, isso se nosso coração não tiver medo de ser,
Caio
1 de julho de 2009
Manaus
AM
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Esdras Gregório
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
A literalidade do Éden
Fruto proibido, arvore da Vida, serpente que fala e que anda (ou voa, quem sabe?). Tudo isso soa meio fabuloso demais. Parece uma historia contada para a infância da humanidade. Pois atualmente a narração literal do Éden não tem nenhuma graça.
Ai o homem cresce e se pergunta: mito ou realidade, literal ou fictício, fato ou poesia. Porque não tudo isso? Porque não a possibilidade de o literal se tornar essencialmente literário. E porque não a literatura ser o retrato poético de uma realidade bruta, crua.
Toda essa sensação de absurdo patético que às vezes sentimos na vida, reincide na realidade de não estarmos no nosso estado natural de ser e existir em Deus e no mundo. A Queda é real, apenas Moises que era meio poético.
Ao se esbarrar no poema do enredo desta historia a mente cética a descarta por completa, como pessoas que ao jogar a frauda suja da criança joga fora o bebe também. Mas e ai! Porque para alguns não desse a trama do Éden com todo seu teor mitológico, Adão e Eva não existiram?
Isso é crucial trata-se de uma necessidade lógica, pois ate mesmo a ciência evolutiva precisa de um primeiro casal, um adão macaco, uma Eva chimpanzé. A questão não é se eles são personagens reais, mas sim que é absolutamente imperativo que eles tenham que ter existido em carne e osso. Pois estamos aqui, somos galhos e frutos de uma só raiz e semente.
De uma coisa eu estou certo, o Paraíso foi perdido com todos os seus detalhes palpáveis, mas literalmente existiu com toda a sua profundidade de significados e riquezas de interpretações, quer existencial metafísica ou alegórica religiosas. Agora só não venham me contar que a serpente falou, pois isso com certeza é invenção da mente fértil de Eva para ludibriar o pobre coitado do Adão.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
O dia em que Deus chorou
Enquanto do monte, olhava a cidade, lagrimas corriam de seu rosto. Enquanto a observava no apogeu do seu presente, na mente toda a historia passada e futura daquele lugar se descortinava diante dos seus olhos.
Não podia deixar de sentir todo o drama vivido ali, posto que eles estivessem inseparavelmente ligados a si mesmo e ao seu evento inevitável. Não dava para não ver que uma oportunidade única haveria de passar, e repassar sem que eles percebessem.
O que mais doía não era o fato de que os murros seriam derrubados, mas que de novo, seriam levantados em seus corações. A maior dor vinha da recusa estalada e solidificada no ser e nas entranhas daquela geração e não somente nos singulares momentos daqueles dias.
Dentro de si, havia um desejo impotente de trazê-los para perto, por isso suas lagrimas corriam abundantemente. Por isso seu coração colocava para fora toda aquela dor eterna de rejeição representada naquela gente.
Deus estava ali, mas preferiram adorar e idolatrar o Templo, a Lei, o Sábado e as Escrituras.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
O QUE É GRAÇA?
Uma perspectiva filosófica subjetiva sobre a graça
Reflexão primeira:
A graça é ser e estar salvo em todo o tempo enquanto se andar pelo Caminho; mesmo quando nossos pés estiverem sujos.
Tal graça é esta circunstância de ser salvo enquanto o coração estiver na disposição na qual Deus se manifesta. Mesmo se na trajetória os pés se emporcalharem; mesmo quando caído, pelo tropeçar das pedras que há no Caminho.
E, especialmente: mesmo quando na lama do pó desta terra misturada com a saliva de nossa arrogância mais as lagrimas de nosso arrependimento, a nossa alma patinar em desespero e abandono perante Deus
Sendo atributo de um Ser imutável ela é estável na existência de quem a recebe. Não se perde aqui e depois se recupera ali, não e inconstante assim como o seu receptor, não esta sujeita as probabilidades acidentais e imprevisíveis que atuam sobre o homem.
Graça é a posição de bem-aventurança existencial eterna na qual Deus firmemente se encontra. Para o homem esta graça é a experimentação de um grau de eternidade no tempo, de uma constância de propósitos firmados na constituição mais vital da psique da alma humana
Graça por tanto, é um condição estável profunda do ser, daqueles que em quanto no pó desta terra, estão sujeitos as inconstâncias e contradições da superfície do ser e, das expressões conseqüentes da personalidade humana Caída.
Nenhum pecado que procedem da contingência de existir, de qualquer espécie, tira o homem de tal condição, por que a graça no homem assim como Deus, não muda conforme a instabilidade do ser humano. A graça não tem expectativas quanto ao proceder individual, antes, já pressupõe a sua infidelidade.
Ela é a vida de Deus no homem, nenhum incidente faz com que o homem a perca. Pecado é uma atitude no tempo, e não necessariamente um estado decidido no íntimo da vontade. Isso considerando que todos os pecados isolados de quem esta no Caminho são atos de escolha consciente ou acidental e, não um estado de ser.
Só quando o homem vive em presença de Deus é que a violação de seus mandamentos ganha sentido, pois tal infração é a perturbação de um nível saudável de ser e existir em Deus. Pecado só é, quando diante de Deus. É Deus que da a sua significação. Fora Dele não a vida, não a transgressão, não a graça não a nada. Condenação é o estado terrível de não se ser nada para Deus.
Reflexão segunda:
A graça é a probabilidade da circunstância do homem de ser livre do pecado no ser, ao mesmo tempo em que se é ainda, escravo do pecado no existir.
A graça é esta possibilidade impossível de ser simultaneamente santo e pecador; santo no ser, pecador no fazer. Pecador, pelo pecado consistir em acidente inevitável na trajetória histórica em que se da no tempo, e não necessariamente um mal que domina a essência do ser daquele que vive sobre a atuação da graça, que esta de modo pertinente cativo a esta graça.
Só na alma humana existe verdadeira liberdade. Mas o Corpo e a constituição do individuo estão sujeitos aos objetos, ações, coisas e movimentos que atuam no universo de eventos e fatos materiais, numa interligação complexa de circunstancias, onde mesmo a alma desejando o bem, pratica o mal pela força imperativa de pressões que incidem sobre ela.
Na alma a vontade é livre na escolha da sua postura quanto à reação aos acontecimentos que sucedem sobre a existência material. Na alma se decide questões e vontades que formão a composição de um ente ímpio ou de um ser suscetível a graça. Entretanto, no existir terreno a pessoa não tem o absoluto controle de desejos e emoções com a mesma firmeza da alma.
No existir o ser é escravo de uma condição de vida profundamente comprometida pela Queda da humanidade. Onde as vontades e instintos afetados nem sempre se sujeitam as determinações sadias do ente regenerado.
Uma vez sob o estado de graça a alma que esta livre da condição essencial da corrupção do ser, ainda não esta completamente livre das implicações de existir sobre um mundo em grau de degeneração.
Estar livre do pecado no ser corresponde ao coração dominado pelos princípios de verdade, justiça e misericórdia que repousa nas disposições mais consolidadas da constituição deste ser. Não há dubiedade na alma, uma vez que a alma ou coração consiste exatamente numa decisão única, objetiva e moral que determinam a condição espiritual incondicional desta pessoa.
No entanto, permanecer escravo do pecado no existir, é estar sujeito as demandas poderosas de anseios, equívocos e fatalidades que ocorrem fora do controle absoluto da esfera de ação das decisões do coração. Porem sendo a alma boa, o mal procedente de existir em tal condição, tem seu limite de atuação neste ser. De forma que o pecado sempre será conseqüência de um descontrole da vontade no processo de existir, e não o fruto destrutivo e pretensioso de um ser profundamente degenerado.
A degeneração externa da natureza encontra na graça a sua fronteira. Graça é isso: o pecado que perturba o viver-existir da criatura piedosa, não tem poder sobre a alma de tal ser-santo, visto que as disposições de tal coração emanam de um estado de espírito profundamente virtuoso, e absolutamente aberto para Deus.
Reflexão terceira:
A graça é o poder contraditório de atração, exercido sobre o nosso ser, que faz com que ate mesmo os nossos pecados e conflitos nos aproximem de Deus.
Toda confusão e, preocupações que o pecado produz, quanto ao próprio estado moral diante de Deus, já é condição sem a qual não se vive de fato, perante Ele. Estar diante Dele em graça, é estar exatamente como um ser que foi sublinhado o fato de ele estar encurralado pelo pecado.
A graça não exclui a posição e classificação de pecador, e nem elimina o mal na existência, antes detecta e ressalta o pecado, deixando o homem suspenso e desnudo diante de Deus. Esta graça não é antítese da Lei, antes é a própria Lei como meio de graça, que revela um entendimento necessário como condição de estar na presença de Deus na mais absoluta verdade: a verdade do próprio pecado.
A graça não é basicamente paz de espírito, mas sim é o eu do homem posto em confrontação com os seus pecados diante do Santo. Graça são as experimentações de uma estância de crise e tensão pela condição de impasse e embaraço que o pecado suscita na consciência do homem. Na graça o pecado não se erradica antes se releva como um problema ininterruptamente contínuo e gigantescamente mal resolvido.
O estado de graça é a revelação da verdadeira e constante situação do homem diante de Deus: um ser que interiormente se dilacera entre o Paz e a culpa a Lei e a liberdade. Cuja intimo do homem, sob o imperativo Lei, se debate e se despedaça na questão visceral de nunca encontrar um meio preventivo contra o pecado. A graça é esta contradição irremovível fundamental para o salto da fé sem apoios.
Se o homem crê na impossibilidade da obediência aos mandamentos, a Lei moral esta em seu encalço como verdade absoluta e irrevogável sobre a sua consciência, mas se ele acredita na possibilidade da santidade, o pecado como realidade gritante na sua carne, rouba-lhe as paz e suas seguranças. Nem a regra ou liberdade estão para o homem, mas sim a não mensurável e incompreensível: Graça.
O pecado de quem esta, pela graça, aberto para Deus, não tem o poder de afastá-lo Dele, antes o coloca diretamente, e sem saída, em sua Presença, num estado de agitação de ser e indagação persiste quanto as suas escolhas possíveis e possibilidades de escolhas, onde o homem não tem como esquivar por o pecado ter implicações diretas na sua relação com a continuidade da inteireza da disposição moral de sua alma. Quão quanto todo o seu conflito só aumenta a sua responsabilidade como também a sua consciência de incapacidade.
É no pecado que o homem percebe que a Face de Deus esta ali, diante dele, o perscrutando e inquirindo do homem uma posição. Mesmo que nenhuma disposição o torne em condição de aceitável ou livre desta crise do ser. A graça é essa trajetória trágica, em que Deus conduz o homem ao autoconhecimento da sua incapacidade de nunca poder estar perante Ele a não ser: em pecado. Mas poder estar diante Dele em qualquer condição, já é em absoluto: toda a Graça.
Reflexão quarta:
A graça é força irresistível do evangelho que atua em nos, pela verdade que persuade e domina o ser na esfera mais profunda e consistente da alma humana.
Em tal estado de graça o ser se sente tão irreversivelmente ligado ao evangelho da mesma forma que estamos irremediavelmente presos a natureza e a condição humana. Uma vez que graça não é movimento ou objeto desta dimensão terrena, mas um processo ininterrupto de composição imaterial no domínio mais íntimo da vontade e das decisões humanas, nem um poder de coisas e eventos da existência material, podem interromper tal ação de designo eterno de Deus no coração do homem.
Perdão, lei, contrição, paz e culpa são termos humanos usados a fim de se explicar a tentativa e o procedimento de ligação do homem com Deus que se faz em todas as religiões. Mas a graça não é o mero perdão como acesso a Deus numa lei de mérito de arrependimento, ou causa e efeito na relação do humano com o Divino, mas um estado espiritual da constituição mais fundamental do ser do homem, que não se altera por decisões inconstantes tomadas no palco da existência contraditória da superfície deste ser.
O homem na existência esta sujeito não só as força dos episódios que sucedem sobre ele, como também a própria modificação natural que vem pelo passar do tempo. A própria maneira de ver e reagir de cada um advém das condições características de existência especial e particular. Particularidades estas que pela graça não tem poder de influir na decisão mais objetiva da alma.
Se na existência existe variações de vontades e inconstância de decisões pela subjugação do homem a complexidade do mundo de eventos e possibilidades. Na esfera do ser a graça é essa força irresistível sobre o coração, cujas variações e incidentes da existência não podem suprimir. Nada fora da alma a não ser uma decisão do próprio coração podem tirar o homem deste estado de segurança absoluta a que se chama graça, contra os acontecimentos no corpo e no campo das sensações humanas.
Portanto graça é à força da revelação do evangelho no coração que cativa o homem de tal forma, mesmo acontecendo os episódios mais trágicos não prescritos para o ente humano sujeito a lei de Deus. Graça é essa verdade incontestável na nossa consciência, cujo poder de acidentes, quedas e reincidências não alteram e nem suprimem o seu efeito no nosso coração. Em suma a graça é a segurança eterna da salvação daquele que crê.
Reflexão quinta:
A graça é a condescendência de Deus de vivermos ainda sobre um estado de graça a despeito da nossa incompreensão e ignorância quanto a ela.
Uma vez que a graça é todo um processo interno que se passa na alma do ser humano, e não basicamente uma metodologia verificável na personalidade do individuo, ela sempre será vista conforme a capacidade e entendimento particular de cada um.
A graça é um ato comum e indivisível de Deus feito no ser do homem, mas manifesto conforme as muitas formas de expressão da personalidade do homem nestas infinidades de possibilidades de experiência de existência humana.
Portanto a graça não é conceito a que se deve crer corretamente para se ser salvo, mas procedimento espiritual feito no homem sem a necessidade da sua exata verificação, visto que o que si é possível observar dela, se da apenas no campo das suas ilimitadas experiências como conseqüência do que si é feito no mais intimo do ser do homem.
A verdade total desta graça é vista somente por Deus, e não se impõe na tirania de um conceito doutrinário em que se é necessário crer perfeitamente para se ser alvo desta graça, mas procedimento que apesar de único e absoluto é operado, percebido e vivenciado na relatividade da subjetividade humana.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sábado, 21 de novembro de 2009
Graça escandalosa
Não da mais para não ver e não sentir que quando ele disse: “os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus” não estava implícito um dos maiores mistérios generosos de Sua Graça. É inegável que milhões nesta terra escravizados por toda sorte de desvios naturais, e vitimas de tragédias existências e exclusões sociais morrem carregando consigo desde a muito um pedido profundo de libertação e misericórdia.
Milhares e milhares de prostitutas, viciados, drogados, antinaturais, marginais, doentes mentais, mutilados e famintos de pão desta terra, apesar de não encontrarem nesta vida a completa libertação entrarão no Reino adiante de todos aqueles que têm capacidade para serem justos e misericordiosos e não o fazem. Pois muitos destes outros sendo vitimas e os últimos na escala da extensão e alcance da miséria humana, no fundo de seus corações crêem e anseiam uma libertação.
Como a nossa mente pode ser tão pobre de pensar que se caso o ladrão da cruz não tivesse sido executado aquele dia, ele não teria a “sorte” do perdão. Pois ao contrario do outro ele já carregava em seu coração o anseio de libertação e desejo de perdão por tantos crimes cometidos. Não são palavras mágicas na hora de morrer, não são senhas bíblicas e evangélicas que a pessoa fala com a boca. Mas antes de tudo e o que determina a salvação de uma pessoa é a leitura que o Espírito faz dos gemidos anteriores e constantes do coração cansado e sobrecarregado do fardo que a existência lhes impôs sem o seu são consentimento e plena capacidade de rejeição.
Só tal entendimento com diz com o espírito do Evangelho da Graça que quando atinge em cheio é capas de transformar completamente, mas que os seu respingos e sobras que caem da mesa já é o suficiente para salvar o pecador ainda não transformado pela religião cristã. Como se tal conversão fosse para alguns casos uma vantagem, e nisso talvez esteja todo mistério, pois como Ele mesmo disse naquele tempo: “os judeus (equivalente aos cristãos atuais) percorrem mares e terra para converter um gentio e o tornam duas vezes mais filhos do inferno do que antes”
É impossível não ver que jamais Ele deixaria perecer a alma dos desprivilegiados da vida (os últimos), pela incapacidade total, vaidade e indiferença dos cristãos (os Primeiros) que não dão conta do recado. E mais ainda, visto que Ele nunca teve nojo de pessoa alguma nem jamais rejeitou um ser humano por suas mazelas e fraquezas, o seu mistério e proximidade com tais pessoas e tão grande ao ponto de Ele dizer que quando negamos qualquer coisa a um destes que nos pede, é a Ele que o negamos. Há muito mais entre os céus e a terra do que a nossa vaga teologia pode imaginar.
Gresder Sil
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terça-feira, 17 de novembro de 2009
Jugo humano
Quem quiser ir após Ele, é dito para que negue se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-o. Essa é a mensagem indigesta do chamado de Jesus. Esta é a verdade insuportável de que no Caminho do Reino, a dor e as contradições humana não são atenuadas; antes elas se acentuam. Segui-lo implica viver a vida sob um alto gral de dilatação da percepção de tudo o que diz respeito às confrontações inadiáveis com as realidades aborrecedoras das condições de existência humana.
Essa mensagem que não faz do evangelho um panacéia para a solução dos dilemas e anseios humanos, mas que intensifica a crise do homem pondo a flor da pele à ferida do pecado e toda a sua conseqüência inalienável, não é interessante a quem quer fazer do Reino uma caminhada de triunfo sobre a terra. A cruz são as conseqüências da Queda ainda não extraídas. A decorrência de carregá-la é que enquanto os homens podem ver aquele que a transporta trás a insígnia da rejeição e da derrota sobre ele.
Na trajetória de quem com a cruz, esta sobre o anátema dos que serão crucificados, a agonia e o fracasso é o ultimo episodio assistido pelos olhos espectadores dos homens, posto que a glória da ressurreição seja vista só por quem vê com ótica Daquele que nivela os conceitos de vitoria e derrota, prosperidade e necessidade, gozo e angústia a relatividades de experiências que formão o conjunto de síntese necessária para que a vida seja vida com toda a sua intensidade de opostos que se completam, para o aperfeiçoamento da pessoa humana.
A cruz é o tropeço da religião visto que a contradiz nas suas propostas mais motivacionais. A oferta da igreja é de que, quem sobre a sua subjeção esta, pelo seu ensino, pela sua bênção, e por orações e obediências exercidas nela, problemas e dificuldade são removidos. Mas uma vez que no Caminho, a cruz é outorgada a quem a aceita, ela se trata da realidade de que o jugo social do individuo e existencial do homem não são retirados, mesmo para quem esta em Cristo. Do mesmo modo que, uma vez mela as suas implicações e conseqüências são levadas ate o fim, onde somente a morte encerra a agonia de quem a carrega por sobre as costas.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Hermenêutica subjetiva
Nenhuma crença que não foi gerada de uma crise dolorosa e profunda do ser, assim como a criança que rasga a carne de sua mãe ao nascer, não pode ser uma fé sincera do coração. Pois só o que vem de dentro de nos, das entranhas de nossa alma, pode ser tido como genuinamente nosso. O que importa se existem lá fora, verdades absolutas e objetivas, se eu não as vejo em mim mesmo e nem me transformam ou produzem paz para meu ser.
Pois a verdadeira “verdade” nasce da subjetividade dos embates e dilemas que a alma enfrenta consigo mesma. Pois apesar de existir muitas verdades neste mundo, só aquela que afeta profundamente o meu ser, se torna verdade no sentido de conquistar as exigências do meu coração e a paz tão desejada para minha alma.
Toda interpretação doutrinaria deve ser individual, pois só assim, apesar dos equívocos e diferenças, a fé será fé sincera das coisas que realmente o coração crê. É fácil analisar tudo do nicho sagrado, do lugar seguro das doutrinas objetivas e ortodoxas (sem a subjetividade das nossas verdadeiras opiniões do coração).
Ao contrario disso, a fé será objetiva em um pacote pronto de verdades eternas que não produzem no coração paixão e disponibilidade de sacrifício da própria vida. Aja visto que os mártires sempre foram os “hereges” que não seguiam os dogmas (verdades absolutas para os “normais”).
Mas o que realmente interessa não é o credo correto de um homem, mas as suas inquietantes irresoluções e sugestões do seu coração. Só uma fé gerada assim, através da dor que dilacera o corpo e verte o sangue da alma, será absolutamente sincera como o amor de uma mãe que se apega ao ser que com dor indescritível, nasceu de dentro dela.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sábado, 7 de novembro de 2009
A “paixão” de Cristo
Enquanto ela retornava para cidade, ele, sentado ali naquele poço pensava. Meu Deus! Como ela despertava em seu coração aquelas reminiscências de amor e guerra interiores de sua juventude. Como com todo aquele seu jeito de ser mulher completa, ela não iria lhe fazer imaginar de como a outra (mais nova na época) seria agora.
Porque não? Pois como a sua mãe lhe fazia gosto daquela moça. Seu pai então, nem se fala, pois mais importante do que a singularidade do encanto pessoal da menina era o fato de ele desposar o filho mais velho que ainda não tinha constituído família. Que divisão sentia em seu ser e, como sentia sua alma se dilacerar. Mas o seu destino estava marcado, explicá-lo aos seus pais, como?
Que vontade tinha ele de beijá-la de tal forma a poder sorver a graça e a magia feminina daquela alma. Queria rolar com ela na grama dos vales verdejantes da Galiléia, e depois de exausto de amá-la, dormir em seus braços. Queria abraçá-la com muita força de uma maneira a poder se fundir em uma só carne. Era a natureza juntando e pedindo o seu tributo ao pares. Era o impulso da vida querendo perpetuar o sangue de uma raça poderosa.
Que dor sentia! Que desespero! Pois era o seu direito, e a verdade na sua pele do fato de ele ser homem, era naquele momento de desejo e paixão, mais poderosa e agradável do que a sina terrivel e dramática de sua existência na terra. Mas ao tomá-la como sua, ele também seria dela. Mais ele não podia se entregar ou ser de ninguém. Pois tinha sido dado por Deus para poder ser de toda a humanidade.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Exercício religioso
Ao sentir o cheiro, e olhar a comida que era posta para ele, do seu coração quis dar graças, pois como homem, sentia com todas as forças do seu ser que o produto da terra, necessário a vida, com a beleza e cuidado com que era transformado em alimento, não podia consistir em outra coisa, a não ser, dom gracioso de Deus.
Mas estava em seu coração assentado o desejo de romper com todo modelo piedoso dos religiosos de sua época. Mas algo nele o impedia. Uma força o remetia de volta a toda disciplina que rejeitava. Queria não jejuar, pois essa objetiva e simples postura de suplica, tinha se tornado em seu tempo, exercício de esforço próprio e preventivo contra os desejos da carne, mas por varias vezes em crises drásticas, pelo encargo do seu existir, era compelido ao deserto onde por dias não comia.
Fugia ele de toda forma tradicional de oração, e por sentir em sua alma a necessidade de ouvir a voz do Pai em seu coração, se retirava muitas vezes para fazer caminhadas de madrugada nos desertos e montanhas, onde longe e livre dos olhos do povo, deixava que os próprios pensamentos vindos aleatoriamente do íntimo do seu coração se transformassem em suplicas de oração.
Se por um lado, queria não impor ao seu espírito carga nenhuma de compromisso e consagrações, por outro, Deus arrancava dele, das profundezas do seu ser, modos de expressões espontâneas e ternas, próprias de um coração serenamente consciente do propósito de Deus em tudo neste mundo.
Mas ao levar seus olhos aos céus naquele tarde de refeição, não resistiu, pois para ele tudo tinha sentido em Deus. E com duas palavras e um suspiro que alivia as necessidades e anseios do ser, e que respira satisfeito o agradável cheiro da terra e do alimento, deu graças e comeu.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Cosmologia antiga
Meu Deus! Não é possível que a nossa mentalidade judaica dos tempos da antiguidade clássica faça com que inconscientemente a gente acredite que essa imensidão de universo criado por Deus seja apenas um pano de fundo (fachada) para o drama da redenção humana onde unicamente nós, somos os protagonistas.
A visão do céu ainda é daqueles tempos em que não se tinha conhecimentos astronômicos como os de hoje. É claro que o céu não tem nada a ver com cidade de ouro e muros gigantescos conforme a narração simbológica e característica do apocalipse. Assim foi revelado pela incapacidade natural daqueles homens de Deus, vislumbrarem mais além.
A vida eterna tem algo haver com toda essa imensidão de galáxia criada por Deus e que conseqüentemente podem existir vidas, sistemas e reinos monumentais, sustentados pelo Criador e escondidos dos óculos humanos. Não que a visão cosmocentrica de uma era, cientifica atual ou mítica medieval, possa determinar a realidade além-túmulo, mas que é decisiva para apontar e sugerir segundo a nossa concepção cosmológica, como seria.
Definitivamente a revelação esbarra na capacidade de compreensão de uma época. Se não fosse assim, seria registrado que foi a terra (erradamente entendida como centro do universo naqueles tempos) que parou e não o sol. Além de termos uma palavra sobre os gigantescos animais que viveram neste planeta em épocas imemoriais, coisas que a “bíblia” ainda não sabia. (ou foi o diabo que fabricou e espalhou essa ossada toda? rsrsrs)
E mais ainda! A revelação esta “amoldada” aos anseios e símbolos afetivos do coração, visto que se os autores não fossem os judeus que amavam Sião sua terra natal, a cidade celestial não seria Jerusalém (que de santa nunca teve nada), mas talvez Roma, Alexandria ou Atenas, isso conforme o patriotismo dos eventuais eleitos e portadores da Revelação.
Esse entendimento “mitológico” sobre terceiros céus tão enraizados no pensamento dos cristãos fez com que muitos zombassem da vida no céu, desprezando a imortalidade da alma. Mas como tal desprezo vem das implicações morais de crer na vida eterna, eles irão realmente se decepcionar ao ver no grande Dia do Juízo que a eternidade é exatamente tudo o que eles queriam e nunca vão conseguir nesta vida: desbravar esse universo colossal e magnífico.
Particularmente para mim, que sempre fui modesto quanto aos bens e propriedades materiais, mão vou querer muito não, apenas um planetinha no interior de uma galáxia subdesenvolvida, para eu poder tranqüilo (longe dos salvos da linha teológica ortodoxa e doutrina legalista) paquerar sereias e caçar leviatãs.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Desmistificando a adoração
Ao contrario do agito e mover sensacional da adoração mística contemporânea, a adoração medieval, como um estado de contemplação, é o espanto diante Daquele a qual tudo se cala. É o oferecer do gemido surdo do coração, e do silencio solene da alma que não tem nada a dizer ou se quer oferecer para Aquele que tudo tem e que tudo sabe. A Contemplação trata-se de um estado de espírito que dispensa espaço, palavras e sons, pondo o homem só e completamente desnudo, diante do Eterno.
Pasmo, diante da soberania e majestade do Criador, prostrar-se extenuado é a única compulsão daquele que adora em linguajem inexprimíveis e inauditas do espírito. Almejar ir, além disso, pode ser somente demonstração de afetação de espiritualidade. De gente quem tem a carência de provar alguma coisa, sinal de quem não chegou a um estado de maturidade e segurança intima que não precisa mais evidenciar nada a ninguém.
Hoje em dia, busca se uma Unção, acredita-se que possamos sentir a presença de Deus, e buscamos intimidade; ou seja, mistificamos uma relação que se fundamenta nos simples sentimentos humanos da alegria de amar e ser amado.O amor não precisa de elocução ou fluência, o amor não entra em êxtase numa apoteose de adoração, o amor gagueja, balbucia, tropeça nas palavras, mas sente espontânea afeição que não depende da elegância da postura e verbalização. O amor é amor com toda a sua insuficiência, fraqueza e carnalidade. Porque vem do que somos: pó, carne.
O que Deus quer não é “espiritualidade”, mas sim a verdade, a nossa verdade. O que o Pai procura é pessoas capazes de assumir que nos, os seus adoradores, sem exceção de nenhuma pessoa, temos buscado ser espirituais e fervorosos pelo status religioso que a espiritualidade representa. O que não queremos admitir é que a adoração na sua apresentação magnificente e pomposa apresentada nos templos não passa de uma tentativa humana de querer “aparecer” diante de Deus
“Intimidade com o senhor”, “sentir a presença do Espírito”, e “buscar experiência com Deus”, tudo isso é mais um sintoma da ilusão da nossa religiosidade imatura e afetada. Quando todo esse deslumbramento e sentimentalismo passam, percebemos que estamos solitários e despojados em desespero perante Deus; do nosso lado: miséria, sequidão, distancia e contradição; do outro, um imenso olhar carregado de compreensão, condescendência e, sobretudo: Graça.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Cristianismo adulto
Chega! Já passou da hora de muitos cristãos deixarem sua fase infantil da fé, para dar um passo altamente arriscado no inóspito mundo adulto do cristianismo. Já é oportunidade de muitos, maduros de mais para ficarem mamando a seiva que lhe vem na boca pelos galhos da arvore mãe, de se emancipar, como filhos crescidinhos que se sentem envergonhados de estar ainda sob á custodia de seus genitores.
Chega! O tempo do conforto dos dogmas irretocáveis e absolutos, dos pastores rijos e seus conselhos austeros e acertados, e das promessas motivacionais e infalíveis acabou. Hoje em dia os tempos são outros, o mundo não mudou, fomos nos que nos tornamos adultos. Não somos mais ingênuos ao ponto de acreditar que Ele vai mudar o jeito das coisas só para satisfazer nossa manha é provar nossas crenças.
Agora já era! Descobrimos que muito dos contos e ditames infantis que nos ensinaram na igreja, nãos se aplicam ao cotidiano. São ensinos do senso comum religioso, e não da verdade individual e inevitável de cada um. O que foi útil ate então, não será desprezado, mas é necessário deixar os primeiros rudimentos, é mister para alguns, sair da casa paterna. Não há com que se preocupar quanto a nossa fé, estamos marcados pelo resto da vida.
A fase que se passou sob a tutela da igreja foi essencial para nosso crescimento, mas não somos mais crianças, não acreditamos mais em papas e papais Noeis. Foi se há muito, o tempo em que era só chorar e clamar que Deus de pronto nos socorria. Hoje meu caro, pode berrar, Ele não te trata mais como menino. Não adianta fazer birra, um dia todo mundo tem que deixar esse lugar seguro, e esse cuidado especial de pai. Tudo que era elementar para o aprendizado nos primeiros passos da vida já te foi dito, agora, beija teu Pai e tua mãe e rua...
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Fantasmas de santidade
Esses ícones sagrados da historia do protestantismo são os fantasmas dos nossos desejos canais. Sim! Estes tais homens de Deus de fibra moral do passado são nossos algozes!! Eles são símbolos de estabilidade espiritual, líderes proféticos que não tivemos na nossa era, que angustia com seu exemplo rigoroso de santidade inatingível, seus admiradores; que frustrados tentam imitar seu chamado divinamente extravagante. Mas isso não se trata necessariamente de virtude moral ou escolhas feitas por eles, pois além de um encontro dos “astros” (propósito de Deus) eles são uma raça de gente, um tipo de homem.
São homens rijos moralmente, pioneiros e desbravadores de uma terra selvagem e agressiva. Eles são homens de dores na alma, experimentados no trabalho precursor de uma civilização. Seres sem as contradições e paradoxos de uma sociedade plenamente desenvolvida. O excesso de informação e conhecimento e a modernidade fizeram de nos hoje, homens dissolvidos, sem fibra moral. Não nos falta obediência! Falta nos ferro e fogo que nos de oportunidade de formar um caráter austero e obstinado.
Homens como Jeremias, Paulo, Tiago e estes gigantes de fibra moral do protestantismo, são apenas “lendas” que nos assustam nas nossas estruturas religiosas franzinas. Foram o tempo que os tornou heróis inimitáveis. Foi à tradição que fizeram de seu legado uma fabula que serviu para nossa fase de infância e aprendizado. É possível repetir a historia, mas antes devemos matar nossos heróis da fé. Devemos enterrar completamente o pensamento de que eles foram mais fies a Deus do que nos.
Não somos homens com a mesma formação e cultura deles, somos produto do nosso tempo. Hoje, a despeito da diluição em nos, da resistência e resignação do homem antigo, estamos com a bola da vez, não há o que temer; somos os heróis agora! Não quero ser um Jonatas Edwards de virtude ou um Wesley de santidade, estou certo de que não preciso e nem da pra ser. Quero ser eu mesmo, contraditório e pecador no presente, mas Santo e Lenda para as gerações futuras. Que a história se repita, que o “mito” sagrado envolva minha inconsistente piedade diante de Deus. Mas que assim eu possa sais desta vida, para entrar na historia da saga sagrada dos homens de Deus desta geração.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Fé além do “mito”
Céus e infernos já não existem mais, os demônios desistiram dos homens, foram superados pela perversidade da religiosidade humana, os anjos exaustos por esforços improdutivos se retiraram, e aquele que é o retrato pintado de toda pretensão dos homens, suicidou-se, pois era completamente ignorado por seus criadores.
Assim como um aposentado se retira da civilização para criar galinhas e pássaros em sítios no interior, Deus cansado de tamanha burrice de seus adoradores deu corda no sistema solar e saiu de fininho, foi tratar de dragões e dinossauros numa galáxia distante.
Os céus evaporaram, pois sendo fumaça e pensamento dos antigos infelizes nesta vida, não mais seduz os crentes incrédulos nesta terra (ninguém queria ir para lá mesmo). O inferno no seu ódio implacável, sem o combustível das almas que agora só são átomos invisíveis que se dissolvem na poeira estelar, consumiu se a si mesmo de tanta fome e tanta raiva.
Já as letras do grande Livro da humanidade, foram à maioria delas borradas pelos dedos das mãos sujas que ecarniçadamente procuravam textos e contextos para fundamentar suas doutrinas, as outra que sobraram acabaram sendo espalhadas ao vento, pelas baforadas de raiva daqueles que agarrados ao livro davam coices em quem queria investigá-lo.
De agora em diante ninguém mais será chamado de hipócrita, pois extintos os elementos que davam vida e mérito a religião, ninguém se interessara em fazer pose de santo. E nem mais se classificarão pessoas com o rotulo de liberal e libertino, visto que as proibições não produziram nada de bom ate agora, e tudo esta liberado mesmo, ninguém será mais julgado como transgressor.
Se alguém quiser ser justo atualmente, que seja pelo próprio valor da justiça, e se alguém desejar ser puro, já fique bem avisado que deve ser desinteressadamente, por que Deus não quer mais que os homens vejam a sua face. Se ao levar maldosamente a mão para tocar na vida de outro homem, alguém a sentir queimando, que não pense que é o fogo do inferno, mas sim o calor da alma do próximo, porque esta ainda existe. Fora isso, nada sobrou... só o homem e seu irmão.
Assim sendo nunca mais serão escravizadas as consciências das pessoas, pois sem os “mitos” que validam as regras da religião, tudo é neutro de agora em diante. Ninguém mais porá julgo sobre o outro, pois ficou bem claro que sendo todos simplesmente humanos, ninguém tem moral para tal serviço. Que cada um viva agora sua vida e conduta sem temer o espectro do além, que cada um siga seu próprio coração, sabendo que só existe ele aqui na terra e Deus lá bem distante, que por mais longe que esteja não deixa de dar com o canto dos olhos, uma espiadela cá embaixo.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
domingo, 11 de outubro de 2009
O direito de não crer
Deus não é uma pessoa, como se entende pelo termo pessoa nos dias de hoje. Ele não tem personalidade individual, como individual é cada homem pela sua experiência e tendência particular. A sua identidade intima é “impessoal” pela essência do Espírito puro e livre que ele é. Pois pessoa é apenas o invólucro exterior que envolve a essencialidade da alma do ser de cada ente autoconsciente e existente neste mundo. Deus apesar de não ter uma personalidade como a humana é um Ser pensante consciente de si mesmo: “Eu sou o que Sou” ou como diria o homem: “penso logo existo”.
A personalidade é o conjunto formado pelas experiências e influencias que o ente sofre durante a sua formação, não somente isso como também as próprias inclinações e tendências interiores que colaboram para formação desta pessoa. Sendo Deus livre de toda influencia externa ao seu Ser, logo ele não tem uma personalidade, mas pensa e vive na mais pura inalterabilidade da sua essência.
Portanto Deus não tem sentimentos humanos pessoais como raiva e senso de justiça que são produção inconscientes e inerentes de tendências determinadas que afloram diante de uma experiência exterior irresistível. Deus não é influenciável, não sente cólera, não sente ciúmes, e nem se ofende. Toda atribuição dessas experiências a Deus, são linguagens humanas que tentam descrever em analogia precária a reação do ser de Deus sobre os atos humanos.
Desde que o homem respeite o direito do seu próximo Deus dá o direito de cada um viver como quiser e acreditar no que quiser, e ate mesmo de não Crer na sua existência. Ele não é como os seres extintivos que sentem ciúmes e não aceitam não serem amados e reconhecidos. Ele deu a cada ser o direito a liberdade de escolher, e não vai se sentir ofendido em não ser amado pelo homem usar dessa sua liberdade se não ser ao seu favor.
Ninguém neste mundo tem toda a certeza em todo o momento daquilo que crê e não crê, e por isso uma das expressões implícitas de fé mais pura é a de um ateu justo a qual diz não acreditar, sabendo inconscientemente que se Deus realmente existir, Ele vai relevar a sua descrença. Pois se Deus existe mesmo, Ele é um ser tão nobre e tão livre que não precisa ser adorado pelos homens, mas que permite os homens viverem honestamente como se Ele mesmo não existisse.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
A releitura do Novo Testamento
Sim! Leio, e releio. E mais ainda! Faço uma releitura; lendo todos os dias, só que agora não mais debruçado sobre o registro sagrado desta historia inacabada. Uma vez que de tanto ler o Livro, os pensamentos e vida dos protagonistas saltam do texto, ganhando vida não só na minha mente e memória, mas se assentando de forma impertinente no mais profundo do meu inconsciente; não me deixando livre para outra coisa a não ser para me remeter a ler e reler novamente onde ele ainda estiver sendo escrito.
Não! Não leio o livro como verdade fossilizada e irretocável, mas leio hoje em dia o evangelho na crise pessoal da fé de todos os meus amigos e irmãos em Cristo. Tendo por certo que escrituras nada mais são do que um registro fidedigno da fé e pensamentos de homem que pelejarão por Deus no mundo e que intimamente lutarão com Deus no coração, em todos os milhares de Testamentos os quantos podem existir.
Sim! Todo o drama e conflitos que os homens de Deus viveram no passado não me deixam em paz por um só momento. E principalmente por ver que a experiência demasiadamente humana deles, se repete em nos, não aceito jamais que a suas histórias sejam consideradas mais sagradas e santas do que a minha e a daqueles que comigo se debatem interiormente para guardar a fé a despeito de nossa incredulidade. E nem por isso deixo de considerar e respeitar profundamente o Livro, visto que não faço uso arbitrário dos seus textos para impor meus pontos de vista.
Não! Os apóstolos não têm a palavra categórica sobre todas as possibilidades de experiências cristas vivenciadas em todos os povos e mentalidades desta terra. Milhares de Paulos Tiagos e Pedros escrevem hoje cartas as igrejas dispersas pelo mundo, com forme as necessidades circunstanciais assim como foram escritas pelos discípulos as primeiras meditações sobre a obrigatoriedade da práxis da fé em cada experiência de vida das pessoas daquela época. A essa altura do campeonato não da para deixar de crer, pois creio sim! Com todas as forças da minha alma na Palavra que transcende e não esta presa ao documento, que é apenas seu veículo de comunicação.
Sim! Não creio num cânon fechado, porque em Cristo a minha vida e pensamento apesar das contradições e mazelas não é mais comum como dantes, mas tão inspiradas como a dos heróis da fé, nos dois primeiros Testamentos da história ainda incompleta da redenção do ser humano. Uma vez que o único que tinha autoridade para “canonizar” ou afirmar como infalível ou consumado qualquer ação registrada e pensamentos escritos, disse que obras maiores do que as Dele seriam feitas no futuro.
Não! Não aceito que se resumam a complexidade do homem pecador responsável, mas incapaz, diante de um Deus inexoravelmente Santo e incorrigivelmente perdoador, no discurso diplomático do evangelho simples. Pois resumir toda a tensão de nossos dilemas cruciais da vivencia da fé, a uma mentalidade simplória que não seja a simplicidade do coração, é sim uma fuga das implicações extenuantes que causam o choque da relação do homem finito e sujeito ao corpo e ao tempo com um Deus eterno e
senhor do tempo e da matéria.
Sim! É isso que se quer: sintetizar o evangelho de forma simples e intocável, para não se fazer mais reavaliações da nossa conduta que foge do confronto e da necessidade de desconstrução da ignorância tola a qual batizamos de: simplicidade do evangelho. Isso porque uma vez que o evangelho sendo simples e fácil de entender, já não se precisa pensar mais nele e nem por ele se perturbar, mas usar todas as nossas capacidades de entendimento nas formas de se alcançar ou consolidar o status social-religioso que obtivemos na pregação do: “Deus amou o mundo de tal maneira”.
Não!Não e não e não! Esse culto ao evangelho humilde e idolatria bibriocentrica não tem sido capaz de diminuir a angustia ou resolver o problema de milhares de cristãos sinceros que amam a Deus em seus corações, mas o desonram em seus corpos; mas apenas satisfaz a consciência daqueles que lavam as mãos por terem ensinado a “verdade”. Não! não quero essa verdade e simplicidade que não seja aplicável na minha existência, a qual não vejo no olhar do meu irmão, e que não existe, a não ser na doutrina “ortodoxa”; antes, melhor uma “heresia” viva que incendeiam o coração daqueles se equivocam e apenas conjecturam sobre Deus.
Sim! Não preciso mais ler literalmente o Livro, porque o releio todos os dias em mim mesmo e no depoimento franco daqueles que reescrevem na dor e escravidão de sua enfermidade da carne e na crise de suas consciências perante Deus: um novo Testamento; não em oposição ao Outro, mas como continuação militante de um multiforme evangelho, conforme as muitas formas e capacidade de entendimentos e possibilidades de força de atuação da vontade humana. Não! O Livro ainda não foi concluído, as palavras não foram todas ditas, mas estão sendo escritas a todo o momento por todos aqueles que mesmo que de forma trágica, são personagem desta historia.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sábado, 3 de outubro de 2009
o homem e a menina
Invariavelmente meio dia, lá estava ela, correndo como sempre, como nunca. No céu o sol no seu apogeu na cúpula da atmosfera; na terra um roseiral imenso ladeado por um pasto pontilhado por arvores frutíferas e centenárias, que davam ao lugar um ar de felicidade monótona. Corria, e como corria! A sua necessidade de liberdade era paradoxalmente determinada por uma lei inexorável que rege almas livres. Aquele era o seu momento; e o lugar da sua indispensável solidão junto à natureza na qual se fundia em espontaneidade e singeleza. Que menina linda! Que alegria. Que graça e tamanha vontade de viver em poucos aninhos de vida.
Longe dos estudos e dos cuidados dos seus pequenuchos irmãos, ela se esbaldava em sua hora vaga em alguns entretenimentos oferecidos a ela pela generosidade da Mãe Terra. Hoje perseguia uma borboleta minúscula que a deixou tonta e cansada, mas ontem judiara das formigas deixando-as perdidinhas por apagar o rastro que as guiavas. Naquele coraçãozinho dominava uma ânsia visceral e comum a todo ser sensível que abita o incomensurável universo de Deus: a sede de vida e a busca por felicidade. Mas tudo isso se traduzia para ela no simples desejo de ser autônoma e dona de seu destino, ou seja, na vontade de ser Mulher.
Um homem, não tão distante, há observava todos os dias. Morava na encosta de um rochedo num barraco assombroso. Distante de tudo, retirado numa solidão melancólica, avesso aos homens e guardião de um segredo milenar. Com trinta anos descobrira que tinha a capacidade de uma vez na vida, mudar ou transformar o que quisesse. Para ele era uma maldição, posto que todo desejo realizado, acarretaria transtorno no cosmo, e efeitos colaterais na vida de pessoas. Consciente de que, aquele que morresse sem usar o “dom”, quebrava o ciclo do mal, não transferindo a outro, encarou como seu destino, a responsabilidade de enterrar com ele o desumano, desejo dos humanos, de interferir na lei natural dos acontecimentos, e no direito pessoal de livre escolha de cada um.
Vinte anos, se passara dês de que fugira da sociedade e de suas tentações ate que aquela menina lhe inspirou um a antigo sonho, sufocado pela sua postura austera diante da vida. Que desejo sórdido! Querer transformar aquela criança numa mulher? Estava ali para redimir a sua raça dos males causados, mas o gênio ruim lhe afligia a carne. Via ele naquele pequeno botão de flor todas as características de uma mulher deslumbrante. Como lhe daria amor, pois no fundo ansiava ser amado também. Mas meu Deus! Privar um ser do direito de aprender por si, de crescer, enfim de sentir a vida a cada dia, a cada instante. Que luta, que dor! Mas estava resignado, mesmo se dilacerando por dentro não sucumbiria.
Numa noite de crises drásticas por desejos reprimidos, em dor indescritível adormecera. Muitos anos depois, com um grito de criança despertou. Correu para socorrer. Algo havia mudado, os seus pés eram mais ligeiros, seu fôlego melhor. Que surpresa! Sua pele rejuvenesceu, voltara a ser menino novamente. Observou que o dia estava lindo como nunca foi antes, não tinha nuvens, mas achou estranho, pois não encontrou o sol. Exausto mas disposto chegou ao lugar, era ela! Espoleta como sempre, cortou o pé na ponta de uma pedra. Num rio que passava por ali, ele lavou os pés dela. A água estancou o sangue e sarou a ferida. Aquele era o Rio da Vida. Brincaram juntos incansavelmente, um sentimento de amor único possuía a alma daquelas crianças. Ate que um ser esplêndido chegou a eles dois e disse: o café da manha esta posto, o Eterno esta esperando vocês, em sua varanda. Café da manha? Que ironia e senso de humor do anjo! Ali não existiam manhas, porque também não havia noites.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Ponto crítico
Sigo num ritmo acelerado a trajetória de um caminho sem volta. A essa altura não da mais para interromper o processo, não à como retroceder. O único medo que me assalta e me preocupa agora é o medo de não ter mais medo, e perder a noção do perigo. Não sei absolutamente em que fim vai dar, estou pagando pra ver, sei que posso pagar caro, só espero que não custe a minha própria alma.
Não mais se debato e nem ponho em risco a autenticidade do meu ser, em sacrifícios improdutivos contra as exigências legitimas da minha natureza, deixo que tudo corra naturalmente, não me preocupo mais com mandamentos que estão para alem de mim. Se o meu coração for bom, sei que dele procederá à verdade e a boas coisas, caso não seja, depois de tanto comprometimento, já não sei se posso saber ou fazer qualquer coisa.
Se a minha consciência me engana, então não me resta saída, posto que ela seja o meu único canal de cura. Se o julgamento que sempre fiz de mim mesmo não me resolve, e se tudo que senti e vivi diante Dele não servem de critério, então tudo para mim é nada, e nada é simplesmente: Nada. Por instantes e momentos nada me é sagrado e nem nada mais me surpreende. E às vezes não espero mais nada de coisa alguma, e se tudo que acredito não for; apenas o ser me basta.
Ando insensível ao desespero de não ter o sentimento de medo algum sobre a tênue linha que me separa do bem e do mau. Ainda que eu me julgue imune no meu vale de sombra e morte aonde o pecado perdeu seu poder de sedução sobre mim, porque nada mais me é proibido, mesmo assim não busco seguidores, pois sei que na pratica estou mais para um espetáculo com um fim trágico do que para alguém que possa edificar a outros.
Atualmente tudo para mim se tornou apenas humano. Dantes tudo que se apresentava como divino intocável vira-se agora algo devassável. Não forço isso, é apenas processo natural do meu modo de ser. Tornei-me diante de toda dádiva e grandeza, apenas um olhar atento, tudo perdeu seu mistério.
Num compasso ritmado de passos que não param pelo tropeço de pedras insignificantes do caminho, sigo e antecipo a maturação dos intentos do meu pensamento sagas e audacioso. E assim, sendo conduzido ao mais profundo da duvida, num denso e drástico estado de alma, do fundo do posso de meu ceticismo eu chego num ponto onde não consigo mais passar adiante.
Diante da sena da cruz o meu ser se dobra, a minha alma em sua veemência não mais avança, não por respeito ou por falta de coragem, é que ali as minhas forças se esgotam. Ao olhar o homem posto sobre ela, o meu coração vergado e prostrado a ate o mais baixo chão desta terra (pela força de subjugação que emana daquele evento) se derrama. A cruz é o meu limite.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
sábado, 26 de setembro de 2009
sobre a finalidade do blog
Aqui cristianismo a-religioso, não se trata da discussão teológica e teórica sobre a desmistificação e a mensagem radical de um cristianismo adulto conforme esboçarão os teólogos neo-ortodoxos Rudolf Bultmann e Dietrich Bonhofer, mas do esforço de por em pratica tal entendimento, através da arte da literatura, de uma nova linguagem e estrutura de pensamento.
A fim de satisfazer uma necessidade cada vez mais presente, do exercício de uma fé crista individual e adulta, expressada de uma forma secular independente, sem o arcabouço do entendimento evangélico-protestante, histórico e atual.
Tendo por alvo as pessoas que não vivem sob a tutela de uma igreja comum ou sem o entusiasmo da ilusão de um movimento de renovação religiosa, que uma vez que tenham passado pelo cristianismo e profundamente marcadas por ele, a despeito de tudo, permanecerão cristãos para sempre.
Gresder Sil
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Esdras Gregório
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