A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Jugo humano
Quem quiser ir após Ele, é dito para que negue se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-o. Essa é a mensagem indigesta do chamado de Jesus. Esta é a verdade insuportável de que no Caminho do Reino, a dor e as contradições humana não são atenuadas; antes elas se acentuam. Segui-lo implica viver a vida sob um alto gral de dilatação da percepção de tudo o que diz respeito às confrontações inadiáveis com as realidades aborrecedoras das condições de existência humana.
Essa mensagem que não faz do evangelho um panacéia para a solução dos dilemas e anseios humanos, mas que intensifica a crise do homem pondo a flor da pele à ferida do pecado e toda a sua conseqüência inalienável, não é interessante a quem quer fazer do Reino uma caminhada de triunfo sobre a terra. A cruz são as conseqüências da Queda ainda não extraídas. A decorrência de carregá-la é que enquanto os homens podem ver aquele que a transporta trás a insígnia da rejeição e da derrota sobre ele.
Na trajetória de quem com a cruz, esta sobre o anátema dos que serão crucificados, a agonia e o fracasso é o ultimo episodio assistido pelos olhos espectadores dos homens, posto que a glória da ressurreição seja vista só por quem vê com ótica Daquele que nivela os conceitos de vitoria e derrota, prosperidade e necessidade, gozo e angústia a relatividades de experiências que formão o conjunto de síntese necessária para que a vida seja vida com toda a sua intensidade de opostos que se completam, para o aperfeiçoamento da pessoa humana.
A cruz é o tropeço da religião visto que a contradiz nas suas propostas mais motivacionais. A oferta da igreja é de que, quem sobre a sua subjeção esta, pelo seu ensino, pela sua bênção, e por orações e obediências exercidas nela, problemas e dificuldade são removidos. Mas uma vez que no Caminho, a cruz é outorgada a quem a aceita, ela se trata da realidade de que o jugo social do individuo e existencial do homem não são retirados, mesmo para quem esta em Cristo. Do mesmo modo que, uma vez mela as suas implicações e conseqüências são levadas ate o fim, onde somente a morte encerra a agonia de quem a carrega por sobre as costas.
Gresder Sil
Postado por
Esdras Gregório
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5 comentários:
Perfeito meu amado; Ao contrario do "Evangelho da Midia, onde em um passe de mágica, aquele que segue á Cristo dorme pobre e acorda milionario; Sabemos que não é assim que funciona verdadeiramente. È triste ver as pessoas seguirem á Cristo á fim da auto-promoção e carregar a cruz prá quê? Cristo já venceu por mim, não é assim que dizem?
Buscam o Cristoperfield mais o verdadeiro Cristo os deixa intristecidos, pelo fato que o Reino de Cristo não é aqui.
Caro amigo poeta da cruz:
O Nazareno tinha uma obsessão - a cruz. Somente a cruz, esse fardo inimaginável para consciências modernas, seria o caminho último da sua missão, visto que tal missão impossível, era nada menos do que trazer o Reino à terra.
Somente dando a própria vida e derramando seu sangue, doação máxima que alguém pode fazer por uma causa, somente assim, o Reino irromperia no meio/dentro de nós.
Abraços
Caro Gresder
Gostei disso:
“a agonia e o fracasso é o ultimo episodio assistido pelos olhos espectadores dos homens, posto que a glória da ressurreição seja vista só por quem vê com ótica Daquele que nivela os conceitos de vitoria e derrota, prosperidade e necessidade, gozo e angústia [...]”
Sou esse humano paradoxal que não deseja sofrer, doido por vitórias, ao mesmo tempo, que é atraído com toda força pelo que Cristo passou: “ Foi a Sua agonia e o Seu fracasso que me trouxe a PAZ.”
“Para que em tudo fosse como um de nós, menos no pré-conceito(substituto da palavra pecado)”: Um que como Ele, chora, se angustia, se indigna, se surpreende, foge sob pedradas, geme, sofre pelo abandono, censurado por beber com os pecadores, traído pelo amigo e finalmente crucificado injustamente. Talvez por considerar que viver é sofrer, é que eu me identifico tanto com O Cristo que se fez meu amigo e irmão de dores.
Amém!
Gresder, parabéns, texto muito belo em vários sentidos e também consistente. Abraço.
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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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