segunda-feira, 9 de maio de 2011

A tentação da carne



A vida do cristão é marcada pela presença constante daquilo que ele chama de tentação. Que é mais uma neurose, uma alteração religiosa da visão de um fenômeno biológico natural interpretado de uma forma religiosa obcecado, e deturpada exatamente pelo fato de este ser estar podado e proibido de poder se permitir a conhecer e assim entender a verdadeira natureza e propósito do instinto sexual.

Todo um fenômeno de atração sexual que visa à perpetuação da espécie que é um mecanismo instintivo que inconscientemente vê no outro sexo todas as características a qual representam saúde para a prole do possível casal é vista pelo cristão como tentação. Como algo criado propositalmente contra a sua fé, como um atentado a sua vida religiosa em busca de uma pureza que o conduza ao seu ideal de vida santificada.

E o que ele não entende é que toda esta tentação ou desejo nele é voltado somente para um fator condicionado: a beleza e a saúde do individuo sexual pela qual ele se sente atraído. Ou seja: a tentação é exatamente o mecanismo que a natureza criou para melhor perpetuar a espécie saudável e perfeita. E a tal tentação que perturba o homem religioso, e nada mais do que o funcionamento do organismo biológico de reprodução.

Portanto, aquilo quem para ele tem um teor religioso de provação, de tortura e de sedução pecaminosa contra a sua vida, não é algo espiritual religioso projetado ou malignamente engendrado na natureza contra a sua fé. Mas a mais pura manifestação natural da sua potencialidade de vida como individuo e de continuidade como espécie. Não existe tentação, o que existe é atração sexual pela qual o individuo é responsável.

Esdras Gregório

Escrito em 09/05/11

Texto dez da serie sistemática: sexualidade a-religiosa


7 comentários:

Levi Bronzeado disse...

"O melhor a se fazer diante de uma tentação é sucumbir a ela". (Oscar Wilde - tinha lá suas razões ao formular esse pensamento)

Nos tempos de minha efervescência sexual de menino, quando sucumbia "àqueles tipos de tentações", os mais velhos me metiam medo dizendo: "Fazer isso demais deixa o cara doente e amarelo, sem um pingo de sangue" (rsrs)

E eu, ficava a cada semana a me olhar no espelho. Santa ignorância! (kkkkkkkkk)

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Reflexões interessantes, Gresder!

Acho proveitoso e edificante a pessoa entender que de fato existem fortes motivos vitais, dentre os quais o de perpetuação da espécie, que faz com que o homem sinta atraído por outras mulheres que às vezes não coincidem com sua própria esposa. E, obviamente que estão relacionados com a nossa natureza!

Assim, desmistificar os desejos com a finalidade de conseguir manter uma atitude amorosa para com a sua esposa e procurar manter-se fiel e casto torna-se importante para que um homem consiga lidar com todas essas energias como seres conscientes.

É certo que o desejo por uma relação socialmente desagregadora não pode ser vista como um ataque de forças demoníacas ou como resultado de uma moral baixa. Pois como dito, são desejos naturais cuja prática deste ou daquele modo não seria recomendável, o que não significa que devam ser ignorados ou reprimidos de uma maneira tão sufocante que nos leve a viver com alienações.

Dentro deste contexto, eu citaria aqui o apóstolo Paulo quando ele diz:

"Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm: todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma" (1Co 6.11, ARC)

Seguindo o contexto da citação bíblica, Paulo vai falar ali sobre um homem procurar uma prostituta e que se torna uma só carne quando tem relações sexuais com ela. Paulo mostra que este tipo de relacionamento não seria conveniente para o homem e dá suas razões para tanto. Então, se tenho a consciência de que transar com prostitutas é algo errado, não devo deixar-me dominar pelo desejo de satisfazer a minha necessidade sexual por este caminho. Seja por causa da integridade do meu corpo, como Paulo fala, ou por uma questão social de não estar financiando a prostituição.

O mesmo pode-se falar em relação ao adultério, aos relacionamentos homossexuais ou até mesmo quanto à prática contínua da masturbação que o jovem pode evitar através de um relacionamento mais cedo com uma mulher, casando-se (não necessariamente no papel). Mas é claro que o casamento não pode ser visto como um antídoto para tais questões. O casamento exige do marido um sacrifício diário, uma abstinência de outras relações, o respeito pelo corpo da esposa (um dos motivos pelos quais sou contra o sexo anal) e a disposição permanente de cuidar de sua amada.

Esdras Gregório disse...

Levi mil perdão pela ausência do teu blog, leio a metade do que você posta, mas estou muito sem vontade de comentar nos blog, estou lendo somente a metade do que lia antes e o facebook me roubou de vocês rsrs mas estou por ai rondando de devagarinho, não sumi nao tá rsrs

Esdras Gregório disse...

Rodrigo tua visão da sexualidade ainda é profundamente religiosa e espiritualizada, e não moral e racional.

Sobre casamento e sexo tua visão é tão limitada que chega a ser injusta, alias deixa eu adiantar um texto sobre o assunto que você ainda não leu, vou voltar nesta assunto depois aqui no blog

O casamento como segregação espiritual



O casamento faz uma triagem na sociedade elegendo os melhores tipos de cada grupo social, deixando a margem deste beneficio os indivíduos que naturalmente são inadequados para uma vida social em que somente se estabelecem aqueles que têm certa estrutura psicológica, física, social e econômica para manter este modo de vida.


Não que os de uma classe pobre da sociedade não sejam eleitos para esta vida, mas que os tipos extremos de cada camada do conjunto social são relegados na segregação em que os deuses da sociedade fazem purgando os excêntricos ou deficientes a qual não se enquadram no tipo daqueles que como cidadãos saudáveis do seu meio são a nata e a fina flor de cada casta social a qual pertencem.


Os naturalmente muito tímidos ou demasiados extrovertidos e excêntricos, os reprimidos demais ou “santos”, tanto quanto os inconvenientes e indecentes morais, assim como os gênios alienados e os idiotas e “sem noção” dificilmente se enquadram no padrão para uma vida social a dois. Tanto quanto também os fisicamente fora do padrão como: os autos demais, baixos de mais, gordos de mais ou magros de mais, ou com pele demasiadamente escura ou branquicenta de mais, juntamente com todos os que não têm um nível de saúde e beleza mediana padrão, são simplesmente deixadas para traz.


E não há Mãe de santo, Santo Antonio ou “Deus de promessas” que posam mudar esta realidade social em que a maquina da sociedade escolhe e predestina um sujeito para um modo de vida. Enquanto segrega, corta, rejeita, elimina e desaprova outro, o lançado para uma luta e tentativa desesperada de alcançar um estilo de vida que não é somente um modo protegido de relações sexual e segurança emocional como também um status social.


Tendo também aqueles que por um desencontro social e individualidade excessiva vão “galgar” o posto de cidadão casado muito mais tarde do que a media dos que estão praticamente prontos no despertar da mocidade. Que estando num nível social, pensam e vivem fora do meio em que naturalmente se originaram, e que por isso irão lutar pelos seus ideais de vida e subsistência não conseguindo se estabelecerem cedo numa relação emocional ou situação social adequável.


Daí que dizer que a relação sexual de adultos responsáveis fora do casamento é pecado ou proibida por Deus é tão insustentavel e injusto quanto dizer que somente tem o direito de satisfazer suas necessidades humanas, certos tipos específicos de individuo da sociedade. Quanto é tão forsozo acreditar que aqueles a qual “esperam em Deus” conseguiram um casamento, sendo que Deus não privilegia os “justos”, mas faz raiar o seu sol sobre bons e maus, deixando que a vida siga o seu curso natural tanto das leis da natureza como das leis da sociedade em que vivemos.

Esdras Gregorio


Baseado nas estatísticas e estudos do fundador da sociologia: Émile Durkheim


Escrito em 11/04/10

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Gresder,

Parece que vc me criticou sem conhecer o que realmente penso sobre casamento.

Casamento pra mim não ocorre devido a uma celebração civil ou religiosa. Não depende de papéis, nem da autorização dos pais. É um fenômeno que ocorre com a união do homem com a mulher. É tudo muito simples:

"Por isso, o homem deixa seu pai e sua mãe para ligar-se à sua mulher, e se tornam uma só carne" (Gênesis 2.24; TEB)

"E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe, Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe." (Gênesis 24.67; ARC)

Contudo, a realização do sexo sem que se forme também uma relação de compromisso entre o homem e a sua mulher torna-se pecado. É por isto que eu condeno o "ficar" dos jovens que hoje transam ou trocam carícias com uma menina e amanhã não querem mais cultivar uma relação com a mesma pessoa.

Em resumo, eu sou é contra o sexo sem compromisso! E a sociedade não tem mesmo que se met er. Como no começo dos tempos bíblicos. Tudo bem natural e espontâneo.

Esdras Gregório disse...

não estou entendendo, sumiram três comentários do meu blog??

Marcio Alves disse...

Esdras, você esta de parabéns por esta serie de textos redigido e bem sistematizado sobre a sexualidade cristã.

Comecei a ler um, e não parei mais....não pude resistir a tentação e li todos os seus textos, um atrás do outro, que estão bem escritos – como sempre – até aqui. (claro, como sempre também, cheio de erros ortográficos. Este é o velho Gresder que eu conheço. Rsrsrsrsr)

Poderia dizer que o cerne de toda questão que pude observar nesses seus textos, onde você dá uma grande ênfase, chegando quase a ser repetitivo e enfadonho, (eu disse quase, pois você como sempre também, consegue diversifica o conteúdo e estilo escrituristico de vários textos de um mesmo tema) é a errada interpretação concebida e fundamentada dos desejos sexuais pelo cristianismo como por varias correntes filosóficas, como sendo o mesmo inferior a razão (filosofia) e espírito (cristianismo), e também como algo consciente e de possível controle, gerando assim uma neurose em todos que tem a soberba e ilusória pretensão de subjugar os impulsos, como se fossemos livres para não desejar, pois a sexualidade faz parte de nossos instintos e é algo inconsciente, mecânico e involuntário como você mesmo deixa de forma clara e inequívoca.

Abraços

Saudades meu velho amigo.............

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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