A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
sábado, 12 de junho de 2010
De tão humano, Ele só poderia ser Deus
Aquele que mesmo que sendo Deus, não deixou de contemplar de novo, o quanto era muito bom o que tinha feito.
Ele não era um místico alienado do mundo, pois era intensamente humano, o mau do mundo a que estava imerso, não se confundia nele.
Ele se apaixonou pela vida, foi criança, foi homem.
Observou a natureza dos animais e do trabalho rural, exaltou o trabalho do pai de família que padece sobre o sol, dignificou o amor no casamento fazendo analogia com a vida eterna, se encantou com as crianças, chorou pelos seus, e amou os homens.
Foi verdadeiramente mundano, comeu a fartar e bebeu a sorrir sem deixar de saber na pele o que é pobreza, trabalho duro e temor a Deus.
Da sua boca não há testemunho de que alguma vez gracejou, não fazia piadinhas, não deu gargalhada, não menosprezou nem mesmo o tentador no deserto e não sabemos se riu debochadamente de alguém ou de alguma coisa.
Mas em todas as suas palavras há um teor e um tom de esperança e alegria absolutas. Ouvi-lo ontem ou hoje é gozo indizível que sacia a alma.
A vida pulsa em seu ensino, a graça de sua verdade incendeia o coração de quem se prostra diante de seus pés para beber sedento as suas palavras como água fresca.
Não trouxe a nós novos conhecimentos, apenas rasgou a cortina da religião para que os nossos olhos vissem toda a verdade escrita na natureza e na existência humana.
O que não sabia ele, que os sábios clássicos do ocidente e do oriente também não sabiam? A vida era seu livro, e em cada dia vivido, tirava a sua lição aos discípulos e ao mundo; entendeu e rejubilou pelo fato de que todo o conhecimento essencial sobre a terra e a eternidade está ao alcance dos pequeninos.
Ele olhou para a natureza e viu que ela bastava a si mesmo.
Notou que não havia em toda a criação falta ou insatisfação; o animal comia sem aflição o seu alimento e as plantas bebiam completamente satisfeitas os raios do sol de Deus posto sobre elas.
Portanto Ele sabia que da mesma forma que Deus vestia as flores e alimentava os pássaros, cuidaria também, e com carinho e zelo de Pai provedor, dos homens a qual tanto quer bem.
Gresder Sil
Ao dizermos que ele foi apenas um homem, abrimos um leque de possibilidades de interpretações das mais ousadas as mais idiotas a seu respeito, e por isso imortaliza-lo como Deus é, e foi o meio mais seguro de preservar irretocável este presente único de Deus para os homens
escrito em 29/09/09
Postado por
Esdras Gregório
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11 comentários:
Gresder, é encantador o modo como você destila poesia sobre o Carpinteiro de Nazaré! Como já nos disse Leonardo Boff, Jesus era tão humano, mas tão humano, que só mesmo sendo Deus.
Maravilha de texto!!
De fato, Gandhi foi mais que humano. Ou estaria você falando de M. Luther King, ou ainda de Mandela, ou quem sabe de Sadhu Sundar Singh? Difícil saber, foram muitos.
A teologia do deus esvaziado encarnado em Cristo é talvez, sem duvida alguma, a mais poética, simbólica e inspiradora das teorias sobre deus, ainda que não seja a mais coerente e verdadeira.
Magnífico poema acerca do Galileu, Gresder. (É dele mesmo que você está falando né?)
Mas gostei sobretudo da nota de rodapé dos seu texto:
"Ao dizermos que ele foi apenas um homem, abrimos um leque de possibilidades de interpretações das mais ousadas as mais idiotas a seu respeito, e por isso imortaliza-lo como Deus é, e foi o meio mais seguro de preservar irretocável este presente único de Deus para os homens."
Embora eu não concorde com o final, acredito que para um pequeno grupo de pessoas isto seja uma verdade.
Mas não esqueça-se de que que..."foi por este Jesus imortalizado como Deus, que muitos de nós humanos...matamos muitos me nós humanos" Edson Moura
Abraços maninho!
Hoje o tempo é curto e vai só para o Gabriel.
Como eu já tinha dito por e-mail este texto era especialmente para você pela pintura orrivel que você fez de Jesus.
Isso mesmo, cada um faz a sua pintura, conforme as cores que tem, conforme o impacto que dele Recebe.
Jesus é tão singular que ninguém o ignora, seu texto é uma prova, cada um da sua justificativa, cada um levanta trincheiras ou pontes para se afastar ou chegar mais perto Dele.
Os apóstolos fizeram suas pinturas, ns estamos fazendo a nossas. As cores que Ele tem, é as cores que dão vida a nossa alma.
Quando somos simples dizemos que ele era bondoso como uma pomba, mas se somos astutos dizemos que ele era um cara genial.
Cada um o pinta como ele mesmo é.
Não só isso como também o desenhamos pelo impacto que Ele faz em nosso ser.
Se ele é inesquecível, a despeito de tudo, o nosso coração ainda se prostra diante de sua majestade, mas se Ele apenas passou de relance em nossas vidas, Ele será apenas mais um como os que você citou, argumentos esses que mais foge da questão de encara-lo de frente, do que realmente da uma resposta satisfatoria sobre que Ele é.
Não tem como não te parabenizar por este belo e profundo ensaio acerca do personagem "Jesus". Personagem este capaz de suscitar tanto o amor quanto o ódio, mas que quase nunca é ignorado quando se toca no seu nome.
Tua releitura dele é mesmo muito sensata: um sábio que ensinou aos humildes o que estava disponível apenas aos "nobres" e aos tidos por "sábios" até aquele momento.
Um abraço.
Gresder,
Você foi redundântemente fantastico. O seu poema é digno de louvor.
Gostei da parte "por isso imortaliza-lo como Deus é, e foi o meio mais seguro de preservar irretocável este presente único de Deus para os homens"
Deus rascou o veú, e agora está acessível à todos.
Parabéns!!!! Saio daqui feliz por essa leitura.
Hubner Braz
Yaya.. Se eu não admito o mainstream sobre Jesus, logo nunca o conheci de verdade. Rasteira braba hein?
Cada um pinta o ser mitológico de uma forma, mas eu apenas dei-lhe uma cara humana, falha como todas as outras, embora para mim possam haver mil outras possibilidades.
E se eu achar que certos conselhos de Jesus não servem para mim, hoje? Certos conselhos são moralmente dúbios, outros são pura bobeira, alguns parecem sensatos, outros claramente copiados. Isto torna Jesus o quê? Ora, nada mais que um grande homem, sem dúvida, mas tal como, tão errado e certo como tantos outros grandes homens/mulheres, como os que citei.
Mas ninguém diz que não aceitar a mensagem de Gandhi o levará para o inferno, ou a punição de qualquer tipo. Sâo conselhos, modos de enxergar a vida, talvez coerentes, talvez não.
Quanto ao Mito, abstenho-me dele, pois tal como o mito de outros, são não mais que ilusões da existência de um ser não-dúbio, como que o anseio de homens que esperam um dia aplacar seus defeitos, em se tornarem perfeitos. Não tenho essa ilusão. Serei para sempre humano, enquanto durar aqui nessa terra.
EDURDO e MARCIO
O nazareno foi o grande poeta da vida, quase tudo falou em parábolas, hipérbole, linguagem figurada, força de expressão e alegoria.
Nada mais natural que Dele fosse à maior e mais emocionante historia de Deus para os homens.
Um dia Ele mesmo se assentou em frente de um homem importante e contou esta parábola: “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Esta era a sua parábola de amor e redenção favorita, mas João seu discípulo, para preservar aquele tesouro que ele encontrou no campo, fez do grande “romancista” da humanidade o protagonistas de sua melhores historias.
Portanto o que importa para nós o fato real impossível de se provar de sua natureza, sendo que Ele como o símbolo de Deus é a verdade da alma de muitos que o amam ontem e hoje.
Por muito tempo eu acreditei que Ele era Deus, e depois que Ele era somente homem, agora para mim não importa, tanto faz, os discípulos ficaram deslumbrados com a sua Gloria, e o imortalizaram par nós, isso nunca me fez mal algum, por isso farei o mesmo que eles.
A cada milênio ou geração os homens como arqueólogos da humanidade irão voltar para vê-lo mais de perto, e eu por saber que Este acaso único da existência humana não mais se repete, quero contribuir para podermos descrevê-lo de uma forma cada vez melhor.
EDSON não creio que a doença do cristianismo procede do fato de Ele ter sido imortalizado como Deus.
O mau vem do próprio fanatismo inerente em toda religião, em todo time de futebol e em todo seguimento de alguma utopia política.
Os exageros, distorções, corrupções não anulam a “verdade” da fonte, ou do seu originador.
Seus argumentos abalam apenas a religião, e não o próprio Jesus.
Jesus tem que ser “desmentido” por ele mesmo e não por seus seguidores.
Haja visto o exemplo de epicurismo que foi profundamente distorcido com termos pejorativos que não revelam o ensinamento real do autor.
Edson sua luta não é contra a carne rasgada e o sangue vertido deste homem, mas contra as potestades religiosas da maldade.
Gabriel pode ser que para você muitas das palavras e ensinamentos de Jesus não fazem sentido, mas para eles fizeram.
Você como o Edson estão jogando junto com a fralda suja, o bebe também. Seus problemas são como o cristianismo e com os crentes e não com o próprio Jesus.
Coloque cada ensinamento de Jesus em seu contexto, e você vera que faz sentido, Ele mesmo deu a chave hermenêutica para entender suas palavras; “ não se pode remedar pano novo em roupa velha” ou seja tire a polpa da essência, desfrute o fruto e jogue fora a casca.
Quanto ao inferno e céu, creio que são medos e sentidos que ele pode ter dado aquelas pessoas sem lei e se esperança. Sem contar que ele falava muito em figura de linguagem e o os próprios discípulos fizeram um edição de sua vida para poder “vender’ seu produto.
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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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