segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O QUE É GRAÇA?



Uma perspectiva filosófica subjetiva sobre a graça

Reflexão primeira:

A graça é ser e estar salvo em todo o tempo enquanto se andar pelo Caminho; mesmo quando nossos pés estiverem sujos.

Tal graça é esta circunstância de ser salvo enquanto o coração estiver na disposição na qual Deus se manifesta. Mesmo se na trajetória os pés se emporcalharem; mesmo quando caído, pelo tropeçar das pedras que há no Caminho.

E, especialmente: mesmo quando na lama do pó desta terra misturada com a saliva de nossa arrogância mais as lagrimas de nosso arrependimento, a nossa alma patinar em desespero e abandono perante Deus

Sendo atributo de um Ser imutável ela é estável na existência de quem a recebe. Não se perde aqui e depois se recupera ali, não e inconstante assim como o seu receptor, não esta sujeita as probabilidades acidentais e imprevisíveis que atuam sobre o homem.

Graça é a posição de bem-aventurança existencial eterna na qual Deus firmemente se encontra. Para o homem esta graça é a experimentação de um grau de eternidade no tempo, de uma constância de propósitos firmados na constituição mais vital da psique da alma humana

Graça por tanto, é um condição estável profunda do ser, daqueles que em quanto no pó desta terra, estão sujeitos as inconstâncias e contradições da superfície do ser e, das expressões conseqüentes da personalidade humana Caída.

Nenhum pecado que procedem da contingência de existir, de qualquer espécie, tira o homem de tal condição, por que a graça no homem assim como Deus, não muda conforme a instabilidade do ser humano. A graça não tem expectativas quanto ao proceder individual, antes, já pressupõe a sua infidelidade.

Ela é a vida de Deus no homem, nenhum incidente faz com que o homem a perca. Pecado é uma atitude no tempo, e não necessariamente um estado decidido no íntimo da vontade. Isso considerando que todos os pecados isolados de quem esta no Caminho são atos de escolha consciente ou acidental e, não um estado de ser.

Só quando o homem vive em presença de Deus é que a violação de seus mandamentos ganha sentido, pois tal infração é a perturbação de um nível saudável de ser e existir em Deus. Pecado só é, quando diante de Deus. É Deus que da a sua significação. Fora Dele não a vida, não a transgressão, não a graça não a nada. Condenação é o estado terrível de não se ser nada para Deus.


Reflexão segunda:

A graça é a probabilidade da circunstância do homem de ser livre do pecado no ser, ao mesmo tempo em que se é ainda, escravo do pecado no existir.

A graça é esta possibilidade impossível de ser simultaneamente santo e pecador; santo no ser, pecador no fazer. Pecador, pelo pecado consistir em acidente inevitável na trajetória histórica em que se da no tempo, e não necessariamente um mal que domina a essência do ser daquele que vive sobre a atuação da graça, que esta de modo pertinente cativo a esta graça.

Só na alma humana existe verdadeira liberdade. Mas o Corpo e a constituição do individuo estão sujeitos aos objetos, ações, coisas e movimentos que atuam no universo de eventos e fatos materiais, numa interligação complexa de circunstancias, onde mesmo a alma desejando o bem, pratica o mal pela força imperativa de pressões que incidem sobre ela.

Na alma a vontade é livre na escolha da sua postura quanto à reação aos acontecimentos que sucedem sobre a existência material. Na alma se decide questões e vontades que formão a composição de um ente ímpio ou de um ser suscetível a graça. Entretanto, no existir terreno a pessoa não tem o absoluto controle de desejos e emoções com a mesma firmeza da alma.

No existir o ser é escravo de uma condição de vida profundamente comprometida pela Queda da humanidade. Onde as vontades e instintos afetados nem sempre se sujeitam as determinações sadias do ente regenerado.

Uma vez sob o estado de graça a alma que esta livre da condição essencial da corrupção do ser, ainda não esta completamente livre das implicações de existir sobre um mundo em grau de degeneração.

Estar livre do pecado no ser corresponde ao coração dominado pelos princípios de verdade, justiça e misericórdia que repousa nas disposições mais consolidadas da constituição deste ser. Não há dubiedade na alma, uma vez que a alma ou coração consiste exatamente numa decisão única, objetiva e moral que determinam a condição espiritual incondicional desta pessoa.

No entanto, permanecer escravo do pecado no existir, é estar sujeito as demandas poderosas de anseios, equívocos e fatalidades que ocorrem fora do controle absoluto da esfera de ação das decisões do coração. Porem sendo a alma boa, o mal procedente de existir em tal condição, tem seu limite de atuação neste ser. De forma que o pecado sempre será conseqüência de um descontrole da vontade no processo de existir, e não o fruto destrutivo e pretensioso de um ser profundamente degenerado.

A degeneração externa da natureza encontra na graça a sua fronteira. Graça é isso: o pecado que perturba o viver-existir da criatura piedosa, não tem poder sobre a alma de tal ser-santo, visto que as disposições de tal coração emanam de um estado de espírito profundamente virtuoso, e absolutamente aberto para Deus.


Reflexão terceira:

A graça é o poder contraditório de atração, exercido sobre o nosso ser, que faz com que ate mesmo os nossos pecados e conflitos nos aproximem de Deus.

Toda confusão e, preocupações que o pecado produz, quanto ao próprio estado moral diante de Deus, já é condição sem a qual não se vive de fato, perante Ele. Estar diante Dele em graça, é estar exatamente como um ser que foi sublinhado o fato de ele estar encurralado pelo pecado.

A graça não exclui a posição e classificação de pecador, e nem elimina o mal na existência, antes detecta e ressalta o pecado, deixando o homem suspenso e desnudo diante de Deus. Esta graça não é antítese da Lei, antes é a própria Lei como meio de graça, que revela um entendimento necessário como condição de estar na presença de Deus na mais absoluta verdade: a verdade do próprio pecado.

A graça não é basicamente paz de espírito, mas sim é o eu do homem posto em confrontação com os seus pecados diante do Santo. Graça são as experimentações de uma estância de crise e tensão pela condição de impasse e embaraço que o pecado suscita na consciência do homem. Na graça o pecado não se erradica antes se releva como um problema ininterruptamente contínuo e gigantescamente mal resolvido.

O estado de graça é a revelação da verdadeira e constante situação do homem diante de Deus: um ser que interiormente se dilacera entre o Paz e a culpa a Lei e a liberdade. Cuja intimo do homem, sob o imperativo Lei, se debate e se despedaça na questão visceral de nunca encontrar um meio preventivo contra o pecado. A graça é esta contradição irremovível fundamental para o salto da fé sem apoios.

Se o homem crê na impossibilidade da obediência aos mandamentos, a Lei moral esta em seu encalço como verdade absoluta e irrevogável sobre a sua consciência, mas se ele acredita na possibilidade da santidade, o pecado como realidade gritante na sua carne, rouba-lhe as paz e suas seguranças. Nem a regra ou liberdade estão para o homem, mas sim a não mensurável e incompreensível: Graça.

O pecado de quem esta, pela graça, aberto para Deus, não tem o poder de afastá-lo Dele, antes o coloca diretamente, e sem saída, em sua Presença, num estado de agitação de ser e indagação persiste quanto as suas escolhas possíveis e possibilidades de escolhas, onde o homem não tem como esquivar por o pecado ter implicações diretas na sua relação com a continuidade da inteireza da disposição moral de sua alma. Quão quanto todo o seu conflito só aumenta a sua responsabilidade como também a sua consciência de incapacidade.

É no pecado que o homem percebe que a Face de Deus esta ali, diante dele, o perscrutando e inquirindo do homem uma posição. Mesmo que nenhuma disposição o torne em condição de aceitável ou livre desta crise do ser. A graça é essa trajetória trágica, em que Deus conduz o homem ao autoconhecimento da sua incapacidade de nunca poder estar perante Ele a não ser: em pecado. Mas poder estar diante Dele em qualquer condição, já é em absoluto: toda a Graça.


Reflexão quarta:

A graça é força irresistível do evangelho que atua em nos, pela verdade que persuade e domina o ser na esfera mais profunda e consistente da alma humana.

Em tal estado de graça o ser se sente tão irreversivelmente ligado ao evangelho da mesma forma que estamos irremediavelmente presos a natureza e a condição humana. Uma vez que graça não é movimento ou objeto desta dimensão terrena, mas um processo ininterrupto de composição imaterial no domínio mais íntimo da vontade e das decisões humanas, nem um poder de coisas e eventos da existência material, podem interromper tal ação de designo eterno de Deus no coração do homem.

Perdão, lei, contrição, paz e culpa são termos humanos usados a fim de se explicar a tentativa e o procedimento de ligação do homem com Deus que se faz em todas as religiões. Mas a graça não é o mero perdão como acesso a Deus numa lei de mérito de arrependimento, ou causa e efeito na relação do humano com o Divino, mas um estado espiritual da constituição mais fundamental do ser do homem, que não se altera por decisões inconstantes tomadas no palco da existência contraditória da superfície deste ser.

O homem na existência esta sujeito não só as força dos episódios que sucedem sobre ele, como também a própria modificação natural que vem pelo passar do tempo. A própria maneira de ver e reagir de cada um advém das condições características de existência especial e particular. Particularidades estas que pela graça não tem poder de influir na decisão mais objetiva da alma.

Se na existência existe variações de vontades e inconstância de decisões pela subjugação do homem a complexidade do mundo de eventos e possibilidades. Na esfera do ser a graça é essa força irresistível sobre o coração, cujas variações e incidentes da existência não podem suprimir. Nada fora da alma a não ser uma decisão do próprio coração podem tirar o homem deste estado de segurança absoluta a que se chama graça, contra os acontecimentos no corpo e no campo das sensações humanas.

Portanto graça é à força da revelação do evangelho no coração que cativa o homem de tal forma, mesmo acontecendo os episódios mais trágicos não prescritos para o ente humano sujeito a lei de Deus. Graça é essa verdade incontestável na nossa consciência, cujo poder de acidentes, quedas e reincidências não alteram e nem suprimem o seu efeito no nosso coração. Em suma a graça é a segurança eterna da salvação daquele que crê.


Reflexão quinta:

A graça é a condescendência de Deus de vivermos ainda sobre um estado de graça a despeito da nossa incompreensão e ignorância quanto a ela.

Uma vez que a graça é todo um processo interno que se passa na alma do ser humano, e não basicamente uma metodologia verificável na personalidade do individuo, ela sempre será vista conforme a capacidade e entendimento particular de cada um.

A graça é um ato comum e indivisível de Deus feito no ser do homem, mas manifesto conforme as muitas formas de expressão da personalidade do homem nestas infinidades de possibilidades de experiência de existência humana.

Portanto a graça não é conceito a que se deve crer corretamente para se ser salvo, mas procedimento espiritual feito no homem sem a necessidade da sua exata verificação, visto que o que si é possível observar dela, se da apenas no campo das suas ilimitadas experiências como conseqüência do que si é feito no mais intimo do ser do homem.

A verdade total desta graça é vista somente por Deus, e não se impõe na tirania de um conceito doutrinário em que se é necessário crer perfeitamente para se ser alvo desta graça, mas procedimento que apesar de único e absoluto é operado, percebido e vivenciado na relatividade da subjetividade humana.

Gresder Sil

32 comentários:

Nanda Geromel disse...

Oi!!!!
Blz?
Espero q sim.
Gostei mto deste blog, a mensagem q é passada nele é super bonita.
Naum sei se eu soh gostei pq sou cristã, mas eu acho q fazer este blog foi uma boa idéia, ela aproxima mais as pessoas dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Eu sou uma menina católicae participo do grupo de jovens da igreja, mas na minha vida inteira eu nunca vi um blog como esse, eu pensei q blogs desse tipo soh existiam o meu e do grupo de jovens a qual faço parte.
Se vc quiser visitar meu blog e blog do "meu" grupo de jovens vc será bem vindo.
Parabens pelo blog.
Bjux!!!!!

Ricardo disse...

Ao ler esta sua postagem me lembrei do seguinte pensamento de Paulo:

"Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita."

Eu acho que você deveria ter dividido esta postagem em 5, já que são 5 reflexões, e ter postado cada uma delas a cada 2 dias, por exemplo, para dar tempo do leitor digerir uma de cada vez. Apenas uma sugestão de quem gosta de se meter onde não é chamado. (rs)

A primeira reflexão foi a que mais me tocou. Ateus também são tocados por coisas assim. (rs)

Abraços.

Edson Moura disse...

Paz meu mano Gresder!

Não vejo a hora e ler um livro que está "sob custódia" do Marcio.

Tem desses artigos lá?

Cara a-d-o-r-e-i!!!

"A graça é o poder contraditório de atração, exercido sobre o nosso ser, que faz com que até mesmo os nossos pecados e conflitos nos aproximem de Deus".

Deixa eu falar!" (quer dizer...escrever)

Os pecadores aos quais Jesus direcionou o seu ministério messiânico não eram aqueles que escapam das devocionais matinais ou faltam à igreja no domingo.

Seu ministério era com aqueles que a sociedade considerava pecadores de verdade. Eles não tinham feito coisa alguma para merecer a salvação, ainda assim abriam o coração para a dádiva oferecida a eles.

Por outro lado, os fariseus colocavam sua confiança nas obras da Lei e fechavam-se para a mensagem da graça.
Mas a salvação que Jesus trazia não podia ser conquistada com esforço. Não teria como haver qualquer barganha com Deus numa atmosfera mesquinha de mesa de pôquer:

"Eu fiz isso, agora você me faz aquilo". Jesus destrói por completo a noção jurídica de que nossas obras merecem qualquer pagamento em troca.

"Nossas insignificantes obras não nos dão o direito de regatear com Deus. Tudo depende do seu bom prazer".

Entretanto, esse definido desconforto diante da incomensurável graça de Deus, não está confinado a uma única tradição cristã. Dentro de quase todas (talvez todas)igrejas da atualidade, os cristãos estão tentando conquistar o favor de Deus mergulhando num maior número de atividades espirituais, multiplicando altares e sacrifícios, fazendo contribuições de caridade, dilatando o tempo de oração formal e envolvendo-se num maior número de organizações relacionadas à igreja.

E necessário um cuidadoso discernimento aqui. A evidência em favor de disposição, sinceridade e esforço é considerável. O modo de vida cristão é pio, adequado e correto. O que então está faltando?

Ele ou ela não se renderam ainda à graça de Cristo.

Paro por aquí Gresder.Seu artigo me inspira demais!

Abraços

Esdras Gregório disse...

.
Ricardo você me torce os neuroneos, nao sei se a confusao é sua, ou voce faz de proposito só para demostrar que somos nos somos doidos mesmo, pois eu nunca vi um ateu tão cristão, e nunca vim uma ateu gostar tanto de Deus.rsrsr

Ricardo disse...

kkk,

Gresder, acontece que eu estudei a Bíblia de cabo a rabo. Tenho pra mim que conheço mais sobre ela do que muito teologo metido a besta. E é evidente que gosto de discutir a respeito de Deus, contudo, se ele realmente existisse, eu seria uma das pessoas que não iriam muito com a cara do sujeito. Não concordo com a maneira que o Todo Poderoso administra o Universo. Se ele fosse meu funcionário seria despedido. (rs)

Eduardo Medeiros disse...

Cara, é o seguinte...

Acabei de ler e com certeza, não consegui absorver tudo que li, ou seja, vou ter que ler de novo.

Mas faço aqui umas considerações que não sei como será recebido por você e pelos pensadores de plantão que aparecem na minha sala.

Graça é uma doutrina. É um dogma. E ela é entendida mais ou menos assim: Deus estava muito furioso, irado, com os seres humanos. Já uma vez no passado, os homens tinham lhe tirado a paciência e ele resolveu afogar todo mundo e salvar apenas uma família e alguns animais num barco grande.

Não sei porque ele matou toda a espécie humana mas salvou Noé. Afinal de contas, ele não sabia que as gerações vindouras cairiam nos mesmos problemas que o levou a afogá-los?

Mas agora Deus estava preso pelo seu próprio juramento: jurara não mais afogar aqueles seres que tanto trabalho lhe dava.

Eu só não entendo porque ele poupou Noé e afogou o resto se ele queria acabar com os desmandos humanos sobre a terra. Era óbvio que a geração de Noé e de seus filhos iriam pelo mesmo caminho...

Mas então, Deus irado, resolve que vai mandar seu filho para que fosse assassinado em lugar de todos os homens que merecem mesmo é ir para o fogo. Não mais água.

Agora, como diz João, temos um advogado junto a Deus. E quem precisa de advogado? Aquele que está prestes a ser julgado e condenado por um juiz. Deus é o juiz irado que quer de todas as formas "afogar" os homens mas não o faz porque olha o sacrifício do seu filho.

É um Deus que só estabelece a graça por meio de derramamento de sangue...um Deus que precisa de sangue...

Evidente que o seu texto vai muito além disso e você coloca a graça como estado existencial, se eu bem entendi.

Mas algumas coisas não consigo entender. Nosso amigo ateu-quase-crente citou Paulo:

"Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita."

Essa dicotomia corpo-espírito, que compreende o espírito como uma entidade perfeita e o corpo por ser matéria, sujeito à corrupção e ao pecado, é uma doutrina gnóstica. Até aí nenhuma novidade, pois Paulo realmente usa esse conceito gnóstico para desenvolver sua teologia.

Mas essa tensão entre querer fazer o bem e fazer o mal é esquizofrenizante. E a graça de Deus, segundo Paulo, não cura essa esquizofrenia, apenas a põe sob o sacrifício vicário de Cristo.

cont...

Eduardo Medeiros disse...

continuando...

Então, a teologia paulina entre em choque com um dito que o autor do gênesis põe na boca do próprio Deus:

"E disse o Eterno a Caim: "por que te iraste e por que descaiu o teu semblante? Porventura se podes bem suportar, (ser-te-á perdoado) e se não, na porta jaz o pecado; e a ti (fazer-te pecar), é o seu desejo (do mau impulso), mas tu podes dominá-lo" Gn 4.6 (tradução do hebraico - Torá, A lei de Moisés, ed Sêfer).

O rabino que comenta a passagem diz:

"Se sucumbires à tua inclinação para o mal, a punição e o mal estarão sempre por perto, como se morassem na casa vizinha".

Aqui Deus diz que ao homem compete dominar seus maus desejos (pois ele é um ser para a independência.), conforme venho ponderando nas minhas leituras e reflexões.

Paulo, que tantas vezes fez releituras do AT, esqueceu-se dessa passagem e pôs no homem uma impossibilidade de fazer o bem se o homem não não estiver "em Cristo".

E a coisa é tão esquizofrênica, que mesmo depois de recebermos a graça oferecida por Cristo (Deus continua irado, mas o sangue lhe apazigua a inimizade que ele tem conosco), continuamos pecando do mesmo modo. A graça nunca fez nenhum homem ser isento de pecado.

Por isso é graça? sim, mas não esqueçam o Deus irado...

Não parece que toda a questão é varrida pra debaixo do tapete? ou melhor, para debaixo do sangue de Cristo?

E não é de se espantar que o próprio Jesus nunca tenha falado da tal graça da forma que Paulo falou? Mas como Jesus deixou tão importante doutrina sem esclarecimento? Jesus nunca disse que iria morrer para que toda a humanidade fosse salva pelo derramamento do seu sangue. Se em algum lugar nos Evangelhos isso é sugerido, é interpolação pós pascal, visto que essa ideia não se encaixa nos ensinos de Jesus como um todo.

Bem, vou parar por aqui. Não sei se devia ter escrito tudo o que escrevi, pois sei o que tais palavras podem provocar na cabeça dos meus amigos pensadores.

Por favor, se ataquei algum entendimento que é caro para alguns de vocês, me desculpem, apenas estou colocando alguns questionamentos que venho fazendo cá com meus botões a algum tempo.

Não quero atacar nada, não quero destruir nenhum dogma, só me dou o direito de fazer ponderações e conexões com o que me é posto.

Um grande abraço a todos, e mais uma vez, perdão.

Levi B. Santos disse...

Meu grande amigo Gresder


O seu artigo sobre o tema tão palpitante (A Graça) vai render muitos comentários, e eu vou te pedir licença para abrir as comportas do meu coração, e deixar fluir livremente o que me vem a mente, nesse momento em que tanto se prega sobre graça e se colhe tanta desgraça. (rsrsrs)

A igreja proclama a graça de Deus, e ao mesmo tempo proclama o moralismo, que é a própria negação da graça. É nesse meio mais virtuoso e mais austero que, sem querer querendo, se acaba pregando uma “graça” condicional.

O que era um impulso espontâneo e livre dos primeiros momentos de crente, torna-se, com o tempo, uma atitude forçada, uma obrigação legalista, onde a angústia patológica aparece com todos seus tabus e ritos. A moral de princípios e deveres do meio religioso anula por completo a graça Divina, que é dádiva a quem não merece.

Na ausência da graça, ou mesmo na sua incompreensão, o que aparece? Aparece a hipocrisia em nome de “Deus”. Cada qual para honrar a sua fé, procura parecer melhor do que é; cada um começa a esconder as suas faltas, em vez de confessá-las. Obriga os filhos a darem bom exemplo como convém a uma família religiosa.

A graça (que maravilhoso paradoxo!) nos mostra que somos incapazes de apagar as nossas culpas pela perfeição de nossa conduta moral. A resposta, então, vem de Deus e não do esforço humano.

A negação da graça começa pela culpabilização advinda da “ética do fazer”: “faça isto, não faça aquilo”. Tudo isso implica uma pretensão de impor ao outro a sua concepção do “fazer”. Os que chamamos de justos parecem não compreender o que é a Graça; os que chamamos de pecadores, estão conscientes de sua culpa e, por isso, mais preparados para receber o perdão e a graça.

A igreja tem proclamado por vinte séculos, a salvação, o perdão de Deus e sua graça à humanidade oprimida. Porém, o que vejo hoje, é uma igreja fervorosa e ao mesmo tempo temerosa, sem liberdade e com medo de ser feliz. Acho que tudo isso é causado por uma idéia profundamente enraizada no coração das lideranças religiosas, de que tudo deve ser PAGO. É impossível combinar graça com o espírito reinante numa Bíblia transformada em um código moral, revestido de autoridade sagrada.

Vou ficar por aqui, mas pensando em breve voltar.


Abçs calorosos

Levi B. Santos

Esdras Gregório disse...

.
Edsom Levi e principalmente o Eduardo eu até agora fiquei muito feliz por vocês terem não só entendido meus artigos interiores como desenvolvido nos seus comentários o raciocínio proposto pelo texto. Mas dessa vês ninguém analisou a questão sob a forma estrutural filosófica dos termos: Ser e Existir, proposto pelo texto sobre a Graça. Sim! pois a analise da graça feito por vocês é o que vocês estão acostumados a se ver faser no meio do cristianismo-paulino, não que o texto inove tanto, mas que ele não trabalha a questão na categoria ideológica gnostica estóica, mas sim no esquema do paradoxo existencial de essência e consequencia.

Agora Eduardo eu estou louco para dialogar com você sobre a questão abordada nos seu últimos comentários no blog do Isaías no meu e no seu, sobre o deus hebreu, mas isto não tem nada a ver com esse texto, capricha um post lá com essa temática que eu prometo que se depender de mim o bicho vai pegar rsrs .Agora esquece um pouco o deus sedento de sangue e analisa a graça como um processo que se da na essência do ser do homem e a sua consequencia e contradição com a existência do sujeito humano receptivo a esta graça.

Levi B. Santos disse...

Prezado filósofo da Graça (rsrsrs)


Pelo que eu entendi do seu comentário aos nossos comentários ( Edson, Eduardo e eu ), o intuito do seu texto não foi para despertar em nós o trivial da graça que tanto se fala nos salões templários. (rsrsrs)

Uma coisa é sentir, outra coisa (muito difícil e ingrata) é tentar explicar sentimentos . MAS VAMOS LÁ!

Que direi eu sobre a graça no plano do ser e do existir? Deixa eu pensar,pensar...

Seu texto foi enorme, como um bolo que toma uma rua inteira, daqueles que os japoneses fazem em São Paulo para comemorar o final do ano. O bolo é partido em milhares de fatias para ser servido.

É o que eu vou tentar fazer aqui. Tirar uma lasca do enorme bolo que você ofereceu, como gancho, para filosofar sobre “Graça”. Vou pegar essa parte que não tem chocolate, pois sou alérgico.


“Reflexão terceira”:

“A graça é o poder contraditório de atração, exercido sobre o nosso ser, que faz com que até mesmo os nossos pecados e conflitos nos aproximem de Deus”.

GOSTEI!!! Muito bem feito (rsrsrs)

Para mim não há como falar em graça sem tocar no tema CULPA.

Os Hebreus faziam sacrifícios para manipular e aplacar um “Deus-acima-do-Eu”. É a velha cultura do “fazer” algo para merecer a parte do Deus-pai.

O filho mais velho da parábola do filho pródigo representa toda a história dos sacrifícios religiosos que era a maneira arcaica de lidar com os sentimentos de culpa do “Acima-do-Eu”.

O filho pródigo da parábola estava no meio dos porcos. Começa a ensaiar sua volta para o Pai, quando na sua fala, diz que não merece SER chamado de filho, há aí uma mudança da culpa do “fazer” para a culpa do “SER”. É no plano do “fazer” que se desenrolam os julgamentos mútuos que esmagam os homens. É no plano do Ser, que pode haver mudança. A consciência de sua condição humana, o seu sofrimento, a sua servidão, foi o que reaproximou o filho pródigo do pai.

A figura do filho mais velho simboliza o Deus Vétero-Testamentário, como era percebido pelos Hebreus: Um Deus ciumento, e exaltador dos perfeitos e daqueles que cumprem (num nível rasteiro de consciência) os ditames da Lei.

É por isso que na Psicanálise se diz que o Cristianismo é a religião do Filho, e o Judaísmo é a religião do Pai.

A teologia da graça se nutre do que é marginal, do que é desprezado. A teologia do Deus do V. Testamento se nutre das “virtudes humanas”.

A teologia do cristianismo é a de um Deus que vem ao encontro do homem, através do seu Filho ( que é nosso advogado perante o Pai). Em suma, um Cristo existencialista, isto é, um Deus encarnado na pele dos desvalidos, no corpo de quem está nu e precisa ser vestido, no corpo daquele que tem fome e necessita de alguém para lhe trazer comida.


Amém! (por enquanto)

Eduardo Medeiros disse...

Sim, eu expus o entendimento conservador de como essa graça veio a existir e a ser sistematizada por Paulo. Você expôs exatamente, a graça no seu sentido existencial que Paulo não fez. O que Paulo constrói em Romanos, é uma tentativa de resolver o problema da Lei, que é boa, dada por Deus, e a interpretação da morte de Jesus, que para ele, é vicária. A tensão entre esses dois extremos, é o que Paulo quer resolver. E resolve, mas no meu entender, criando várias interrogações que podem ser percebidas por qualquer um que não ache que os escritos de Paulo são santos, inerrantes, definitivos, e que não podem ser discutidos.

Quanto ao deus do AT, vamos lá, vai ser nitrogricelina pura rsss

abraços

Edson Moura disse...

Antes de fazer qualquer tipo de comentário, gostaria de propor aos irmãos que refletissem na etimologia da palavra Eduardo.

EDUARDO: Do javanês edus = não tentar + Sufixo superlativo Tasmaniano ardus = entender, ou seja “não tentar entender” (Rsrsrs, tô brincando mano)

Eduardo meu querido, você está me deixando confuso (mais do que já sou).

Nós temos de um lado um irmão segundo você mesmo nominou, “ateu-quase-crente”, mas em contrapartida, no outro lado da “sala”, tem um “crente-quase-ateu” (você! Rsrsrs)

Confesso que também achei o texto do Gresdão, pelo seu conteúdo filosófico, um tanto quanto difícil para eu entender, inclusive quero deixar nos altos que:

Se o Gresder não for um filósofo de renome que só está nos enganando, ele é um dos mais capacitados a ocupar essa cadeira.

Mas...
Daí a não aceitar a Graça escandalosa de Deus pelos homens, assumo que para mim...por enquanto...ainda é uma missão digamos, quase impossível.
Você ainda tem a “peçonha” Rsrsrs de dizer que isso não é tudo!?
Quantas “heresias” você ainda vai tirar dessa sua mala-bomba? (Rsrsrs)

Eduardo, eu só estou brincando e não quero que ninguém leve a sério esse meu momento de descontração.

Vou ler e reler esses comentários, e texto (vai ser dureza ler de novo, vou ter que tomar um “dreher” )para poder contribuir com este artigo.

Um abraço para todos os comentaristas de plantão.

Esdras Gregório disse...

.
Bolo gigante? que é isso um elogio ou uma critica? tá mais parecendo um desabafo em forma de ironia, já que alem de eu obrigar vocês lerem um texto enorme eu recomendei vocês lerem de novo rsrs

Cumé que é Levi "Um Deus ciumento, e exaltador dos perfeitos" tu tá debandando para o lado do heresiarca do Eduardo, ele que se prepare pois eu vou mostrar para aquele incircunciso o que acontece com quem afronta o Senhor dos Exércitos, seus filisteus vocês vão ver que ainda existe um Deus em Israel.

Como ninguém questionou a algum ponto do tratado filosófico sobre a graça, eu mesmo me pergunto: acaso o que se da no ser do homem como obra de graça não deve ser consequente na existência do sujeito?

Não nescesariamente, visto que graça é exactamente isso: a garantia de que o se da na esencia do homem, é suficiente, visto que a existência é apenas a agitaçao contraditaria da superfície do ser,e não a sua profundidade impertubavel.

Eduardo Medeiros disse...

Edson, essa origem do meu nome é totalmente apócrifa, pois eduardo, quer dizer "fazendeiro rico"; não sou nem uma coisa nem outra...rss

Mas já que está difícil de me entender, vou soltar mais algumas pistas do meu pensamento teológico caótico; aliás, acho que vou criar a "teologia caótica".

O meu problema com o termo "graça" não é que eu despreze a ideia essencial de graça que é muito poderosa: Deus vindo até o homem com compaixão. Mas é o desenvolvimento da doutrina que para mim não tem sentido, além de ser esquizofrênica.

Explico (ou tento): o meu primeiro comentário esboçava de forma geral, como a doutrina da graça se origina. O deus sedento de sangue do AT, que precisa de uma vítima inocente para apaziguar sua ira, está em permanente oposição ao homem. Mas então, vendo ele que os homens são intratáveis, degenerados, e não tem salvação, ele aceita o sangue do seu filho como remissão geral dos pecados. Mas a tensão continua. O que impede de Deus me fulminar é o sangue de Jesus. Nesse sentido, é uma doutrina esquizofrênica, inclusive para Deus, que tem uma vontade divina de passar o fogo na humanidade mas não pode porque aceitou que seu filho fosse o advogado do diabo, ou seja, do homem. Essa é a doutrina da graça cristã.

Só abrindo um parentesse: o deus dos grandes profetas já é um deus que não mais se agrada dos sacrifícios, é uma evolução do deus tribal do princípio de Israel.

Gresder deu um toque filosófico existencial à doutrina, mas no meu entender, não chegou a romper com a doutrina clássica.

O Gresder comentou que

"Sim! pois a analise da graça feito por vocês é o que vocês estão acostumados a se ver faser no meio do cristianismo-paulino, não que o texto inove tanto, mas que ele não trabalha a questão na categoria ideológica gnostica estóica, mas sim no esquema do paradoxo existencial de essência e consequencia."

e ainda

"acaso o que se da no ser do homem como obra de graça não deve ser consequente na existência do sujeito?"

Eu posso concordar com essa afirmação, mas se para o Gresder a origem da graça é o Deus que não pode olhar para o ser humano senão pelo sangue de uma vítima, então, não posso concordar com ele.

Eduardo Medeiros disse...

olha eu aqui de novo..heeee

caro amigo, quero comentar (de novo) algumas fatias desse bolo muito gostoso mais indigesto.

"A graça é esta possibilidade impossível de ser simultaneamente santo e pecador; santo no ser, pecador no fazer."

Isso para mim tem nome: esquizofrenia gnóstica.

"A graça não tem expectativas quanto ao proceder individual, antes, já pressupõe a sua infidelidade."

Você já ouviu comentários tipo: "eu sou pecador miserável, corrupto, mereço o inferno, mas quando deus me vê através do sangue de Jesus, ele me vê santo.."

Ou seja, deus auto-engana-se: ele faz de conta que o pecador não é pecador...Mas não saia "debaixo" da graça, senão, deus percebe o seu auto-engano e a sua fúria se manifesta.

"Na graça o pecado não se erradica antes se releva como um problema ininterruptamente contínuo e gigantescamente mal resolvido."

continua a esquizofrenia da existência...

"Uma vez sob o estado de graça a alma que esta livre da condição essencial da corrupção do ser...,"

Mas uma vez se opõe alma/corpo/carne.

"Estar livre do pecado no ser corresponde ao coração dominado pelos princípios de verdade, justiça e misericórdia que repousa nas disposições mais consolidadas da constituição deste ser."

Se entendi bem, você diz aqui que esses princípios já fazem parte do ser? Se fazem, prá que a graça? por acaso não há quem nunca ouviu falar de "graça" e mesmo assim manifesta na sua existência todos esses princípios?

"Graça é isso: o pecado que perturba o viver-existir da criatura piedosa, não tem poder sobre a alma de tal ser-santo, visto que as disposições de tal coração emanam de um estado de espírito profundamente virtuoso, e absolutamente aberto para Deus."

Enfim, no meu entender, você faz algo interessante aqui. Define graça como um estado do ser que está aberto para deus. Mas para mim, ainda resta o problema do "não tem mais domínio". o que exatamente isso significa? se significa que a graça faz com que deus nos veja como santos através de jesus, o problema da ira está de volta.

Outra questão que precisa ser repensada é o tal pecado. O que é mesmo pecado? para o cristianismo clássico, pecado se confunde com moral, daí, o cristianismo ter caído no moralismo. E para mim, pensar num deus "moral" é perverter a ideia de deus.

Bem, se meus comentários refletirem a minha não compreensão do que realmente você quer dizer, perdão, leio de novo o texto e tento acertar da próxima vez.

"abençoado" sejas, Gresder, por escreveres algo tão difícil de eu entender. Perdoe-me a falta de percepção filosófica.

Levi B. Santos disse...

Caro Gresder


A linguagem é mesmo uma arma de dois gumes, ou de dois lados (rsrsrs)

Não estou zombando de Deus. Estou simplesmente demonstrando como os Hebreus percebiam e vivenciavam o seu “Deus”.

Veja bem. Vou repetir o que eu disse no meu último comentário, grifando o essencial:

“A figura do filho mais velho simboliza o Deus Vétero-Testamentário, COMO ERA PERCEBIDO PELOS HEBREUS: Um Deus ciumento, e exaltador dos perfeitos e daqueles que cumprem (num nível rasteiro de consciência) os ditames da Lei".

Ou você quer que percebamos Deus à maneira que os Judeus O sentiam, em sua existência?

O espírito humanístico evidenciou-se com os ensinamentos de Cristo. O preceito de que o Reino de Deus está dentro de nós, constitui expressão simples e clara do pensamento humanista “não-autoritário”.

Antigamente Deus falava pelos profetas. Em outras palavras: antigamente Deus usava uma linguagem que suscitava a culpa do fazer com “tremor e o temor”. Em Cristo a culpa do “ser” inerente a nossa condição humana, passou a ser o portal que dá acesso a “GRAÇA”. Esvaziar-se do Seu poder e da Sua glória, foi a Única forma Dele buscar a criatura humana perdida.

É através desse tipo de existencialismo que a graça se manifesta no ser humano. Cristo se tornou nosso irmão maior, responsabilizando-se em levar o nosso pleito ao Pai, aplacando a Sua ira e o Seu furor. O Deus cansado das guerras do V. T., agora, feito carne, manda amar os inimigos. O inimigo não é mais o outro que pensa diferentemente. O ser humano, no cristianismo, passa a ver e sentir o inimigo em si próprio. Ele passa a ser o espelho do outro. O “ser” e “o não ser” estão dentro dele.

Aí você poderia dizer: “Cuidado para não se queimar, falando mal do Deus de Israel?”

E eu respondo: “A graça não combina com o espírito do medo”

“Castigo divino” ─ Talvez, fosse à luz do Deus vivenciado como fogo consumidor do V. T., a explicação para as mortes violentas de Paulo, Pedro e Tiago.

Na graça, tudo faz parte da EXISTÊNCIA: o sofrimento, a nudez, a fome, a perseguição. Tudo é coisa que naturalmente ocorre em nossa existência. Jesus está lá no que se encontra nu, naquele que tem fome, naquele que não é entendido, naquele que é perseguido, está lá na pele daquele que o traiu (Judas) ─, o único discípulo a quem Ele chamou de amigo.

A promessa de Deus a Abraão: Herdarás toda essa terra que estás vendo, até os confins. TERÁS VITÓOOOOORIA. Em nova versão, essa poderia ser a promessa do Deus da IURD.

A promessa de Cristo, fundador do autêntico existencialismo: “No mundo tereis aflição”. Ele, e só Ele, nos deixou o legado da aflição de não ser entendido.

Os seus algozes não O entenderam, por isso mesmo, antes do último suspiro, Cristo pediu perdão ao Pai por aqueles que O afligiram, por não ter entendido a Sua mensagem.

Na graça, o Jesus humano, meu irmão de dores, vai ao Pai por mim. Por isso dizemos no final de nossas orações: “Tudo Te pedimos Ó pai em nome do Teu Filho, que para aplacar a Tua ira, intercederá por mim, como o sumo sacerdote que, em tudo foi igual a mim, menos no “ PRÉ-CONCEITO” ( Sinônimo de pecado ).

Não sei se o sabor que experimentei de uma pequena fatia do enorme bolo (no bom sentido), correspondeu ao que você sentiu.


Um abraço fraterno, em nome daquele que foi considerado “Herói do Cristianismo” e “Traidor do Judaísmo”.

Edson Moura disse...

Eduardo e Levi, só pra esclarecer!

1º Acho também que todos os livros e cartas da nossa bíblia, devem ser questionadas,pois segundo me consta, o próprio Paulo elogia um povo que desconfia dele, então devemos desconfiar quando o assunto é a palavra de Deus.

2º Já escrevi em outros comentários, que, Paulo cria mesmo, várias perguntas, ou como diz o Eduardo, "interrogações"

"E resolve, mas no meu entender, criando várias interrogações que podem ser percebidas por qualquer um que não ache que os escritos de Paulo são santos, inerrantes, definitivos, e que não podem ser discutido"
`
Pensem comigo:

Temos hoje nas mãos, um potencial para grandes mudanças filosóficas no nível mundial.
Mas as questões aqui levantadas são complexas demais, ou deveria dizer, "engessada" demais?

Faço uma pergunta para nós 5 (Eduardo, Gresder, Levi, Marcio e eu mesmo), e sinceramente espero uma resposta, no mínimo aceitável, de todos.

O quê será do homem, quando os grandes e ocultos mistérios da nossa efêmera existência nos forem revelados? Quando, de uma hora pra outra, ficar provado de maneira categórica e irrefutável, que as nossas crenças que são aceitas por meio da Fé, são verdadeiramente... fatos? Ou se for provado que tudo o que cremos, são apenas mitos?

Querem tentar responder ou acham que determinadas questões devem permanecer sem resposta?

Veja o caso dos mormons:

Se ficasse provado que Joseph Smith, era um louco, e que não encontrou óculos mágicos nenhum, nem livro de ouro? O que aconteceria com os fiéis?

E se descobríssemos que Sidarta Gautama não atingiu ponto máximo nenhum de evolução e que ficou "gordão de tanto comer"? Que seria dos budistas?

Se descobríssemos que o mar vermelho não abriu, que os muros de Jericó não caíram, que o "Jardim do Éden" nunca existiu de fato é apenas símbolo, muito menos "pecado original"? Que seria dos irmãos menos cultos que vivem estas verdades?

Falei que era uma pergunta, mas não deu. E tem muito mais de onde essas saíram.

Irmãos já deixei de crer em muitas coisas nessa minha caminhada rumo à "cidade celestial", mas outras, por mais que eu me esforce, ainda não consigo.

Minha Fé é testemunhal, ou seja:
Creio porque testemunhas oculares, viram coisas tão surpreendentes que aceitaram mortes bárbaras para defender o que "acreditaram ter visto".

Eles morreram com um ideal...o ideal de Cristo. Eles carregaram uma bandeira e lutaram por uma causa.
E qualquer causa que valha a sua própria vida, deve ter uma ponta de verdade nela.

E não venham me falar dos doidos que jogaram o avião nas torres gêmeas que isso não vale!

Fico por aqui...

Abraços e não deixem de responder!

Esdras Gregório disse...

.
Eduardo seu incircunciso e todos aqueles que compartilham de suas "doutrinas de filisteus" rsrs você já reparou que em mais de vinte textos que eu postei só em um eu falei o nome: jesus, mesmo nos poemas eu apenas se referi a ele sem pronunciar seu nome. você percebeu que graça neste texto não tem nada a ver com sacrifiçio e remição de culpa e aplacaçao de de ira, então? não é o texto que é difícil de entender é você que se achega a ele com toda é essa bagagem evangélica da qual eu estou liberto a muito tempo rsrsrs A graça aqui é pura questão filosófica subjectiva existencialista dialéctica, ufa! É que eu estou tentando manter o blog na proposta da secularização do evangelho.

Eduardo Medeiros disse...

Primeiramente para o Gresder:

Evidente que eu entendi que o seu texto sobre a graça "tenta" se libertar da bagagem paulina...só que não consegue. A base, ainda está lá: A graça como uma mudança em Deus que agora não mais castiga o pecador, mas se "esconde" atras do sangue do seu filho; a eterna paranóia de ser santo na alma e pecador na carne. Creio que você poderia ultrapassar também esses temas...

Edson:

"O quê será do homem, quando os grandes e ocultos mistérios da nossa efêmera existência nos forem revelados?"

Os débeis na fé, talvez se suicidarão; os pretensos comedores de comida sólida, talvez se dividam: uns negarão o que foi descoberto, simplesmente; outros, se regozijarão, pois enfim, teremos chegado a um nível de existência mais elevado, onde a espiritualidade terá alcançado uma consciência maior da divindade.

"Se descobríssemos que o mar vermelho não abriu, que os muros de Jericó não caíram, que o "Jardim do Éden" nunca existiu de fato é apenas símbolo, muito menos "pecado original"? Que seria dos irmãos menos cultos que vivem estas verdades?"

Para mim, isso não é nenhum problema, pois sei que tudo isso é mesmo símbolo; o AT é uma coleção de livros onde mito, sagas, provérbios, sabedoria, está misturado com o histórico. O símbolo, supre a falta que o concreto da história não pode oferecer satisfatoriamente ao espírito.

Não é preciso dizer que os outros exemplos que você citou também são símbolos e mitos, ainda que alguns creiam como fatos. Mas é o fato da fé, não o fato histórico.

E por que Jesus subindo devagarinho ao céu em corpo meio humano meio divino numa cena de gran finale é história e Maomé subindo ao céu num cavalo branco é mito?

abraços

Esdras Gregório disse...

.
"pecador na carne" eu nunca escrevi ou disse isso! faz uns sete anos que eu não acredito na doutrina Paulina agostiniana de carne pecaminosa. Num dos próximos post intitulado : Paulo o estóico, você verá que pecado para mim é um mal existencial e não biológico ou moral, posto que a comnsequencia da queda é a alienação com o criador e não a degeneração da natureza humana.

Marcio Alves disse...

Com licença, estou entrando.....puxa, minha nossa senhora! Ops! Melhor dizendo, Meu Deus, mas o que foi que eu perdi?

Caramba, vou ter um baita trabalhão de ler e reler a sua postagem-livro Gresder, e ainda por cima ler todos os comentários.



Mas vamos lá, por partes:

Comentário primeiro:

A graça subjetiva do ser é diferente do fazer e a do fazer é conseqüência do si ser.

Não somos por que fazemos, mas fazemos por que somos.

Podemos fazer e não ser, mas não podemos ser sem fazer.

Para Jesus, a essência do ser esta no ser, e não no fazer.

Deus nos vê em nosso mais profundo ser.

Podemos fazer sem ser, por pressões externas cedermos, mas não adianta se tudo isto não tiver sua origem no mais absoluto ser da interioridade humana.

Fazer por que outros fazem, não constituem em si ser.
Só quando brota da graça que jorra de dentro para fora, e não por obrigações que são impostas de fora para dentro.

A graça de Deus é a de permitir sermos nós mesmos e continuar nos amando, mesmo quando estamos sujos pelos esgotos da vida.

A graça não requer de nós que sejamos outros, mas quer que sejamos tão e somente nós mesmos.

A graça não nos rejeita se não formos o que desejamos ser.

Ela acolhe por que somos o que somos, pois ela é o que é.

Simplesmente Graça!

Diante da graça, ninguém precisa usar mascaras da religião, para sermos valiosos e importantes para Deus.

A graça subjetiva é a contradição religioso de ser e estar em Deus, sem mecanismos, sem mascaras, sem produções, sem legalismos, sem códigos e sem religiosidades.

A graça nos convida para uma vida de dentro para fora, sem amarras e prisões religiosas.

Na graça não precisamos nos esconder, mas aparecer e receber todo o amor de Deus por nós.

Na graça, Deus nos ama e não há nada para se mudar isto, Ele nos aceita, só precisamos reconhecer isto, nos aceitando.

Sem falsos moralismos, numa discursiva ideológica do faz-de-conta-que-não-faz-nada.
Pois ensinamos o que aprendemos, mas reproduzimos o que somos.

Proibições e cabrestos negam a Graça de se ser e de estar livres em Deus que tudo é.

Somos o que no mais profundo subjetivo do ser se é, e se revela:

Humanos imperfeitos, mas amados de Deus, e vivendo por, para, através e Dele.


Um abraço e volto em breve.


Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Edson Moura disse...

Eduardo! Você tem coragem viu mano!

Mas acredite, eu tinha certeza que você seria o primeiro a responder às minhas inquietações Rsrsrs

Você deve ter notado que algumas palavras ou passagens eu ponho entre parenteses, pois estou ironizando o pensamento em voga.

Também acredito que muito do que temos herdado, é simbolismo.

Inclusive, vou confessar para todos aqui, em rede nacional, minha inclinação para o simbolismo.

Uma vez por mês, eu me reuno com alguns participantes de determinada seita(vejam sempre a conotação verdadeira das palavras que uso)também já iniciados no ritual, e nos ajoelhamos (nem sempre), para contarmos nossas debilidades para esse ser espiritual que cultuamos, e bebemos sangue e comemos carne humana...



Alguns chamam de "Santa ceia"...outros de "A ceia do Senhor"

Viu Eduardo, isso é simbolismo.

Obrigado por ter respondido Mano!
"fazendeiro rico?" rsrsrs ainda prefiro "não tentem entender"rsrs

Esdras Gregório disse...

.
Márcio você me salvou ( não sou eu que sou incomprimível, ufa!), pois eu já ate tinhas desistido do tema e postado outro assunto mas ao gosto anti-semita rsrs

Edson posta essas perguntas lá no blog que isso muito me interessa.

Levi e Eduardo seus nazistas( tá acabando os xingamentos rsrs) eu já disse que o Deus que eu creio é o mesmo de Abraão ( que não é tribal, por por meio dele seriam benditas todas as nações) e dele eu não abra mão, sou fanático pelo velho testamento, pois acho ele muito mais humano e realista ( salvo gênesis: um, dois e três) do que o novo e por isso que me ponho em advogado do Velho Deus dos hebreus (para salvar sua imagem) nas suas próximas abordagens

Unknown disse...

Querido Gresder; Estou em lagrimas com tamãnha beleza desta revelção do que é a Graça. texto de conteúdo libertador, expressão da verdade de Cristo. Quantos excluidos que são vistos pelos nossos Pastores como desviados que cairam da Graça encontrarão neste texto uma nova perspectiva de salvação. Estou estupefato com tanta sabedoria. Deus te abençoe.

Estou sentindo falta dos seus comentários no meu Blog, passa lá tem novidade postada.

Abraços.

Unknown disse...

Li os comentários e falaram de bolo, pois é em conversa com meus amigos Edson e Marcio também ouvi falar de um personagem do Matrix que preferia a ilusão do pedaço de bife, não que me encaixe neste perfil, mais prefiro o romantismo de um Deus que me amou de Graça. Será mediocridade?

Abraços.

Eduardo Medeiros disse...

Seu filósofo obscuro (para mim) da Graça:

Realmente você não diz que o pecado está na carne. refiro-me a carne como vontade, como "natureza humana" não músculos e ossos.

eu escrevi que seu texto para mim, deixa transparecer "A graça como uma mudança em Deus que agora não mais castiga o pecador, mas se "esconde" atras do sangue do seu filho".

Para esclarecer para mim, pelo menos, por favor me responda, apesar de você já ter dito que já se livrou da graça paulina:

Qual a relação então entre Deus-Homen-Jesus-Graça?

Márcio, acho que você disse o que o Gresder também disse, só que disse de modo para mim mais compreensível.

Fica tristinho não filósofo, juro que vou estudar com mais afinco o seu tratado tim tim por tim tim para alcançar, quem sabe, os píncaros da tua sapiência.

Marcio Alves disse...

Eduardo:
“Márcio, acho que você disse o que o Gresder também disse, só que disse de modo para mim mais compreensível.”

Primeiramente obrigado pela parte do “mais compreensível”, isto meu caro Eduardo é porque não me comparo com o Gresder, em questão de subjetividade, o cara é sem palavras.....nota 10!rsrsrsrs

Vou te contar um segredinho, vê se não conta pra ninguém ta bom?! Rsrsrsrsrs

Para que eu conseguisse descrever em forma subjetiva meu comentário, eu não li o texto do Gresder, foi o contrário, deixe-me ser lido pelo texto dele, depois disso, a inspiração flui naturalmente.

Agora em que sentindo você disse que o que eu disse foi o mesmo que o Gresder disse?

Aguardando...............

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.

Esdras Gregório disse...

.
Eduardo:
Já estou complicado e tu me pegaste de jeito, (pois de Paulo só foi possível se libertar das palavras e conceitos, mas não da Palavra e do espírito) aqui a graça é apenas poder ser em Deus na existência do mundo com todas as implicações negativas de se estar no mundo. Li em Bultmann que desmitologizar é por o homem sozinho com seu pecado em frente a Deus, só isso, ou seja, os únicos termos religiosos que sobram dessas abordagens é pecado e Deus, o resto fica fora e Jesus é a maior representação religiosa que existe e por isso ele fica oculto nesta graça filosófica.

Eduardo Medeiros disse...

Bom Gresder, então você ultrapassou ou não a morte vicária de Cristo? diga sim ou não rsss

mas creio que já alcancei a graça existencial nas suas palavras:

"aqui a graça é apenas poder ser em Deus na existência do mundo com todas as implicações negativas de se estar no mundo."

Deixar o homem sozinho com seu pecado em frente a Deus é um mito que o bultmann esqueceu de demitologizar.

Márcio, eu me referia exatamente à compreensão da graça existencial, manifestada na vida, no existir, e não como "pagamento de preço" a Deus que "precisava" do sangue do Filho para se fazer misericordioso.

Foi isso que vocêdisse, não foi? rssss

Esdras Gregório disse...

.
"Deixar o homem sozinho com seu pecado em frente a Deus é um mito que o bultmann esqueceu de demitologizar" você é cruel em ? quer arrancar tudo da religião e transformar tudo em símbolo?

"então você ultrapassou ou não a morte vicária de Cristo? diga sim ou não" você tá me emcuralando seu perverso! mas quer saber duma coisa a morte do cordeiro é apenas símbolo apesar de ter acontecido na historia e na eternidade, pois Deus não precisava disso, mas foi um jeito de ele demonstrar amor a humanidade.

Marcio Alves disse...

Eduardo
Ainda bem que pude ser compreendido, pois se você não entendesse, quem entenderia?! rsrsrsrs

Eduardo Medeiros disse...

pô mano, tu tá parecendo político fugindo de pergunta embaraçosa rssssss tudo bem, quem nunca fez isso? eu já fiz rss

Mas sua resposta sobre a morte vicária me satisfez (mais ou menos).

E eu quero mesmo arrancar tudo da religião; porque a religião só pode ser verdadeiramente religião e fazer sentido, se for falada e pensada em linguagem simbólica. Um símbolo que promove e afeta a vida, mais ainda assim, um símbolo.

Digamos, um "símbolo que produz realidade".

Que sentido faz dizer que o sangue derramado de um carpinteiro profeta de uma aldeia insignificante na insignificante galileia bíblica, é capaz de lavar o pecado de todas as pessoas do mundo de todas as épocas? Jesus morreu por povos que ele mesmo não sabia que existiam!!

Para mim, enfatizo, para mim, isso só tem significado enquanto símbolo. Mas quem sabe eu estou errado e um dia eu me re-converto de volta ao fundamentalismo?

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
.

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