domingo, 24 de abril de 2011

A moralização das pulsões sexuais


No cristianismo todas as pulsões, pensamentos e excitações sexuais não são produtos involuntários da produção de um instinto vivo e intensamente ativo no ser humano, mas tentações e desejos malignos e pecaminosos em si, feios de se sentir, aos quais devem ser duramente reprimidos por serem perigosos para fé. Que perturbam o fiel em sua caminhada em direção a uma vida sem pecado.

No inconsciente coletivo geral dos cristãos, tudo relacionado a desejo, pensamento e fantasia sexual são frutos do pecado engendrado na natureza humana corrompida, que instiga o homem ao pecado, que o leva a desejar o pecado. Ou seja, todo um mecanismo humano de funcionamento de instinto é visto não pelo seu real motivo natural, mas de forma pejorativa pela religião.

Assim como a preocupação e a necessidade de alimento ocupa uma parcela do pensamento e do desejo do homem junto com as necessidades de trabalho pelo bem estar e reconhecimento social pela necedade instintiva de viver em grupo, o instinto sexual inerente no ser humano produz seus mecanismos de insatisfação e meios de satisfação para realizar sua função natural no homem e na espécie.

O próprio corpo do homem e da mulher é criado de forma a desejar e se preparar para a satisfação sexual, de forma que os sentimentos e volição relativos à sexualidade é parte inevitável dos pensamentos diários comuns de todos os indivíduos saudáveis na natureza e na sociedade. As fantasias, as excitações sexuais são produtos diretos de um complexo mecanismo humano.

E assim como o homem tem responsabilidade moral e social de satisfazer todas as suas necessidades humanas incluindo sua busca por abrigo, aceitação social, alimentação, ele também tem a responsabilidade de buscar a melhor forma de responder as demandas dos desejos sexuais que estão nele cobrando a sua necessária satisfação para o bem estar físico e emocional do homem.

Pois o que é moral ou imoral é a forma saudável ou destrutiva como se satisfaz tal desejo e não o desejo em si, com suas pulsões que são involuntárias e naturais no homem. Pois o instinto pede e cobra do homem o seu tributo de tal forma que não pode ser ignorado ou rebatido ferozmente. O que o instinto quer e deseja não é pecado, nele não existe moralidade, mas um organismo natural.

Esdras Gregório

escrito em 24/04/11

Texto oito da serie sexualidade a-religiosa

9 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Embora o Novo Testamento não tenha por objetivo moralizar as pulsões sexuais, compreendo que a religião cristã, ao afastar-se dos princípios básicos do Evangelho, acabou produzindo uma moral repressora dos instintos.


"O que o instinto quer e deseja não é pecado, nele não existe moralidade, mas um organismo natural."

Concordo que o instinto em si não seja pecado, pois trata-se de uma manifestação natural da nossa condição humana. Contudo, a convivência social impõe a educação dos instintos para que possamos desenvolver bons costumes.

Tendo comentado hoje no artigo "Falando de Sexo", publicado no blogue "Caminhos da Teologia" do Eduardo Medeiros, escrevi que vejo a pureza sexual como um padrão a ser considerado, embora inatingível em sua totalidade e que não deve ser motivo para produzirmos em nós mesmos conflitos, mas sim nos tratarmos com a graça divina.

Sei muito bem que não há como controlar os pensamentos e que, mesmo numa relação sexual com sua esposa, um homem pode pensar em mil coisas, incluindo cenas eróticas com outras mulheres que ele vê na rua. Mas, se ele impõe a si certos limites e não corrompe o seu leito conjugal com coisas como troca de casais e a participação de outras pessoas no ato de intimidade com sua companheira, certamente fará bem.

O casamento não pode ser visto como um antídoto para a impureza sexual apesar de Paulo dizer em 1ªCoríntios que, por esta causa, "cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido" (7.2; ARA). Hoje entendo que mesmo as pessoas casadas sentem atração sexual por outras (o desejo de um relacionamento extraconjugal), também gostam de dar uma espiada em cenas eróticas que passam na TV ou num filme (há casais que até alugam DVDs eróticos) e tem gente que pensa em atalhos alternativos para fugirem da rotina, como, por exemplo, ir numa casa de swing ou praticar atos exibicionistas. Portanto, é necessário fugir destas coisas.

Abraços e tenha uma feliz Páscoa!

Esdras Gregório disse...

Rodrigo, troca de casal ,duas mulheres com um homem, deitar com uma e pensar em outra tudo isso é sintoma de doença sexual e não pecado, tratasse da falta de uma relação sexual com uma parceira que não completa o h0me e vice e versa. Um homem emocional psicológica e fisicamente satisfeito tem maior controle sobre estes desvios, que é pura insatisfação carnal ou psicológica e não pecado em si. Não existe pureza sexual no sentido cristão, existe vida sexual saudável e satisfatória, que pode naturalmente se abster de desejos solicitados pelo instinto que não lhe produziria o bem. Não existe pecado no desejo e nem forma santa de satisfazer, existe a consciência de cada um para viver a sexualidade da melhor forma possível com menos danos possíveis a si mesmo e ao próximo, conforme a consciência cultural e religiosa do próximo de felicidade e infelicidade que o outro pode lhe causar, a moralidade é relativa, pois não existe pecado no extinto no sentido absoluto do dogma cristão de pecaminosidade humana.

adeildes disse...

você está certo. nenhum instinto natural humano poderia ter sido transformado em si mesmo em pecado pela religião. acredito que o "pecado"(somente para usar o termo usual da religião) é exatamente a forma como você satisfaz tais instintos. como você disse,

"Pois o que é moral ou imoral é a forma saudável ou destrutiva como se satisfaz tal desejo e não o desejo em si, com suas pulsões que são involuntárias e naturais no homem"

se duas pessoas adultas e não comprometidas sentem atração uma pela outra, elas tem mais é que satisfazer essa atração numa relação de mútuo prazer e satisfação sexual. se vai ter filminho pornô, dominação(sem violência), swing é com eles. mas acho que o cara sentir prazer por exemplo, com a cagada da mulher em sua cara, ou levar uma galinha prá cama junto com a mulher, é caso para psiquiatra...

abraços seu maldito desertor da confraria metido a consultor sentimental!!!!!

Eduardo Medeiros disse...

onde se lê "adeildes", leia-se Eduardo Medeiros, ok?

Esdras Gregório disse...

Eduardildes Foi um prazer imenso blogar com vocês todo este tempo, mas agora estou cansado de blogar, e empolgando em ser consultor sentimental como você diz rsrs na verdade isso me cansa menos e é um relaxante rsrs pois, você não esta vendo esses textos sobre sexualidade? é um pequeno livro com seqüência lógica e coerência de pensamento, e para fazê-lo, eu preciso não me sobrecarregar de tarefas como blog por exemplo. Alem de que depois de terminar o assunto sobre sexualidade eu vou fazer e guardar a sete chaves um livro sobre Jesus que vaí fazer Friedrich Strauss pagar um pau pra mim rsrs um livro sem referencias bíblicas e históricas, cujo apoio vai se basear nas experiências subjetivas de todos os homens. Mas aparceirei por ai nos blog as vezes, pode crer.

***Adriana Rocha*** disse...

Blogando ou livroando kkkkkk gosto do que fazes. bora ler

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

"se duas pessoas adultas e não comprometidas sentem atração uma pela outra, elas tem mais é que satisfazer essa atração numa relação de mútuo prazer e satisfação sexual. se vai ter filminho pornô, dominação(sem violência), swing é com eles"


Eu não posso concordar com a prática da sexualidade baixa do swing! Deus criou um homem e uma mulher e, através da relação sexual, os dois se tornam uma só carne.

Para gozar e alcançar o orgasmo, ambos devem buscar isto juntos e com a graça de Deus. Trata-se de uma descoberta que acontece na intimidade do casal, sem a participação de outras pessoas e com pureza a exemplo do que lemos no Shir Hashirim (Cântico dos Cânticos) onde o sexo como forma de elevação da realidade, onde ambos podem construbuir para transformar todo o Universo.

Vejam, pois este interessante comentário sobre a passagem do Zohar feita por Zion Nefesh, autor do Daily Zohar:


"O órgão reprodutivo masculino é uma ferramenta física para trazer luz a Malchut. O uso desta ferramenta deve ser feito com a consciência de apreciar este poder de trazer a luz, criar vida e atrair bençãos para a unificação de homem e mulher, Zeir Anpin e Malchut, Luz e Receptáculo.

O uso deste órgão é corrompido pela consciência imprópria e, ao trazer luz sem um receptáculo, cria-se negatividade na vida da pessoa e de sua família.

Quanto mais alto o estado espiritual de uma pessoa, mais luz ela pode atrair e ela tem a responsabilidade de realizar uma conexão apropriada com uma consciência superior para manifestar maior luz em sua vida e na daqueles a sua volta.

Quando este canal é corrompido, a Fonte da Vida seca. A conexão física pode existir, porém as bençãos não virão."


Em outras palavras, o encontro físico do casal durante a madrugada, que deve ser cheio de erotismo, trata-se de uma grande ferramenta que pode promover coisas positivas ou negativas. Neste sentido, o Cântico dos Cânticos nos mostra a maneira apropriada da sexualidade em que o cônjuge sente a falta do outro de forma visceral e o encontro de ambos gera uma atmosfera erótica onde um desperta sensações presenciais no outro.

Eis aí o equilíbrio quando influenciamos e nos deixamos influenciar - o segredo da harmonia do universo: macho e fêmea, terra e céu, Israel e Deus.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Em tempo!

A tradução do texto do Zion Nefesh foi extraída de http://yedacabala.blogspot.com/2010/02/o-sexo-como-forma-de-elevacao-da.html

Sobre a exclusividade do relacionamento sexual entre o casal:

"Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu" (Cântico dos Cânticos 6.3; ARA)

Tenham uma semana abençoada e cheia de paz!

José Avelange disse...

Parabéns! Gostei do blog, do post, dos comentários. As pessoas necessitam disso. Em frente!

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
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