sexta-feira, 30 de abril de 2010

Processo intuitivo e indireto de Revelação



Moises estava ali de novo, só que agora, carregava um povo em suas costas. O lugar ele já conhecia, pois fora ali que pela primeira vez sentiu de forma singular a voz do Eterno em seu coração. Aquele lugar era mágico e magnético, e a mística do encontro climático espetacular daquele ambiente sugestivo era o suficiente para impressionar a mente e cativar a o coração daquele povo ao Todo Poderoso que convergiam ali às forças da atmosfera e do clima da região num encontro magistral e magnífico da natureza.

Aquele queira ou não, era o seu povo, e independente de sua formação e cultura as suas origens vinham daquela raça promissora, mas agora oprimida em uma terra estranha. Num relapso de momento acreditou ser a sua responsabilidade, dar vida e dignidade aos seus, porque teve a percepção e a sensibilidade de intuir e observar que pelas forças do destino daquele seu tempo e circunstâncias, se convergiam nele, todas as possibilidades de poder emancipar aquela gente, fazendo deles uma grande e poderosa nação.

Moises acreditava até os ossos no Deus dos seus antepassados, mas nem uma fala ou som audível escutou, e nem sequer pode ver a face ou as costas daquele deus irrepresentável e mudo que gritava em seus ouvidos. A oportunidade era única, o tempo tinha amadurecido as suas convicções, e ele não mais tinha tempo a perder esperando como jovem imaturo uma revelação tangível. E por isso sentiu não poder postergar a responsabilidade de assumir por sua conta e risco que a intuição pura e improvável de sua mente, era a voz indireta de Deus ao seu coração.

E assim estava ele naquele Monte estrategicamente monstruoso e terrível que provocou terror e tremor na impressionabilidade daquela gente toda, que esperava dele inconsciente e instintivamente uma identidade, uma pátria e um deus como tinham as nações circunvizinhas. Deste modo encurralado milagrosamente pelo Deus inacessível e incomunicável de seus pais, recluso, sozinho, e desesperado no Monte, ele não tinha outra saída a não ser impor por si mesmo naquela gente sem rumo e insurgente, a síntese dos melhores preceitos aprendido das civilizações, como sendo mandamento arbitrário de um Deus soberano e inquestionável que “ditava” para ele as suas leis.

Gresder Sil

14 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom...




"Milagrosamente encurralado..."



Me fez lembrar do Deus da minha mocidade, que assim como em Finney, via motivo para ter uns e outros como escolhidos, nem que fosse a mera possibilidade de acatar as leis de Cristo ao coração, mesmo sendo este a-religioso...






*Prefiro vê-lo "romanceando e parabolando" do que "pregando"!!




Abraço pra ti mermaun!


Dionisio

Levi B. Santos disse...

Gresder, seu herege (rsrsrs)


O seu texto me fez lembrar de um artigo escrito por Freud, sobre Moisés e a Religião Monoteísta.

É extremamente importante relatar algumas premissas históricas do antigo Egito, na época em que Moises viveu por lá.

Sabemos pela história, que o faraó Amenófis IV desenvolveu a religião de Aten (religião estatal), e através dele, o deus universal tornou-se o único deus. Ele identificou na irradiação solar a fonte de toda a vida sobre a terra, e adorou-a como símbolo do poder de seu deus.

A relação cronológica entre os dois eventos: o desse deus cultuado no Egito e a história do Êxodo, levou Freud a pensar no que poderia ter ocorrido com MOISÉS na formação da futura nação judaica, uma vez que se sabe que é a determinação religiosa é o principal elemento latente determinante do INCONSCIENTE COLETIVO.

Diz Freud:

“Nenhuma outra parte da história da religião se no tornou tão clara quanto a introdução do monoteísmo no Judaísmo e sua continuação no cristianismo. Se provisoriamente aceitarmos o império mundial dos faraós, como causa determinante do surgimento da idéia monoteísta, veremos que essa idéia, libertada de seu solo nativo e transferida para outro povo, foi, após longo período de latência, assumida por este e por ele preservada como uma possessão preciosa, e, por sua vez, ela própria o manteve vivo, por fornecer-lhe o orgulho de ser um povo escolhido”.

A figura paterna autoritária que rege o inconsciente da criança, foi nesse caso ativada ou repetida na pessoa de Moisés. Moisés então, politicamente, foi o primeiro Messias. Aquele que separou um povo para lhe dar o nome de “povo escolhido por Deus”. Cristo tornou-se, no inconsciente cristão, o seu substituto e sucessor.

Além disso, existe um fragmento de verdade psíquica na ressurreição de Cristo, pois ele foi o Moisés ressurrecto, e por trás deste, o pai primevo da horda primitiva, transfigurado como o filho no lugar do pai.

Eduardo Medeiros disse...

Gresder, sintetizei seu belo texto em duas frases:

" E por isso sentiu não poder postergar a responsabilidade de assumir por sua conta e risco..."

e

"ele não tinha outra saída a não ser impor por si mesmo naquela gente sem rumo e insurgente, a síntese dos melhores preceitos aprendido das civilizações,..."

É exatamente por esse encargo tomado para si, que Moisés e Jesus são os dois lados de uma mesma moeda.

Os dois foram visionários. Um tomou para si, embalado pela "voz do deus que ele nunca viu e queria ver", possibilitou que os hebreus ou habirus não se perdessem como etnia e pudessem no futuro vir a ser uma nação.

Jesus, no mesmo espírito, tomou para si as rodas da história para movimentar a própria história e por fim, "tomado pela força", implantar o Reino daquele mesmo deus que moisés ouvira e que ele também, dissera ouvir.

A citação do Levi de Freud é significativa. De certo, o monoteísmo egípcio daquela época influenciou o futuro momoteísmo hebreu. Mesmo que a princípio, Israel jamais ter conseguido ser totalmente momoteísta, coisa que só foi de fato acontecer no pós-exílio babilônico.

Anônimo disse...

Gresder Sil...

São bastante razoáveis as idéias apresentadas por ti nesse texto. Moisés, imbuido da consciência de sua responsabilidade histórica teria feito os hebreus crerem naquilo que "deveriam crer" através da sua autoridade supostamente "divina", por assim dizer.

Acho que somente dessa ótica se explicam as inúmeras "leis" contidas na Lei maior e que eram de caráter tão específico, tão circunstancial, criadas justamente para fazer com que um dia os "filhos de Abraão" fossem "numerosos como as estrelas" e habitassem na terra que "manava leite e mel".

Levi B. Santos disse...

Prezado herege

Não resisti. Estou aqui de volta para falar mais do Messias Moisés (rsrsrs)


Parece não haver dúvida de que Foi Moisés que imprimiu o traço de auto-estima no povo judeu, assegurando-lhe ser o povo escolhido de Deus. Mas esse Deus, que Moisés o expressava, em psicologia profunda é traduzido como uma força latente e arcaica (ligado ao instinto do poderio político) que fazia parte intrínseca do seu “inconsciente”.

Não há dúvida de que o judeu se considera particularmente elevado em relação aos outros povos. Quando se é favorito declarado do pai temido, não se precisa ficar surpreso com o ciúme dos próprios irmãos e irmãs, e a história judaica de José e seus irmãos mostra muito bem aonde esse ciúme pode conduzir. Essa é a razão pela qual o ódio aos judeus foi tão intensificado na história.

Evidentemente, é a Moisés que esse povo deve, não só sua tenacidade de vida, mas também muito da hostilidade que experimentou, e ainda experimenta em nossos dias.

De certa forma, não é difícil distinguir a imagem do varão Moisés da de seu Deus e, nisso, o sentimento estava com a razão, pois Moisés pode ter introduzido traços de sua própria personalidade no caráter do seu Deus ─ tais como seu temperamento irado e sua inquietude.

P.S.: Refletindo sobre o teu texto e os comentários até aqui feitos, e, tendo em vista a grande importância do tema, bem que poderíamos transportá-los para uma boa discussão lá na Confraria. Pense nisso...

Abçs,
Levi B. Santos

Unknown disse...

AMIGOS CONFRATERNOS;

INFORMO QUE POR NECESSIDADE FINANCEIRA, TEREI QUE ME DESFAZER DO MEU COMPUTADOR, POR ESTE MOTIVO ME AUSENTAREI POR ALGUM TEMPO DESTA E DAS SALAS DOS NOSSOS CONFRATERNOS; ESPERO QUE COMPREENDAM ESTE MEU MOMENTO.

ESPERO MUITO EM BREVE VOLTAR COM FORÇA TOTAL E COM NOVAS POESIAS.

CONTINUAREI ME DEDICANDO A POESIA, JÁ RESERVEI UM CADERNO, ONDE ESTOU ESCREVENDO MAIS POESIAS.

FORTE ABRAÇO A TODOS.

Esdras Gregório disse...

Levi que pena eu não ter muito tempo para digerir e comentar sobe suas preciosas colaborações.

Eu mesmo nunca li nada de Freud ou qualquer outro psicanalista importante. Muito dos meus textos sao baseados na minha propia intuição do que em estudos, pois geralmente eu não pesquiso nada para escrever, mas escrevo com o processamento do material guardado e maturado dentro de mim.

Como já disse creio que Moisés acreditava sim em um Deus único e inrrepresentavel e que por isso disse para não tentarmos fazer dele uma imagem, pois nada na terra ou no céu poderia assemelhar-se com Ele. Na verdade nem nome este Deus tinha: "Eu sou o que sou"

Assim toda a costruçao do pentateuco é uma forma romancidada de dar vida, cor e vontade a este grande Desconhecido que permeava todo o universo sem ser contido por nem uma definição, espicificaçao ou qualquer coisa que o relativizasse a condição de semelhança humana.

Esdras Gregório disse...

Eduardo eu resumi em um post dois comentários feitos no "outro evangelho" sobre jesus e Moisés falando exactamente de que eles foram os maiores visionários da historia encarando ser a sua missão dar uma cara a este Deus, por isso existe uma certa diferença de comportamento entre o Deus do Velho e do novo testamento.

Moisés o pinta para uma raça primitiva insurgente e de dura servis, já jesus coloca as cores em seu Pai para um povo sobrecarregado da religião que não curava a alma mas a adoecia.

O que faz jesus ser diferente de todos é que ele tinha realmente o dom de curar e libertar as pesoas de seus "demónios", pois tanto o nascimento como a ressureiçao podemos desmitologizar, mas o seu dom especifico não, pois foi a partir destes dons que se possibilitou formar os mitos que envonvem sua vida e morte.

Eu creio nos milagres de jesus, sem eles seria imposivel divinisa-lo, tanto que foi exatamete por ele ser agraciado com este dom que ele tomou por sua conta e risco falar daquela forma com tanta autoridade, por isso perguntaram para ele quem lhe deu autoridade para falar aquelas coisas e, ele se esquivou, pois ninguém altorisou ele, a não ser a sua conciencia messiânica de dar vida e vontade a este grande Desconhecido que com ele caminhava.

Levi B. Santos disse...

Caro Gresder

O período que escreveste abaixo é pura psicaná
lise. Freud assinaria embaixo.

"E por isso sentiu não poder postergar a responsabilidade de assumir por sua conta e risco que a intuição pura e improvável de sua mente, era a voz indireta de Deus ao seu coração".

A intuição provém do inconsciente humano. É como se fosse uma exigência instintual. Esse Ser supremo, esse Grande Espírito na mente de MOisés "era a voz indireta de Deus ao seu coração" (belo "insight" e perfeita definição do inconsciente nesse seu final de frase)

O "Deus único e irrepresentável" é uma força que não pode ser apreendida pelos sentidos(particularmente pela vista).
Por outro lado, sempre somos atraído a definir a profundidade dos sentimentos inconscientes, mesmo sabendo que o sagrado é obviamente algo que não se pode tocar.

A imagem de um Deus único inomeável levou longos períodos de tempo para desdobrar todo o seu efeito sobre o inconsciente de Moisés e sua consequente projeção no povo que o seguiu.

A desmaterialização de Deus, através de Moisés trouxe uma valiosa contribuição contra a idolatria. Nomear Deus é fazer a abertura para a formação do ídolo. O não se subjulgar a um ídolo permitiu aos judeus desenvolver a sua inclinação para interesses intelectuais, pois, a única possesão que lhe restou foi a sua literatura. A Escritura Sagrada manteve o povo unido, mesmo na dispersão.

Não devemos abandonar aqui a premissa histórica da religão monoteísta do Egito que entrou em colapso por volta de 1350 anos A.C., como algo que influenciou na determinação e compreensão interna da psique de parte do povo judeu, durante o exílio nas terras dos faraós.

Esdras Gregório disse...

Isaías junte todo conhecimento filosófico/religioso de Moisés, coloque a fé dos seus ancestrais, mas a sua propia sensaçao humana e existencial de ser o escolhido para dar uma identidade àquela gente, junte isso mais o fato de que aquele povo saindo do deserto queria algo muito mais do que pepinos e cebolas, mas instintivamente desejavam um Deus, uma legislação e uma origem, junte tudo isso é Moisés da ao povo não só o que eles precisavam mas também o que eles desejavam, uma lei especial como indentificaçao e orgulho propio necessário para cada povo ter a sua alto estima e ser grande nesta terra.

Eduardo Medeiros disse...

É verdade, Gresder, sem dúvida, Jesus foi um fazedor de milagres. Mas ele não era o único naqueles tempos, havia homens viajantes que iam e vinham pregando e curando pessoas. Ficaram conhecidos como os theraupétas (acho que é assim a palavra grega, de onde vem a nossa terapeuta).

Essas reflexões sobre as origens do povo em Mosés são muito interessantes e os comentários do Levi enriquece tudo.

Moisés não precisou matutar muito para fazer uma legislação para o povo. Ele copiou bastante coisa do código de hamurabi.

Não estou com isso, de jeito nenhum, diminuindo a figura de Moisés, que sem dúvida, é um dos grandes personagens da história universal.

Esdras Gregório disse...

EDUARDO Jesus não era milagreiro, ele por três anos fez milagres reais, fato que deu a "autoridade" aos apóstolos romancearem e reeditarem sua vida para se ver nele o Deus encarnado.

É fácil desmitologizar a ressureiçao pelo fato de uma pessoa Tao marcante permanecer viva no coração e na memoria das pessoas, juntamente com os maus entendidos,sentimentos aflorados, sensibilidades debilitadas e confusão que pode ter envolvido a sua morte.

Mas trez anos curando enfermo como toque de suas maus,isso é tão literal quanto o fato de Chico Xavier ter recebido espíritos, quer sejam demónios,ou almas, ou qualquer outra coisa.

Os mitos só são possiveis pelo fato de que existe realmente neste mundo "mais coisas entre os céus e a terra do que a nossa vã filosofia pode imaginar"

Eduardo Medeiros disse...

Qualé, gresder, eu falei que Jesus não fez milagres???????????????

milagreiro é quem faz milagres...

Esdras Gregório disse...

Nao falou, mas soou meio perjorativo.

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“todo ponto de vista é à vista de
um ponto, nos sempre vemos de um
ponto, somente Deus tem todos os
pontos de vista e tem a vista de
todos os pontos.”
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