A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
sexta-feira, 12 de março de 2010
Animal de rebanho
Foi um alvoroço só! Os irmãos não queriam voltar para casa, cada um tomava partido, uns ficaram do lado do pastor, outros acharam coerente o que o novo presbítero disse, mas enquanto isso uns poucos voltavam para casa, comovidos com o ensino daquela manha de domingo, sem se importarem com toda aquela questão.
Tudo começou quando o pastor se levantou no meio da aula para re-costurar a fala do novo professor a qual dizia que todo homem é falível na sua doutrina. E que não existia pastor ou pregador que não se equivocava ao ensinar a Palavra, e que somente o grande Pastor de nossas almas não errava ao falar ao coração de cada um. Mas em dez minutos foi desconversado e remendado todo o ensino daquele dia.
E para defender a autoridade e inerrancia dos lideres ungidos do Senhor, o pastor rapidamente foi sacando da bíblia versículos e versículos que provavam que as escrituras eram infalíveis e aptas a ensinar a todo homem no caminho da verdadeira justiça e santidade. Tendo Deus homens escolhidos para defender essa sã doutrina e santa Palavra dos falsos ensinamentos que corrompem os bons costumes.
Em vão tentou explicar o presbítero novato que Jesus sendo o sumo Pastor falava individualmente a cada alma, mesmo que por simplicidade natural essa pessoa não conhecesse perfeitamente o entendimento da palavra, ou que ela estivesse sujeita a ensinadores equivocados da doutrina verdadeira. Pois, argumentava ele: a ovelha conhece a voz do seu pastor que trata cada uma de forma especial conforme o seu entendimento, não dando a todos a mesma comida e cuidados.
Termino aquela reunião e os humores acalmados, o pastor preocupado com a imaturidade do professor da aula, o chamou de canto e disse bem assim: “nos tempos antigos os irmãos acreditavam muito na autoridade dos pastores e assim a igreja do Senhor prosperava sem divisões. Mas atualmente com os estudos teológicos surgiram muitos questionadores que perturbam a união do rebanho. Pois nem todas as pessoas têm estruturas para saber certas coisas, a ignorância é uma bênção, e o povo deveria estar em paz com os olhos vedados ao conhecimento como Adão e Eva no principio que não tinham o discernimento do bem e do mau.”
A contragosto o irmãozinho aceitou aquilo, e com o tempo foi vendo que era assim mesmo que as coisas andavam. Mas mesmo assim o presbítero achava contraditório eles acreditarem no poder da Palavra para convencer o homem, ao mesmo tempo em que ficavam alvoroçados por qualquer sinal de ensinamento que poderia prejudicar o rebanho. Pois se o Espírito fala poderosamente ao coração, por que temer tanto uma voz estranha que possa desvirtuar o rebanho?
Enquanto isso o pastor sempre fazia menção em seus ensinamentos de que a sua pregação era correta conforme a bíblia e que todos deveriam respeitar a orientação do homem de Deus escolhido para pastorear as ovelhas do Senhor. Contudo passado o tempo veio um novo pastor para subistuir aquele que fora para outro rebanho. Mas que mesmo mantendo a tradição da inerrancia do dirigente, não deixava de ser mais inovador, a qual fazia as coisas muito diferentes do antigo que era conservador, além de ensinar sutilmente coisas muito dessemelhantes daquele que dizia que os pastores escolhidos por Deus para ensinar, não erravam ou divergem por estarem de acordo com o verdadeiro ensino da Palavra.
Gresder Sil
Baseado em fatos reais
Postado por
Esdras Gregório
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19 comentários:
O interessante é que a parte que parece ser a mais fictícia é exatamente o mais real. Pois a fala do pastor é exatamente a que eu ouvi há alguns anos atrás num episódio muito parecido a esse quando eu nem mesmo tinha sido professor de escola dominical ainda. Que coisa em! Um pastor dizer isso exatamente para um cara como eu rsrsrs, nunca mais esqueci.
Mas repassei isso especialmente para agora por causa do episódio ocorrido no retiro de carnaval dos jovens da igreja sede de campinas. Onde no sábado à noite o preletor pregou uma mensagem a qual foi tida depois como não estando de acordo com a “Palavra” de Deus.
Eu não poderia deixar de tomar as dores de um amigo que Não se queixou por isso por estar acostumado a ver esta atitude nas igrejas, e de registrar aqui o meu julgamento destas posturas que tratam as pessoas como animais de rebanho sem individualidade como se todos tivessem que comer a mesma ração.
Ora essa se a verdadeira pregação da Palavra é a que esta de acordo com a visão tradicional das assembléias de Deus o que diríamos dos outros dezenove séculos que não existiram sequer uma denominação ou ramo do cristianismo que pensasse com a mesma mentalidade de nossos pastores e pregadores pentecostais?
Alias nunca ouve uma sequer corrente de pensamento no cristianismo que tenha seguido sem mudança e alteração até agora, sendo que a igreja católica que é mais antiga é a completa desfiguração do que foi no seu principio. Sendo que por centenas de anos a igreja Crista não teve uma doutrina ortodoxa sadia.
O que me leva a conclusão lógica que a Palavra esta muito além de todo modo de pensar de qualquer homem nesta terra, e que não pode ser monopolizada por um grupo de homens que se julgam mais entendedores dela.
Mas sendo Palavra dirigida ao coração de todas as pessoas de varias personalidades, culturas e tempos diferentes ela não consiste em conhecimento objetivo definido, mas em mensagem subjetiva dirigida ao coração. Que sendo inaudita e inexprimível não produz escravidão de conceitos teológicos exclusivistas, mas frutos espontâneos de bondade e pacificação ao coração.
Esse teu texto Gresder, me fez lembrar um tio meu, já falecido, que foi superitendente da Escola Dominical por uns dez anos em J.Pessoa - Capital do Estado da Paraíba.
Dizia-se naquela época que as pessoas que não eram batizadas com E. Santo(que coisa!), mas entendiam muito de História e Teologia, serviam muito bem para o ensino, mas não tinham unção, e, por não ser revestida daquele exótico êxtase emocional(glossolália), não podiam galgar ao posto máximo de "Chefe de rebanho", por isso mesmo, eram tidas como crentes de segunda classe.
E isso vigora até hoje no meio da "manada" nordestina.
Ainda bem que os pastores daqui(mesmo contra a vontade),há alguns anos, já estão aceitando cursos de Teologia, daqueles "decoreba", tipo "assinale a opção certa com um X". Eles só aceitam esses cursinhos porque sabem que eles são uma verdadeira lavagem cerebral, e não ensinam coisísssima nenhuma.
Tendo capim, água e cercado para as ovelhas engordarem, é o bastante. O que mais importa é que depois de serem tosquiadas, a sua lã é comecializada para manutenção do "status" dos supostos ungidos, e sua cambada.
QUE PENA!!!
P.S.: Acho que aí em Campinas na Grande
São Paulo (primeiro mundo em relação ao nordeste)as coisas não são tão escabrosas como aqui nos "guetos" da Paraiba.
Esdras
Eu considero de um anacronismo absurdo o fato de ainda se usar expressões como "pastor" e "rebanho" para se referir a líderes religiosos e aos seus dirigidos, repectivamente. Empregam-se termos que há mais de 2000 anos, há bem mais de 2000 Km daqui, serviam perfeitamente para um povo completamente diferente do nosso entender o que seria a vontade de Deus para eles naquele momento. Não é uma crítica a você, evidentemente, mas à cultura religiosa evangélica mundial.
Abraço.
É mano Esdras, é a lógica dos evangélicos. Afinal, o objetivo da religião não tem sido este de "controlar" o rebanho desde os sumérios, babilônios, egípcios, persas,judeus?...
Eu mesmo não suporto mais nem ao menos frequentar nenhuma espécie de evento que seja promovido pela "igreja evangélica".
Gresder.
Que dó desse pregador hein?
hahahahhahh.
Quanto ao seu comentário acho que o importante é que nesse grupo teve pessoas como capacidade para concordar e discordar da mensagem.
Vejo uma evolução, afinal não houve uniformidade nem em concordância nem em discordância, visto que "toda unanimidade é burra"!
Esse grupo de jovens estão de parabéns, pois não são unânimes para concordar ou para discordar!
Quanto a liderança, o que vejo é que todo conhecimento é uma forma de poder, quem conhece domina, e se os que desconhecem passarem a conhecer, deixarão de ser dominados.
Acho que esse é o medo de grande parte da liderança no Brasil, isso em diversas denominações.
Me congratulo com esse pregador, que a semelhança de muitos outros que o antecederam também sofreram esse tipo de situação.
Mas o importante é que a VERDADE de Deus está na SUBJETIVIDADE do homem, a realidade HISTÓRICA DE cada um vai definir o que é a VERDADE HISTÓRICA EM cada um.
A mensAgem vai para a coletividade mas é na individualidade de cada um que ela encontra morada!
A Deus toda a glória!
Gresder eu também coaduno com este pregador, aja visto, eu ter saído da minha ex-congregação por pregar conforme a verdade subjetiva da minha consciência.
Hoje estou em uma outra denominação, mas no final é tudo igual, sai de uma caixa para entrar em outra, não podendo dizer tudo que pensa, mas dizer o que a igreja e o líder querem que você diga.
Por isso não vou mais sair, mas também não vou mais pregar, sendo o blog o meu último recurso de propagar o que penso sem medo e pressão de perder o meu “cargo”, que em muitas igrejas parecem ser mais encargos.
"A ignorância é uma benção..."
sabe que essa frase pode dar páginas e páginas de discussão?
E o saber, é realmente uma benção? Não saber pode ser melhor do que saber em algumas situações? Jesus era muito questionado pelos fariseus, que eram na verdade, os pastores da época, mas para muitos, Jesus era crido por falar com autoridade e não como os próprios fariseus.
Mas, e a "autoridade", seria um bom parâmetro para ouvirmos e aceitarmos o que foi dito? Se nós, da confraria vivéssemos na época de Jesus, nós estaríamos ao seu lado por ter ele "autoridade"?
LEVI se aqui no primeiro mundo já é assim como eu descrevi imagino como eu me sentiria sufocado num lugar desses. Aqui o pessoal é liberal ainda, num é que eu nesse retiro gritei truco seis e nove ao lado dos obreiros rsrs.
A dez anos atrás quando eu me converti (converti ?) eu já achei estranho esse negocio de o cara ter que falar em línguas para ser consagrado.
Eu só fui um fundamentalista um dia porque foi a primeira coisa que me enfiaram na guela. Mas pentecostal eu nunca fui em nem um momento de minha vida, não suporto nem o cheiro disso, santo deus! deus me livre, eu não desejo esse mau para ninguém rsrs brincadeira isso fez um bem imenso para alma de muitos homens espero combater apenas o falso pentecostalismo, mesmo nao acreditando no verdadeiro
ISAIAS com o titulo pastor eu ainda acho que serve pelo fato de se direcionar o povo. O que não cabe mais é o titulo de ovelha. não seria a melhor bode? Na realidade o velha serve porque dizem que é um animal burro e medroso.
Você não discordo do texto mais eu discordo completamente de você, os pastores tem agido como pastores uns mercenarios outros proprietarios zelosos, mas todos pastores pois pastoreiam seu rebanho para o bem ou para o mal. Para águas tranquilas ou turbulentas.
Oseia se você não suporta frequentar nem um evento que seja promovido pela "igreja evangélica". Eu não suporto nem passar na frente de uma igreja.
Quando eu passo em frente de uma igreja "Deus é terror"ou outro do estilo eu fico ao mesmo tempo profundamente triste e aliviado.
Triste porque se isso for verdade eu rejeito esse "deus de amor' em meu coração e não quero ir para o céu, mas ao mesmo tempo eu fico aliviado por não acreditar naquilo tudo.
Eu não gosto da figura do "pastor" e não quero ninguém me levando pra água nenhuma. Coisa mais patética, um ser humano adulto dizer "o meu pastor isso, o meu pastor aquilo e blá blá blá" como se fosse um tipo de idiota ou coisa que o valha...
Amigo Gresder;
Nesta mesma linha de obreiros infaliveis ou inerrantes como queiram. Sutilmente tenta-se vender a imagem do Super Obreiro, poderoso, que domina bem a palavra e que jamais passa por luta, e se passar, fala igual o nosso Presidente Lula; "Não passou de uma maralinha", porque o crente é mais que vencedor.
Se acontecer o contrario, este obreiro é cosiderado fracassado e os motivos são por causa da falta de fé, falta de oração, falta de jejum, falta de dizimo para repreender o devorador.
Lembrando que não poderá ser considerado pregador até que se converta e "deus" mude o seu cativeiro. Assim caminha a comunidade evangelica do Brasil.
Triste situação!
Parabéns pelo texto Gresderzitto...
Muita paz!!
Beijos!!
José Lima eu não sei que efeito esse texto pode surtir, eu mesmo já estou mais sujo do que pau de galinheiro e por isso não sei se dá para ficar pior, mas eu fiz o que eu gostaria que fizessem comigo caso eu precisasse um dia. Pois eu não vou suportar injustiça em nome de Deus.
Eu não sou mais mais evangemlico e nem mais cristão no sentido original, pois eu não concordo como pensamento da igreja primitiva, sou realmente um herege no sentido real e verdadeiro do termo, não há como eu escapar dessas verdade, mas sou inteligente e honesto, e não tenho como me desvincular da igreja por completo e por isso eles que escolham ou me tenham como amigo ou inimigo.
Márcio nisto eu até sinto inveja de você, pois você esta mais livre do que eu que circulo pelos corredores da da igreja escrevendo o que escrevo.
Mas por outro lado você deveria ser como os profetas que profetizavam no templo contra os sacerdotes e escribas. Isso sim é esgotante, mas pode produzir uma nessecidade de melhorar, pois na medida em que nos criticamos seriamente eles vão ter que ao menos mostrarem a verdade já que estamos errados.
A minha esperança é que ao pregar a heresia a ortodoxia sadia ressurja para o bem deles propios que não vivem a verdade ortodoxa que pregam.
Eduardo quando se fala que jesus falava com autoridade era porque ele diferente de todos que se apoiavam nas tradições e escrituras antigas dizia der si mesmos: "eu porem vos digo"
Ou seja Ele assumia toda responsabilidade do que dizia para si mesmo ao invés de fazer terrorismo em nome de Deus.
Isso realmente chocou os religiosos da época, pois sem autoridade humana constituída, ele perdoava pecados, "quebrava" a lei, reinterpretava as escrituras, como quem não precisa de se apoiar em uma autoridade superior para aterrorizar os suditos com maldiçoe divinas aos insubordinados.
Diferente da autoridade de hoje que se baseia no medo na hierarquia de poderes e na tirania da liderança.
Jair você disse tudo e mas um pouco com essa frase; "Se acontecer o contrario, este obreiro é considerado fracassado e os motivos são por causa da falta de fé, falta de oração, falta de jejum, falta de dizimo para repreender o devorador."
Tudo se tem um jeitinho nesta moralidade de causa e efeito de barganha para com Deus.ao que dão certo são pela sua fidelidade aos que no caminho tropeçaram são por causa de suas incredulidades.
E assim a igreja vai fasendo a seleçao natural, jogando a margem os fracassados na vida e elegendo os vitoriosos par poderem pregar a sua mentira de que Deus prospera o Justo.
Bem colocado. Tem também aquela passagem em João que ele diz que a autoridade dele vinha do que o Pai tinha lhe ensinado e do que ele tinha ouvido junto ao pai.
Em outra passagem quando lhe pedem para dizer com que autoridade ele dizia o que dizia, ele responde com outra pergunta e como não obtém resposta dos fariseus, ele também não lhes diz de onde vinha sua autoridade.
Era o método Jesus de calar escribas e fariseus.
Caro Amigo Gresder;
Já algum tempo rompi com este sistema, me desculpe o desabafo. Estou de s...cheio desta porcaria de evangelho que não liberta ninguém e só cria nas pessoas o individualismo e a falta de amor.
Digo sem medo de errar ou ser considerado um herege, um desviado. Rompi com o sistema e hoje creio muito mais em Deus, pois sigo a minha percepção.
Hoje eu estou exercendo a liberdade que Deus me consedeu.
Somos livres até para errar, os erros vão nos ensinar e nos aperfeiçoar.
Ai vai o meu grito;
EU SOU LIVREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE....KKKKKKK
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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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