A desmitologização e secularização das linguagens e estruturas religiosas da fé
sábado, 22 de janeiro de 2011
O jardim do Éden
A vida é infinitamente significativa por si só, e não precisa de justificativa para isso, ela se alto justifica sozinha. Seu valor intrínseco é absoluto por força imperiosa de constatação. Por isso tanta grandeza se impõe como divino e sagrado tanto em essência como em origem. E o seu começo não poderia ser diferente de como é: milagrosamente místico e misterioso. A sua genesis esta tão distante como é desmesurado a sua concepção.
Toda e qualquer interpretação dada para o começo e propósito da vida que não esteja altura de sua grandeza a priori, deve ser rejeitando com incompatível com o valor que a vida tem e dá a si mesma. Um mundo tão incrível e tão vasto, não poderia ter um fim tão mesquinho como se sendo um palco e brinquedo dos deuses, como também não poderia ter um começo tão sem sentido, sem mistério e sem magia num acaso acidental.
Tanto a teoria da Criação como da evolução ainda são pequenas diante da grandeza da vida. Na verdade não passam de presunções impostas como respostas que foram dadas para perguntas urgentes e necessárias para se poder viver produtivamente sem se perder no vazio das questões primarias e existenciais. Mas antes viver deslumbrado diante do Assombro da grande origem inexplicada da vida, do que dar e criar respostas tão limitadas.
Estamos aqui, e parece que o universo inteiro em sua grandeza incomensurável foi feito pra ser visto, para ser descoberto. E no meio deste espaço infinito, somos um oásis num deserto árido e sem vida. A terra é o Jardim do Éden da alegoria bíblica. Mas não creio que fomos criados em seis dias e também não creio que chegamos a este ponto de evolução por milhares de anos. Mas sinto que fomos colocados cuidadosamente aqui.
Esdras Gregório
Escrito em 21/01/11
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Esdras Gregório
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8 comentários:
Esdras
Esse final foi meio contraditório. Primeiro você afirma que não fomos feitos em seis dias e depois que fomos colocados cuidadosamente aqui e que não evoluímos até aqui. Achei em cima do muro. Como se querendo agradar a gregos e troianos. Todo mundo tem seu ponto de vista. Ninguém é em cima do muro.
Nossa Miranda, então só temos duas opções? Que pobreza! Voce sabe o que é agnosticismo? É isso que eu sou em matéria de crença! Por eu não ser nem criacionista e nem evolucionista eu estou em cima do muro? Eu simplesmente não sei de onde vêm nossas origens, e não vou forçar respostas entre duas corretes de pensamentos presunçosas e ridículas.
mas então, garoto, que tal começar a viajar e listar algumas outras opções para o "absurdo" que é a vida na terra?
existem evidências da evolução biológica mas muitos cientistas contestam que a evolução por si possa explicar a vida neste planeta; a narrativa bíblica sabemos ser mito, alegoria, teologia, religião.
qual seria as outras opções, gresder?
sente que fomos colocados cuidadosamente aqui? sabe, eu também sinto algo parecido; sinto que a vida, no seu nascedouro(no big bang ou em outro evento)já tinha todas as potencialidades para se tornar o que de fato se tornou.
será que caberia aí algo parecido com deus?
Por ser a vida e a existência algo tão vasto e repleto de significados, nenhuma descrição humana será suficiente em suas explicações. Nem mesmo o mito do Jardim do Éden que, possivelmente, foi baseado no 'bit adini' assírio-babilônico (região à margem do Eufrates) e muito bem manejado pela escola sacerdotal para transmitir uma ideia ao hebreu do segundo e do primeiro milênios antes de Cristo como se tratando de um jardim de delícias que, em grego, equivale ao "paraíso".
Como que o homem daquele tempo iria descrever o 'nefesh' (ser animado) a não ser compreendendo que a animação decorre do 'ruah' (sopro)? E, neste sentido, Gênesis 2.7, ao falar que 'Iahweh Elohim' soprou nas narinas de 'Adam' o hálito da vida, é na verdade uma atitude de gratidão pela nossa existência. Uma expressão poética e ao mesmo tempo de profunda harmonização com o universo e o Ser cuja voz o comanda.
Infelizmente, nos últimos séculos, perdeu-se o belo sentido poético e harmonizador das tradições bíblicas de Gn 1.1-2.4a e de 2.4b-3.24. A religião cristã criou suas doutrinas em cima do texto e impôs dogmas (a teoria do criacionismo foi um deles) a ponto de atrasar por séculos o desenvolvimento da ciência. Hoje em dia, muitos, ao invés de se opor à doutrina, atacam junto a narrativa bíblica, ignorando seu profundo significado.
Meditar sobre o 'bara' (a ação criadora de Deus) é libertador e belo. Porém, o criacionismo aprisiona mentes e acaba sendo algo muito feio. Um mal que foi trazido pela religião cristã em seus 1900 anos de desconexão, mas que não foi dogmatizado pelo judaísmo.
A Torah que, embora eu creia ter sido divinamente inspirada, talvez não contenha vocábulos suficientes para expressar a grandeza da criação. Porém, sou fã das tradições de Bereshit, as quais me parecem milenares e anteriores a Moisés e à escola sacerdotal judaica, indiciando a existência de uma fonte mitológica comum a vários povos e uma hist´roa que, provavelmente, deve ter sido recitada por gerações ao redor das fogueiras.
Agora a terra não é mais o jardim do eden. Guerras, injustiças, preconceitos, disputa de poder e outras coisas horriveis. Jardim do eden são poucos os previlegiados meu amigo. Abraço
Edu, não vislumbro outras opções, a Genesis da vida esta muito distante, prefiro me render e confessar minha incapacidades de ver. Prefiro ficar a contemplar extasiado e grato.
Evolução sim, sempre, a lei da seleção natural é real, mas mutação, transformação, isso não, isso é um mito também.
Sim! caberia um Deus sim: mas não o Deus de Abraão Isaque e Jacó, mas o Deus dos filósofos. (inversão da frase de Pascal).
Rodrigo eu não aferidor e medida de certo e errado e o que eu concordo não significa ser certo, mas desta vez eu concordo inteiramente contigo.
Olá Gresder!
Embora estejamos de acordo, penso que o compartilhar desta citação de Humberto Ferreira, que expus do blogue da Júúh, vai contribuir de alguma forma para este aspecto do debate:
"No primitivo hebraísmo, tal como nos testemunha por exemplo o Gênesis, o ser humano era uma "unidade de força vital", porque o seu corpo de carne (bâsâr) não só tinha um alento vital (nephesh) - por vezes apressadamente identificado com a "alma" - mas também um sopro espiritual (ruach) provindo de Deus. Aliás, o Prof. Sid Z. Leiman, catedrático de História e Literatura Judaicas na Universidade de Brooklyn, chama a atenção para um pormenor significativo: o ser humano não possuía um nephesh, diz ele, mas era um nephesh, e cita o Génesis: "…Wayehi ha-adam le-nephesh hayya" ("… e o homem tornou-se um ser vivente") (Génesis 2, 7). Na prática, e nesses antiquíssimos tempos, nephesh e ruach quase se indistinguiam, e não podiam ter uma existência separada, fora do corpo; por conseguinte, com a morte, todo o conjunto se dissolvia e apenas uma vaga sombra permanecia no sheol. Foi só a partir do momento em que os Hebreus sentiram a tal necessidade dum futuro prêmio ou castigo, sobretudo a partir do século II a. C., como vimos, que o termo nephesh começou a ser encarado como uma entidade psíquica com existência independente do corpo."
Fonte: http://embuscadojesushistorico.blogspot.com/2011/01/as-concepcoes-sobre-os-misterios-da.html
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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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