segunda-feira, 10 de maio de 2010

Bíblia Sagrada Vs. Palavra de Deus



Definitivamente a bíblia não é a Palavra de Deus. Pois como poderia o invólucro ser idêntico a substância, e como poderia a embalagem ser a mesma coisa que o produto? Hora essa, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Confundir o transmissor com a Mensagem é quase o mesmo que adorar a criatura confundindo a com o Criador.

A bíblia esta no tempo, tem a sua origem na historia, é massa material produzida por energia e movimento. Entretanto a Palavra é tão eterna quanto Deus e tão imaterial e incomensurável quanto Aquele que a inspira. Ela e é a soma total de tudo o que é e sente o Seu Interlocutor, dita em parte e particularmente a cada ouvinte; enquanto a outra é somente a forma humana e literária como essa Palavra foi aplicada e sentida singularmente no tempo em que foi escrita.

Uma é a produção do homem do receptáculo com todas as suas características humanas inerentemente limitadas e vulneráveis para conter o espetáculo da Revelação adaptada de Deus aos homens. Visto ser na relatividade da cultura, moral e tradição de uma raça da humanidade que Deus melhor se deu a conhecer e ser apreendido conforme o entendimento e capacidade daquele povo que registrou aquela mensagem com as suas próprias palavras e letras humanas.

Mas essas palavras, não são para nos Palavra de Deus na mesma proporção em que foram para eles. Entretanto elas são a Palavra na medida em que rompe toda a barreira provisória do entendimento singular histórico de uma época, para trazer até nos, como foi para eles naquele tempo, a essência única da Mensagem que jamais deve ser confundida com o veiculo humano que a transporta. Ou seja: a Palavra é mensagem subjetiva ao coração que transcende tempo e cultura, enquanto a bíblia é apenas o Registro e Testamento histórico e objetivo da sua primeira e principal manifestação.

Gresder Sil
escrito em 22/02/10

13 comentários:

Levi B. Santos disse...

Gresder

Esse teu ensaio me fez lembrar dos meus tempos de estudante ginasiano, em que eu dizia só para provocar os mais "santos":

"Ora bolas, a Bíblia é a palavra de Deus e do Diabo. Não é lá que se encontra toda essa briga dos dois, que começou no céu?"

Eles saiam rápidos de perto de mim, exclamando: "Sangue de Cristo! Sangue de Cristo!"

Eduardo Medeiros disse...

Gresder-maldito-relativizador-herege-da-bíblia-palavra-de-deus....

Já tinha lido esse seu texto em algum lugar. Você faz magistralmente, a devida separação entre essência e substância.

Numa aula de seminário, o professor pegou uma bíblia e tascou-a na parede. Depois a pisou freneticamente...

Os alunos foram à loucura!! Os mais afoitos começaram a repreender o demônio no corpo do professor.

Dominando os ânimos, o professor pegou um CD que continha o texto bíblico e fez a mesma coisa. Resultado: as reações foram bem mais tranquilas. Afinal, aquilo era só um CD.

É que no imaginário cristão, o livro em si, é sagrado e é a palavra.

Eduardo Medeiros disse...

Gresder, como você está passando sem a compahia afetuosa, amiga e inteligênte do seu "outro eu", Marcinho???? Deprimiu??

Aliás, você não ia vir aqui no Rio??? Correu do dilúvio que caiu por aqui?

Esdras Gregório disse...

Levi como a bíblia poderia ser a Palavra de deus se nela o diabo também fala? se nela os amigos de Jô falam mais do que ele e são reprovados pelo Senhor? Como se nos salmos Deus nunca fala nada aos homens, mas são os homens que oram a Deus? Como se o maior sábio do antigo testamento é um Deita existencialista que não acredita em vida eterna?

Esdras Gregório disse...

Eduardo quanto a questão da idolatria do livro esta historinha só toca o rasinho da questão.

Pois o livro neste caso é muito mais do que um objeto mas uma entidade a parte formada na relatividade do tempo e perspectiva daqueles que sentiram inspiração.

No caso do professor ele queria revelar a “idolatria” pelo livro em si, mas no caso da teologia neo-ortodoxa que eu assumo de fachada ultimamente (pois no fundo você me tornou num liberal) ela desmistifica o livro como sendo produção histórica subjetiva dos indivíduos que escreveram o livro nas circunstâncias existenciais em que eles se encontraram particularmente.

Quanto ao Marrcinho eu tenho que escrever comentários por ele para preencher a sua lacuna rsrs

Marcio Alves disse...

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A essência essencial das escrituras escritas por escritores que escreveram as letras da Letra da lei não são a mesma coisa que a embalagem que embala o produto da Palavra.

A bíblia é o livro que contem os livros que contem as letras da Palavra escrita em palavra e letras humanas, escritas por homens humanamente humanos.

Ela é a produção produzida pelo homem que produz o produto bruto da revelação que se relativiza na relatividade humana da humanidade dos homens desta terra.

Elas não são A Palavra quando as palavras escritas das escrituras são confundidas com as leis escritas no coração do homem pela leitura viva e transcendental da letra morta da lei da escritura escrita por homens que escreveram as palavras da Palavra.

Levi B. Santos disse...

Quando ouvimos ou lemos as cenas bíblicas, devemos nos lembrar que seus ouvintes do passado distante as recebiam com a familiaridade que acompanhava uma certa maneira de contar, repetida ao longo de mais de mil anos.

A ideia de uma presença sacra persiste do Gênesis aos Atos dos apóstolos. As histórias de aventuras humanas sobrenaturais, dos nascimentos, das mortes e cenas da natividade não são meras palavras, mas palavras que ajudaram a fixar e estimular um sentimento de alteridade religiosa.

Se lermos a narrativa bíblica como uma estória, abandonamos sua verdade histórica. Se a lermos como literatura, muitas vezes encontraremos nela a arte literária, mas esta arte nos afasta ainda mais da verdade que possa corresponder aos fatos.

Lendo a Bíblia, o que encontraremos não é a verdade estrita, mas esta sensação de "como deve ter sido".

Eduardo Medeiros disse...

Ô Gresder, não é verdade que de fato, você está possuído do espírito marciano e vice-versa???

Que negócio é esse de dizer que no fundo você é liberal por minha causa? Definitivamente, não sou liberal. Só quando quero alfinetar os conservadores e neo-ortodoxos...heeeeeee

Sou um cara profundamente místico. Sou capaz de ver a poesia que há no universo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa...

Eduardo Medeiros disse...

Os judeus sempre tiveram a torá como sagrada. Como a mensagem estava escrita, logo, os livros também carregavam a sacralidade.

Mas na verdade, não sei até que ponto a total relativização do livro como suporte da Revelação, hoje transformado em apenas um produto como outro qualquer, macula a magia que perpassa a Mensagem.

Anônimo disse...

O comentário do Eduardo me fez lembrar que, certo dia, em épocas remotas, de meu tempo igrejal, subi ao púlpito em uma das reuniões da manhã e li um texto usando meu celular em vez da Bíblia, os olhares me crucificaram.

Não entendi porque. Faz diferença o recipiente de onde a "palavra" de Deus estaria?

Creio que faria diferença se ela realmente estivesse em nosso coração em vez de estar em um livro pré-moldado.

Gresder,

Muito bom o texto.

Um grande abraço,

Evaldo Wolkers.

Oseias B. Ferreira disse...

Gresder,

A Palavra precede o tempo! A escrita é apenas um modo. A Palavra, portanto, é eterna!

Esdras Gregório disse...

Evaldo adorei o termo: igrejal rsrs

Cada religião tem os seus ídolos e idolatrias.

Os judeus adoravam o sábado e o templo

Os católicos as tradições e os santos

Os evangélicos o livro de capa preta e as ofertas rsrs

Esdras Gregório disse...

Oseías foi o que eu sempre pensei, pois se a palavra de Deus é a bíblia, então ouve um tempo em que não existia a Palavra, pois a bíblia esta no tempo, mas a Palavra na eternidade.

Bom entendo palavra como o espírito de vida que conduz os homens mais próximos a Deus

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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