sábado, 21 de janeiro de 2012

A responsabilidade existencial de Jesus


O fato de Jesus ter falado em nome de Deus, de ter usado as escrituras com autoridades e insinuado ser Deus não prova que ele cria em tudo aquilo ou que ele mesmo era Deus, mas que ele tenha assumido existencialmente uma responsabilidade que ele acreditou ser dele e de mais ninguém e a qual por isso se julgou acima de qualquer lei moral para poder interpretar e reinterpretar qualquer coisa concernente ao sagrado por que a superioridade de sua lei interior cravada em seu coração abolia qualquer lei que podia o impedir de estabelecer um reino espiritual entre os homens.

Um dos conceitos mais importante defendido por Jesus foi o de que a lei foi feita para o homem e não o homem para lei, ou seja: o homem esta acima da lei e da moral e a lei e moral existem em benefício e segurança do homem, para servir o homem para seu bem. O que em ultima estância aquele que tiver todos os dons e atitude superior que o sobrepõe a qualquer lei, tem seu pleno poder s0bre ela, para poder administrá-la para o seu próprio bem e principalmente para o bem de todos os outros pequeninos abaixo desta lei.

O que é e sempre foram comuns na mente dos grandes e singulares homens da historia humana foi suas crenças intimas de que eles podiam fazer uso de qualquer lei, para aboli-la ou reinterpretá-la para promover o fim de seus intentos grandiosos que visam o cumprimento não da relatividade das leis escritas, mas sim do espírito universal da lei de promover o máximo bem estar geral para os seres pela qual a lei moral foi criada ou percebida pela razão humana. Portanto no estrito caso de Jesus, por ele perceber a grandeza insuperável de sua missão, ele fez uso arbitrário da lei, utilizando-a para os fins que ele acreditou ser condicionado.

Jesus em certos pontos e por varias vezes usa os escritos antigos tanto para reinterpretá-lo ou para ratificá-lo em seu beneficio como fonte de prova daquilo que ele queria passar como conceito de crença e conduta. E sua autoridade ao mover se assim flutuando livremente sobre a estrita regra fixa da lei e sua interpretação como um ser que esta acima dela, vem da sua crença intima de que ele pela grandeza de sua missão poderia usar tal lei, tal tradição e tal fonte sagrada como meio de ratificação do seu próprio ministério que vinha a ser superior em benefício humano a tudo aquilo que dantes tinha sido dito e escrito nas tradições e livros intocáveis daquele povo singular.

Ao se encontrar existencialmente na conjuntura social e histórica de um povo profundamente religioso, com uma bagagem cultural e espiritual riquíssima de materiais, Jesus faz uso de todo esse produto fértil produzido por este povo na historia como meio de fonte primaria e ponte de apoio para o seu próprio desígnio, não necessariamente crendo como eles, mas usando suas crenças como ponto de partida e fonte de informação para a solidificação do entendimento do espírito de seu ensino que sobrepuja qualquer lei, tradição, cultura e religião humana no tempo e na historia.

Portanto ao fazer uso da lei, ao insinuar-se sendo o messias ou o Deus dos antigos, isso não prova que de fato ele tenha sido isto, mas possibilita a enorme probabilidade humana de ele ter tido a intuição pessoal de que ele poderia usar arbitrariamente daquele material em suas mãos para os fins que creu ser superior a toda aquele modo estrito de ver e sentir a Deus e seus mandamentos, instituindo assim uma lei da razão e do coração superior a lei escrita e rígida defendida encarniçadamente por aquele povo. Pois ele como homem surgido no tempo e na historia como filho daquele povo se sentiu também universal como filho de toda a terra e presente de Deus ao mundo para qual sua lei, reino e mensagem fossem ensinados.


Esdras Gregório

Escrito em 21/01/12

Oitavo texto da serie a desmitologizaçao da divindade de Jesus

5 comentários:

Reflexões Franklin Rosa disse...

E aí Esdras, esse tem sido o mesmo sentimento messiânico que tem movido tantos outros líderes na história, seja ela de cunho estritamente religioso ou então político/religioso.

Tenho postado alguns textos seus no meu blog com os devidos créditos.

Valeu cara!

Esdras Gregório disse...

que honra Pra mim Franklin mas estou inativo na blogofera, vou ver se volto com mais textos, depois vejo seu blog

António Je. Batalha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Levi B. Santos disse...

Daqui a pouco menos de dois meses, esta postagem estará fazendo seu primeiro aniversário.

...muitos anos de vida. (rsrs)

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Prezado Gresder,

Como vai?

Penso que a rigidez da norma positivada tem seus benefícios e malefícios.

O que escreveu tem a ver com o que se tem debatido muito atualmente no Direito que seria a possibilidade de interpretação da lei contrariamente ao que está escrito. Ou seja, o magistrado, ao decidir um caso concreto que foi ajuizado, pode sentenciar sem base legal. E hoje tada a fundamentação principiológica constroi-se sobre o valor da dignidade da pessoa humana protegido pela nossa Constituição.

Evidentemente que esse uso da lei que chamou de arbitrário seria via de mão dupla. Em nome da dignidade da pessoa humana, muitas injustiças poderiam ser praticadas também, não? Porém, penso que o homem não pode tornar-se escravo da lei. Daí, se temos um ordenamento jurídico conservador, tem-se a oportunidade de promover mudanças altamente positivas e o sistema recursal de certo modo seria uma segurança assim como o regime democrático com mecanismos de controle social.

Creio que Jesus deixou grande contribuição ao que se pode chamar de Direito Vivo.

Um abraço.

Postar um comentário

.
“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...